Uma empresa britânica que projeta carros elétricos e híbridos está tentando usar o mesmo princípio do software livre para provocar uma revolução no modelo de negócio da indústria automobilística. A River Simple permite que qualquer um tenha acesso ao desenho do veículo, tal como programas de computador de código aberto, para que melhorias possam ser feitas de maneira mais rápida e assim impulsionar o mercado de carros ecologicamente corretos.

Quando se fala em código aberto logo vem à mente programas de computador como o Linux, um sistema operacional como o Windows, da Microsoft, só que sem um dono específico. Qualquer um pode ter acesso ao código-fonte e fazer alterações e melhorias que achar mais conveniente. Grupos reconhecidos tratam de conferir e validar a novas versões.

Para os defensores, o modelo permite uma democratização do acesso à informação, já que o programa pode ser baixado de graça, além de representar uma resposta mais rápida aos pequenos problemas detectados, já que milhares de programadores ao redor do mundo estão em contato com o software.

A expectativa da River Simple é que o mesmo aconteça com seu projeto de carro elétrico movido a hidrogênio que segue o modelo de código-livre. As mudanças são avaliadas periodicamente pela empresa para incorporar as melhorias. Outras empresas também podem dar sequência ao projeto, criando seus próprios veículos, estimulando o mercado e, o melhor, com benefício para o meio ambiente.

Para auxiliar no desenvolvimento contínuo do projeto, a empresa fundou um grupo, chamado 40 Fires Foundation. Cerca de 300 pessoas de diversas áreas de especialização já se associaram ao grupo para ajudar no desenvolvimento de carros elétricos e híbridos ainda mais eficientes.

No momento, o protótipo da River Simple consegue percorrer cerca de 120 quilômetros com apenas um litro de combustível. A emissão de poluentes pode chegar a ser dez vezes menor que os carros tradicionais mais eficientes presentes no mercado.

E não é apenas o carro que si a preocupação da empresa. O modelo de negócio prevê pequenas plantas industriais com capacidade para cinco mil veículos por ano, ao contrário dos 330 mil que são produzidos nas grandes indústrias atuais. Segundo a River Simple, isso permite que pequenas plantas sejam espalhadas por diversos países e, principalmente, que os carros sejam produzidos conforme as necessidades e características locais, tornando o mercado desse tipo de veículo ainda mais sustentável não apenas do ponto de vista econômico, mas também ambiental.

O único problema, por enquanto, é a infraestrutura para reabastecimento de um carro movido por células de hidrogênio. A eletrólise da água, processo pelo qual se “quebra a molécula” para conseguir o hidrogênio (um dos componentes da água junto com o oxigênio), ainda não é um processo comercialmente viável. O gás natural é uma alternativa para se conseguir o hidrogênio necessário, embora uma pequena quantidade de poluição é gerada. Ainda assim, Oxford, na Inglaterra, é uma das cidades que já demonstraram interesse em contar com os carros da River Simple.

Testes com o veículo já estão em andamento desde junho do ano passado, mas a expectativa é que, até 2012, os veículos comecem a rodar comercialmente.


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Empresa quer revolucionar indústria do automóvel com projeto de código aberto