Em um texto no blog #AgoraÉQueSãoElas, ligado ao jornal A Folha de S. Paulo, a figurista Susllem Tonani acusou o ator José Mayer de assédio sexual. No relato, ela afirmou que: “em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo”.

Desde então, houve um protesto por parte das funcionárias da TV Globo contra o assédio enfrentado pelas mulheres diariamente, José Mayer foi afastado de suas funções e admitiu o que fez em uma carta, que serviu como “pedido de desculpas”. Além disso, surgiram muitas especulações sobre Su Tonani ter retirado a queixa feita na polícia e até um boato de que ela seria amante do ator global.

O ator foi acusado de assédio por uma figurinista da Globo em março. A jovem de 28 anos relatou a ocorrência através das redes sociais e disse que ele chegou a agarrar suas partes íntimas sem sua permissão.

TV Globo/Divulgação O ator foi acusado de assédio por uma figurinista da Globo em março. A jovem de 28 anos relatou a ocorrência através das redes sociais e disse que ele chegou a agarrar suas partes íntimas sem sua permissão.

Agora, a figurinista resolveu falar sobre o assunto e usou novamente o blog #AgoraÉQueSãoElas para isso. Em seu novo texto, ela afirma que nunca prestou queixa contra José Mayer e que não foi amante do ator. Além disso, pede que as pessoas deixem ela voltar a ser ela mesma.

“Não, eu não fui amante de José Mayer. Declaro que não fiz acordo com nenhuma parte envolvida e muito menos recebi algum dinheiro. Não fui demitida da Rede Globo. O meu contrato, como o previsto, se encerrou com o final da novela. Declaro que não retirei queixa contra José Mayer pelo simples fato de que nunca a fiz. Eu fui vítima de assédio sexual. E agora estou sendo vítima novamente. Das especulações que colocam dúvidas sobre a minha dor. E me fazem revivê-la”, afirmou.

“Nossa cultura machista culpa a mulher, a vítima, pela violência vivenciada. É isso que corre as redes. É o que passa pelo boca a boca. É o que passeia por nossos aplicativos de relacionamento. É o que é impresso nos jornais. A história da mulher sedutora, agora passional e vingativa. Da mulher que mereceu. Da amante rejeitada. Essa é a história que o mundo machista gosta de contar. E que nos acostumamos a aceitar como versão mais plausível. Saiba: essa prática nos desempodera. Nos revitimiza. E neste momento é como me sinto. Me sinto vítima novamente. Vítima de quem, agora?”, questionou.

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Além disso, Su fala que foi questionada pela polícia por não querer depor sobre o caso. “Dentre as intimações que recebi do delegado havia a informação de que eu estaria cometendo crime de desobediência por não depor. Como se neste tipo de crime a decisão de abrir um inquérito é exclusiva da vitima? Se eu assim quisesse, o ideal não seria uma delegadA? Temos as delegacia de atendimento às mulheres para isso, não?!”, disse.

“Me sinto interrogada inescrupulosamente. Mesmo sem prestar queixa nenhuma. Quantas vezes terei de pedir para respeitarem o meu não? E quantas não se identificarão tristemente e optarão pelo silêncio ao ver o escrutínio sob o qual me vejo agora? Sinto que a minha história teve começo, meio e fim. Terminou na terça à noite, 04 de abril de 2017, com um pedido de desculpa da Rede Globo e uma carta de confissão do José Mayer, ambos lidos no Jornal Nacional. Senti que tive a justiça que desejava. Pouco creio que a punição criminal para o meu caso tenha alcance maior que já tivemos. Mais potência. Seja mais transformadora”, afirmou Su Tonani.

A figurinista disse também que tinha certeza que o processo criminal é o caminho mais apropriado e que estimula outras mulheres a fazerem isso, porém, no seu caso, ela sente que teve sua justiça. “Em circunstancias diferentes da minha, é claro que o mais apropriado é um processo criminal e cível. Estimulo sim, todas as mulheres a levarem seus casos às autoridades, demandarem a devida atenção e buscarem a aplicação da lei. Mas acredito que obtive a justiça que queria e me sinto contemplada. Tive meu desejo desrespeitado uma vez. Isso me fez vítima. Quero deixar de sê-lo e seguir. Será que dessa vez minha vontade será respeitada?”, perguntou.

Funcionárias da TV Globo fizeram protesto contra assédio

Reprodução/Instagram Funcionárias da TV Globo fizeram protesto contra assédio

“O silêncio. É o que eu quero. Não o silenciamento coercitivo. O silêncio que eu escolho. A minha vida de volta. Qualquer versão diferente da que eu emiti neste mesmo blog e da que emito agora é mentirosa. E essas mentiras ferem, não só a mim, mas a todas as mulheres que batalham por sua voz. Queremos falar e calar quando bem entendermos. Nos concedam esse direito”, pediu.

Su Tonani, então, finaliza: “Me orgulho de ter contribuído como pude para isso. E agora quero seguir. Reservo a mim o direito de encerrar esse assunto. Chego ao final da minha jornada. Estou no limite da minha capacidade emocional de seguir na linha de frente dessa luta. Peço que respeitem os meus limites, violados anteriormente, quando tudo isso começou. Outras podem assumir a frente dessa luta. E eu me comprometo a sempre apoiá-las, assim como fui apoiada por tantas”.

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Relembre famosos acusados de assédio

Foi acusado de assédio sexual pelo ator Anthony Rapp. O caso aconteceu em 1986, quando Anthony tinha apenas 14 anos, e Spacey 26 anos
Foi acusado de assédio sexual pelo ator Anthony Rapp. O caso aconteceu em 1986, quando Anthony tinha apenas 14 anos, e Spacey 26 anos
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"Não fui amante de José Mayer", diz figurinista da Globo que sofreu assédio sexual