Campeão do mundo em 1994 e 2002 e da Copa América em 1997 e 1999 com a Seleção Brasileira, o ex-lateral Cafu declarou nesta sexta-feira em entrevista à Agência Efe que faltou certa dose de humildade para Brasil e Argentina na atual edição do torneio continental, em que foram eliminados nas quartas de final.

“O motivo (pelo fracasso) foi simples: são duas grandes seleções, mas acharam que encontrariam facilidades dentro da Copa América e isso não ocorreu. Outras seleções surpreenderam e se destacaram mais que as nossas. Seguem sendo duas potências do futebol mundial, mas não adianta pensar que são as melhores do mundo sem enfrentar esses adversários que estão trabalhando para nos superar”, considerou Cafu, que vestiu a amarelinha entre 1990 e 2006.

Para o ex-jogador, atualmente com 41 anos, o desempenho da equipe do técnico Mano Menezes em território argentino foi passível de críticas, mas é preciso não perder o foco principal, que é a Copa do Mundo, daqui a três anos.

“A atuação da Seleção Brasileira foi inferior ao que todos esperavam. Até nós brasileiros esperávamos a Seleção um pouco mais participativa dentro da Copa América, chegando às finais, mas infelizmente isso não aconteceu. A Seleção tem muito a treinar ainda, muito trabalho a fazer. Temos muitos jogadores. Com o passar do tempo e com os treinamentos, chegaremos ao nível ideal para a Copa de 2014”, disse o ex-lateral, que, no entanto, acredita que a queda para o Paraguai nas quartas de final não foi consequência de uma suposta falta de seriedade do elenco.

“A Seleção sempre terá seriedade em toda competição. Talvez falte sim um pouco mais de compromisso com a camisa da seleção às vezes, mas isso não quer dizer que os jovens não sejam sérios. Até ontem jogavam em clubes pequenos e agora são ídolos mundiais. Isso requer um pouco de tempo para que possam se adaptar à função de ídolos, que é nova para eles”, comentou.

A Seleção atualmente passa por um processo de renovação. Do grupo que disputou a Copa América até o domingo passado, apenas nove jogadores estiveram no Mundial da África do Sul, no ano passado. Na opinião de Cafu, a fase de transição está sendo bem conduzida pelo atual treinador.

“A renovação é viável sempre que feita de uma forma viável, como Mano está fazendo. Claro que uma renovação não quer dizer que os resultados virão automaticamente. Às vezes demoram a chegar. O importante é que ele mantenha a calma, porque até 2014 há muitos jogos, muitos amistosos, muitas competições”, considerou o antigo camisa 2 de São Paulo, Palmeiras, Roma e Milan, entre outros.

Cafu destacou o atual momento de um dos símbolos dessa renovação, o atacante Neymar, que aos 19 anos já é ídolo nacional e tem no currículo as conquistas da Copa do Brasil, da Taça Libertadores e do Campeonato Sul-Americano Sub-20, entre outros. Para o ex-jogador, será importante para o atleta, que vem sendo especulado como reforço do Real Madrid, quanto para a Seleção que ele se transfira para a Europa.

“Acho que enquanto Neymar não for para o futebol europeu, não saberemos se está preparado. Isso te dá uma base, uma certa tranquilidade. Ele deveria ir para ganhar experiência. Acho é o momento certo para dar esse passo. Está em um bom momento, é um grande jogador, o mundo inteiro fala dele. E para o Brasil será ótimo, porque vamos ganhar um grande jogador com experiência no futebol europeu”, afirmou.

Reserva do Brasil na Copa de 1994 e titular em 1998, 2002 e 2006, Cafu elogiou seus sucessores, Maicon e Daniel Alves, que na opinião dele que podem ser muito úteis para Mano por terem características diferentes.

“Daniel é mais técnico, ataca mais, é mais habilidoso. Maicon é um jogador mais de força e que defende um pouco melhor que Daniel. Temos que nos adaptar às características desses laterais porque serão muito importantes para o futebol brasileiro. Quando o Brasil atacou pelos laterais, obteve sucesso, quando tentou ir pelo meio, se chocou com uma barreira e as jogadas não saíram”, analisou.

Por fim, o ex-lateral revelou que espera um grande jogo entre Uruguai e Paraguai, que disputarão a final da Copa América neste domingo, no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, com ligeiro favoritismo para a ‘Celeste’.

“Será um duelo de gigantes. Tanto Paraguai quanto Uruguai demonstraram que são forças do futebol mundial. O Paraguai, com seu sistema completamente defensivo, que sabemos que é difícil de ser vazado. E o Uruguai explora muito bem os contra-ataques e acho que leva uma pequena vantagem. Mas a tendência natural é que o campeão seja definido nos pênaltis”, comentou.


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Cafu critica Seleção, mas elogia renovação de Mano