(por Heloísa de Oliveira) – Não há como um japonês vir a São Paulo e não se sentir em casa. Além de possuir a maior colônia japonesa fora do Japão – concentrada no bairro da Liberdade, região central da cidade -, a capital paulista é conhecida por abrigar pessoas de todos os cantos do mundo. Será que os brasileiros encontram a mesma recepção ao se mudar para a terra do sol nascente?

Para Renato Mussi, 31, engenheiro e residente no Japão durante quatro anos, sim. “Fui muito bem recebido desde o momento em que cheguei. A maioria das pessoas com quem tive contato era muito prestativa e tentou me ajudar no que fosse possível", lembra.

Porém, ele diz que foi preciso passar por uma série de “mudanças” para se integrar melhor. “As adaptações feitas ao se mudar para o Japão são necessárias para se relacionar melhor com os japoneses, pois são, muitas vezes, vistas como uma forma de interesse e respeito pelos costumes e pela cultura”, afirma.

Segundo o engenheiro, roupas decotadas, muito justas e com cores fortes – principalmente vermelho – não são boas opções, pois chamam muita atenção. Acessórios de tamanho grande ou em grande quantidade, como brincos, pulseiras e correntes, também causam estranheza.

Além disso, Renato conta que as pessoas não falam alto dentro de trens e ônibus, e que beijar, abraçar e andar de mãos dadas em locais públicos são coisas raramente vistas. "Também é melhor evitar beijinhos e abraços ao cumprimentar alguém, no máximo um aperto de mãos", alerta. Outro conselho: os japoneses não costumam falar de assuntos particulares com quem não têm muita intimidade. Por isso, perguntar sobre a família ou sobre a vida pessoal muitas vezes não é uma boa idéia.

’Comida é saudável e variada’, afirma Renato

A moradia também é outro aspecto que causa incômodo a alguns estrangeiros. Na maioria das casas, o chão dos quartos é revestido por um tapete, chamado “tatami", e as pessoas dormem em um "futton" – tipo de roupa de cama japonesa utilizado como cama. O banho também é um pouco diferente, já que o banheiro costuma ser dividido em duas áreas: uma com chuveiro e banheira e outra com pia e vaso sanitário.

“Primeiro, você usa o chuveiro e só depois entra na banheira. Para os japoneses, esse momento na banheira é um momento especial, principalmente para relaxar depois de um dia de trabalho”, conta.

Em relação à comida, em muitos lugares quase não existe – ou não existe – outra opção além de comida japonesa. Segundo Renato, a culinária japonesa vai muito além de sushi e sashimi. “Acredito que o importante é estar aberto a experimentar e tentar comer de tudo um pouco, pois, além de saudável, a variedade é muito grande. Existem muitos pratos que não incluem peixe cru e são muito gostosos”, lembra.

Para o engenheiro, talvez a grande dificuldade dos brasileiros em se adaptar à comida seja a falta de tempero, uma vez que os pratos não contêm muito sal ou açúcar. Os japoneses não usam açúcar para adoçar bebidas como café, chá e sucos e, no café da manhã, é costume comer “gohan” – arroz branco -, peixe assado, "missoshiru" – sopa de missô, ou seja, pasta de soja – e "natto" – soja fermentada. “Não tem nada do que estamos acostumados a comer”, afirma.

Resumindo: esqueça leite, pão, cereais e qualquer coisa que lembre um café da manhã brasileiro. Aliás, é melhor esquecer seus hábitos e se preparar para um estilo de vida completamente diferente, pois, pelo visto, o Japão está longe de ser o segundo lar dos brasileiros.

Leia mais: Brasil – Japão: dicas pra trampar do outro lado do mundo

Leia mais: Confira a programação do centenário da imigração japonesa em SP


int(1)

Brasil x Japão: qual é mais hospitaleiro?