Um protesto de pelo menos 300 afegãs quase terminou em tragédia nesta quarta (15), em Cabul. Por causa de uma nova lei aprovada, que permite aos xiitas do Afeganistão exigir relações sexuais de suas mulheres a cada quatro dias, as manifestantes foram às ruas para dizer que a medida legaliza o estupro e restringe o direito das mulheres.

Estima-se que uma multidão, pelo menos três vezes maior que o grupo das manifestantes, protestou contra as mulheres e até chegou a jogar pedras nelas – ato costumeiro no país.

“Cadelas, escravas dos cristãos”, gritou a multidão, de homens e até mulheres. Protegidas por um cordão de policiais femininas e pela tropa de choque, as manifestantes resistiram às ofensas dos opositores.

Até o presidente dos Estados Unidos Barack Obama se manifestou sobre a nova lei e disse que a considera “desprezível”. Intelectuais afegãos, políticos e ministros do próprio governo manifestaram-se contra a lei.

LEI PRÓ-ESTUPRO

Aprovada no mês passado, a lei permite que os homens xiitas obriguem as suas mulheres a fazerem sexo. Além de não poderem rejeitar a relação sexual com o parceiro – exceto quando estiverem doentes e com dores por causa da penetração -, a legislação também diz que as mulheres só podem procurar trabalho, estudar ou visitar médicos com a autorização dos maridos.

MESMO SEM A BURCA

Durante o regime do Taleban, de 1996 a 2001, as afegãs eram obrigadas a usar a burca, que as cobriam da cabeça aos pés, e eram proibidas de sair de casa sem uma companhia masculina.

A dança e a música eram consideradas criações do demônio e não era permitida nenhuma forma de diversão. O regime era completamente contra a cultura Ocidental.

Apesar do fim do regime, as mulheres do Afeganistão ainda sofrem com os resquícios do Taleban, que. As manifestantes temem que a nova legislação marque o retorno do período em que o Taleban impunha duras regras no país, principalmente para as mulheres.


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Contra lei pró-estupro, feministas afegãs são atacadas por multidão