Um dos 24 políticos que foram até a Bolívia tentar a soltura dos 12 corintianos presos, o deputado estadual pelo PSDB, Fernando Capez, falou ao Virgula Esporte sobre a situação em que o caso se encontra. Diz achar injusta a prisão dos torcedores, já que não há provas e já foi achado o culpado, e explicou o porque do envio de um grande contingente político à Bolívia para cuidar do caso – foram 24, segundo ele.

“Nós temos mantido contato quase que diário com os familiares (dos presos) e as informações que nos chegam é que três casos, pelo menos, preocupam, e isso foi confirmado pelas autoridades brasileiras – os embaixadores com os quais conversei no Palácio do Itamaraty, o subsecretário geral de Relações Exteriores e o subsecretário para assuntos da América do Sul – confirmaram estas informações”, disse.

De acordo com Capez, um deles tem problema renal, que estaria se acentuando por causa da falta de cuidados médicos. Outro viajou com um pino no braço e nele também são necessários cuidados para que não haja infecção. Um terceiro tem distúrbios bipolares, com surtos de euforia e depressão e, segundo informações, estaria em depressão.

“Quanto aos demais, eu desconheço a situação. Inclusive, parece que a mídia veiculou imagens deles jogando futebol hoje e talvez isso tenha amenizado um pouco o clima, pelo menos com relação à maioria”, contou.

Para ele, o clube Corinthians não tem que ser responsabilizado juridicamente pela morte de Kevin Espada, sendo que, como instituição, só teria “responsabilidade desportiva e disciplinar”.

“O clube, na verdade, pode sofrer sanções no âmbito disciplinar, porque assim é a legislação desportiva. Inclusive o regulamento da Conmebol (é assim) e até aqui nos campeonatos internos. Então o Corinthians não tem obrigação. Quem tem obrigação de reparar o dano, quem tem “responsabilidade objetiva”, ou seja, que nem se discute, são os pais do menor pelos seus atos e a torcida organizada pelos atos dos seus membros – isso está na lei, não se discute”, salientou o deputado, que é formado em Direito pela USP e já foi Procurador de Justiça.

Este “menor” o qual o político referiu-se no trecho supracitado, seria aquele que assumiu o crime, o disparo do sinalizador, ainda na semana do ocorrido, no fim de fevereiro. Para ele, o Corinthians tem que se fazer presente, prestando auxílio à família deste menor.

“O Corinthians teria que demonstrar uma responsabilidade. Como talvez a torcida e os pais não tenham condições de arcar com o montante da indenização que deve estar sendo pedido lá na Bolívia, talvez aí o Corinthians, em um gesto de colaboração e contribuição, arcaria com esta reparação ou parte dela, assim como a própria Conmebol, em cujo campeonato se deu o problema”, opinou.

Com um corpo de 24 políticos sendo enviado ao país andino, perguntamos qual o motivo de tamanho contingente. Segundo Fernando Capez, a delegação viajou junto com a delegação da seleção brasileira que enfrentou a boliviana no último sábado (06) em Santa Cruz de la Sierra e lá encontrou o presidente da Bolívia, Evo Morales, e o Ministro do Regime de Interior e Polícia daquele país, Dr. Jorge Perez Valenzuela.

“Nós (os deputados) fomos com a seleção brasileira, porque o futebol com toda essa força, esse poder que ele tem de unir os povos, talvez amenizasse um pouco o clima de rivalidade. O volume de deputados que se deslocaram não se traduz em uma ajuda efetiva, mas vale como instrumento de pressão, para mostrar que, se a prisão for mesmo ilegal, está causando certa preocupação aqui no Brasil”, revelou o deputado, que citou como exemplo o caso do garoto Sean, ocorrido entre 2004 e 2009, quando também políticos foram enviados aos Estados Unidos para tentar dissuadir o pai do garoto, que não deixava a avó ver a criança, cuja mãe falecera.

 


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Somente o menor que assumiu o crime deveria ser penalizado e corintianos não deveriam estar presos, segundo deputado que foi à Bolívia