Terreiro em Jundiaí foi atacado

Reprodução Terreiro em Jundiaí foi atacado

 

São Paulo caminha para seguir os passos do Rio de Janeiro no campo de ataques a religiões de matriz africanas. A “cidade maravilhosa” contabiliza ao menos 79 ataques do tipo neste ano, sendo 39 apenas nos três últimos meses.

A intolerância religiosa e racista parece estar cruzando a divisa e chegando em território paulista com mais força. São Paulo já registrou 27 atos de violência do tipo em 2017, sendo oito apenas nas últimas três semanas.

O caso mais recente está sob investigação do Ministério Público e polícia civil: um terreiro de candomblé na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo, foi completamente destruído por um incêndio na última semana de setembro. Ninguém foi ferido, pois o ato criminoso atingiu o local durante a noite. Vizinhos viram dois homens pulando o muro depois que as chamas começaram.

Instrumentos musicais, quadros e a estrutura da casa, feita de madeira, foram consumidos pelo fogo. Na mesma semana, um outro terreiro, este em Carapicuíba, grande São Paulo, foi depredado.

Em Franco da Rocha, cidade próxima de Jundiaí, um caso recente teve um homem invadindo uma cerimônia e esfaqueando quatro pessoas, dentre elas um menor de idade.

Em entrevista à Carta Capital, o babalorixá Diego Montone, do Movimento Nacional Brasil Contra a Intolerância Religiosa, lembra que esses casos de violência sempre ocorreram. A diferença é que agora são denunciados. “Nós éramos atacados anteriormente e ficávamos calados”, disse ele. “Também é reflexo do aumento do conservadorismo, que traz intolerância. Aumentou a intolerância, pois os casos têm se tornado mais graves”, completou.

Para Diego, o fato do crime de intolerância religiosa não ser tipificado dificulta o combate aos criminosos. “Quando é eletrônico, é indeferido. Quando não é eletrônico, a vítima vai até a delegacia, fica horas para prestar o depoimento e muitas vezes é desencorajada pelo delegado. Muitas vezes é vítima de intolerância novamente”, afirmou.

Personalidades negras que servem de inspiração na luta contra o racismo

O ator é uma brisa de diversidade racial no universo homogêneo da televisão.
O ator é uma brisa de diversidade racial no universo homogêneo da televisão.
Créditos: Divulgação

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Em apenas três semanas, São Paulo tem oito ataques a religiões de matriz africana