Em março, foi lançado “The Incredibles: Family Matters”, o primeiro número da versão em quadrinhos da animação Os Incríveis. Ao todo, a série de HQs contará com quatro números sobre a adorada família de super-heróis, que agora enfrenta novos vilões.

Até aí, tudo normal. Não fosse o nome do carioca Marcio Takara nos créditos da revista. Aos 28 anos, o brasileiro é responsável pelos desenhos do quadrinho, que devem passar pela aprovação da Disney e da Pixar, os criadores da animação.

Atualmente, Takara vive em Toronto, no Canadá, cidade onde cria as ilustrações. Após se mudar para lá, o brasileiro fez diversos trabalhos para algumas editoras norte-americanas até ser chamado para desenhar para a revistinha Os Incríveis.

Em entrevista para o Virgula, ele conta como foi o seu caminho até se tornar o desenhista da série de quadrinhos e como é a rotina de um quadrinhista. Confira:

Como rolou o convite para fazer as ilustrações de Os Incríveis?
Começou através do meu agente Klebs, do estúdio Impacto. Se eu não me engano, a Boom!, junto com a Disney/Pixar, estava procurando um artista. Olharam meu trabalho, e parece que gostaram. No começo de 2008, eu fiz alguns exemplos de página para os caras aprovarem e tudo deu certo. As negociações demoraram alguns meses e no fim do ano eu comecei a desenhar o primeiro número. No momento, estou na metade do terceiro.

Como funciona o processo de criação? É muito demorado?
O roteiro, depois de pronto, tem que ser aprovado pela Pixar. Depois eles mandam apra mim e eu tiro um dia para fazer os layouts das 22 páginas da edição. Depois eu faço o lápis bem solto para os editores terem uma ideia do que está acontecendo. Então, eles aprovam ou pedem correções.
Com o lápis aprovado, eu faço a arte final com o nanquim. Envio a página de novo para aprovação. Sendo aprovado, eu mando o arquivo em alta resolução para o colorista. E vou dormir! (Risos) No dia seguinte, acontece tudo de novo para mais uma página.
O processo é meio demorado mesmo. Eu tenho feito umas três ou quatro páginas por semana. Ao todo, demora mais ou menos um mês e meio pra terminar uma revista.

Estamos acostumados a ver as HQs irem para as telonas, esse é o mais “comum”. Agora como é transportar as personagens que foram criadas para o cinema para a HQ?
A dificuldade maior é traduzir um mundo em 3D, de computação gráfica, em desenhos planos, mais estilizados. É humanamente impossível desenhar idêntico ao que se vê em um filme em 3D. Acho que todo mundo envolvido sabe disso. Na prática, eu uso muito material de referência para não sair muito do visual do filme.

Quais outros heróis também gostaria de retratar?
Eu cresci lendo Marvel e DC. Então desenhar para uma das duas editoras sempre foi o objetivo.

Cada vez mais, o público jovem se encanta com a HQ, que tem ganhado status de arte. Por que acha que esse universo encanta tanto e tem se destacado?
Bom, para mim sempre foi arte. A diferença é que tem saído bastante filme, animação e vídeo game baseado em quadrinhos. Isso tudo é bom pra apresentar as personagens e as histórias pra um público bem maior.
A parte legal e única de quadrinhos é que podemos contar a história que a gente quiser, sem se preocupar com um orçamento milionário dos filmes de Hollywood, por exemplo.

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Brasileiro é ilustrador oficial da versão em quadrinhos de Os Incríveis