Biografias e autobiografias de famosos


Créditos: divulgacao

“De volta para o Canadá, Justin Bieber percebeu que havia uma grande demanda por ele”, escreve – já quase nas páginas finais – Chas Newkey-Burden, autor do livro Justin Bieber – Uma Biografia Não Autorizada sobre o sucesso que o cantor estava alcançando no mundo inteiro.

“Os seguranças ficam meio bravos comigo. No começo, a gente terminava os shows e ia para o meio da galera, via as outras bandas que iam tocar”, diz o vocalista Pe Lanza no De Carona com Restart, um livro que conta um pouco a história da banda, seus gostos e suas impressões, algo autobiográfico digamos.

O que estes dois parágrafos acima têm em comum. São livros sobre astros teens que de certa maneira tentam contar a vida e a conquista da fama – o do Restart é menos pretensioso neste sentido, mas acaba, através dos depoimentos de seus integrantes, revelando uma história deles.

Mas será que eles têm algo realmente relevante para contar para além do “consegui fama e sucesso” no final do livro? Uma biografia em geral começa a se desenhar quando o artista ou a personalidade já está em seu ocaso, no fim de sua vida, muito diferente deles ou de Fiuk que também tem um livro chamado Diário de Fiuk que fala de sua vida artística e de seus relacionamentos familiares.

Bieber, em compensação, no alto de seus 18 anos, tem mais de uma biografia: Além da citada acima, uma delas fala de sua espiritualidade, Belieber! Fame, Faith and the Heart of Justin Bieber, uma outra é First Step 2 Forever: My Story e tem ainda o livro JustGettingStarded.

Como falamos, o que contam estes livros está mais para a autoajuda de como fazer sucesso, do que realmente uma biografia, uma reflexão sobre a vida. Todos eles são muito jovens para conhecer o fracasso, o dar a volta por cima, as qualidades humanas mais profundas que só o tempo presenteia os homens. Enfim, falta-lhes viver para poder conta-las.

Por mais precoces que sejam, como Bieber, por exemplo, tem coisas que só irá compreender sobre o que se passou com ele depois de um tempo, ao poder olhar para aquele acontecimento com a sabedoria de que aquilo já aconteceu. Ele agora está no olho do furacão, vivendo seu sucesso. Não tem o distanciamento necessário para as melhores biografias ou autobiografias.

São claros objetos de marketing que servem mais para saciar o apetite dos fãs do que realmente refletir sobre o que se viveu. Utilizando o fetiche do livro como algo que perpetua um personagem no mundo, no fim, acaba-se realizando uma função inversa, a de banalizar tanto o papel destes astros teens como o do próprio gênero do romance biográfico.

PS: Os adolescentes por serem jovens demais não merecem uma biografia ou autobiografia? Em geral, eles não têm o que contar, mas exceções como Anne Frank – e seu diário – que viveu uma experiência limite sendo judia em pleno nazismo tem seu valor sim, como biografia do terror, da desumanidade que nenhum jovem deve sofrer. Muito diferente da história de sucesso que estes astros teens são rascunhados nestes livros.


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Biografias e autobiografias de astros teens são apenas objetos de marketing