O Big Ben, um dos maiores símbolos de Londres e do Reino Unido, completa 150 anos hoje, da mesma maneira como surgiu: cercado por polêmica, escândalos e intrigas políticas.

Big Ben é o nome pelo qual se conhece popularmente a torre que há em uma das esquinas do palácio de Westminster – sede do Parlamento britânico -, embora originalmente designasse apenas o maior dos sinos que fazem parte do relógio da torre.

O relógio começou a marcar as horas em maio de 1859 após a reconstrução do palácio de Westminster original, destruído por um incêndio em 1834.

A concorrência para reerguer o palácio foi feroz e houve disputas, insultos e processos judiciais entre os que queriam ter o privilégio de construir uma nova sede parlamentar, como lembra o diário The Times a partir de informações, artigos e cartas publicadas na época.

O Big Ben é hoje testemunha silenciosa do escândalo das despesas particulares dos parlamentares britânicos, que causou profunda comoção política e social, uma controvérsia que parece fazer parte de sua estrutura.

Um arquiteto, Charles Barry, e um advogado e relojoeiro, Edmund Becket Denison, foram os encarregados de erguer a torre e construir o relógio, em uma polêmica relação.

Eles não se suportavam e se culpavam pelos atrasos e as despesas orçamentárias extras que representou a obra do relógio, que finalmente começou a funcionar em 31 de maio de 1859, embora apenas 11 de julho o grande sino tenha soado pela primeira vez.

Poucas semanas depois, o sino parou novamente e de novo Barry e Denison se culparam mutuamente, da mesma forma que quando mais adiante o grande sino sofreu uma rachadura, aparentemente porque o badalo que batia para marcar as horas era grande demais.

A partir daí, a polêmica se transferiu para a sociedade durante toda uma década e o Times reproduz fragmentos das cartas em que leitores se queixavam que o som das badaladas não era suficientemente imperial ou protestavam pelo barulho.

Apesar de tudo, Barry terminou com o título de Sir e Denison com o de Lorde, e seu papel ficou esquecido quando assumiu o controle da reconstrução do Parlamento Benjamin Hall, cujo nome, segundo alguns historiadores, é a origem do termo Big Ben.

As comemorações do aniversário do local começarão este domingo e continuarão até 11 de julho, data da primeira badalada, e 7 de setembro, quando serão completados 150 anos desde que os sinos começaram a apontar determinadas horas do dia.

Para que tudo siga funcionando bem, hoje são três as pessoas que cuidam da exatidão do relógio da torre de Westminster e que três dias por semana – segunda, quarta e sexta-feira – se encarregam de dar corda na gigantesca maquinaria que o movimenta.

No fim de semana, ele fica vazio, o que esteve a ponto de parar o relógio em 2 de fevereiro, uma segunda-feira, quando Londres parou por causa da maior nevasca das últimas duas décadas.

Paul Robertson, o relojoeiro do Big Ben, lembra que aquele dia teve que caminhar várias horas com neve até o joelho até encontrar uma estação de metrô que lhe levasse até as imediações do Westminster a tempo dar corda no relógio.

“Quando damos corda na sexta-feira, dura todo o fim de semana, mas se não chegarmos antes das 11 da manhã ele para”, afirmou Robertson, que reconheceu que manter em andamento o relógio tem hoje em dia um valor mais simbólico que de utilidade.

“Antes as pessoas comprovavam se seus relógios estavam certos olhando para o Big Ben. Agora comprovam se o Big Ben está certo olhando para seus relógios”, comentou.


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Big Ben faz 150 anos ainda cercado de polêmicas de Londres