Tudo no Evanescence, fazendo jus ao nome da banda, é fugaz: desde o compositor e guitarrista Ben Moody, responsável por várias composições do primeiro álbum do grupo, Fallen, até David Hodges, Rocky Gray, John LeCompt e Will Boyd, todos os integrantes da banda foram evanescendo lentamente e acabaram seguindo por caminhos distintos, até que só restou a alma e idealizadora do projeto, Amy Lee, que se apresenta neste domingo (8) com seus novos companheiros no Maquinária Festival, em São Paulo.

Acompanhada por Terry Balsamo na guitarra, Tim McCord no baixo, Will Hunt na bateria e James Black, da banda Finger Eleven, na segunda guitarra, Amy Lee não hesita ao afirmar que o Evanescence vive seu melhor momento. Mesmo sem lançar um álbum de inéditas desde 2006, com The Open Door (que nunca alcançou o sucesso de seu antecessor, Fallen, que emplacou os hits Bring Me To Life e My Immortal), o Evanescence continua angariando fãs fiéis pelo mundo todo. “Nós sabíamos que mesmo com essa pausa, nossos fãs continuariam acompanhando nossa trajetória”, afirmou a vocalista.

Em entrevista, Amy Lee comentou sobre as características do próximo álbum de estúdio da banda, com lançamento previsto para o ano que vem, e declarou seu amor pelos fãs brasileiros. “Os fãs do Brasil são muito queridos e apaixonados. É esse tipo de carinho e admiração que faz a banda ser o que é”.

Virgula: Esta é a segunda vez que o Evanescence se apresenta no Brasil. O que os fãs podem esperar do show? Como será composto o setlist?

Amy Lee: Eu espero que o show seja realmente bom. Ele será um pouco diferente dos nossos shows anteriores, porque irei colocar várias músicas a mais do The Open Dor e Fallen, faixas que nós não havíamos tocado antes em São Paulo. Estou extremamente excitada, mas ao mesmo tempo bastante confiante em relação a nosso repertório. Tenho consciência de que não se pode agradar a todo mundo, mas estou confiante.

Virgula: O público pode esperar por alguma prévia do material novo?

Amy Lee: Ainda não. Não queremos apresentar ainda um material que pode não ter o efeito esperado. Nós amamos as novas músicas, tenho muito carinho por elas, mas ainda é bem cedo.

Virgula: Alguma surpresa preparada para os fãs brasileiros?

Amy Lee: Pelo jeito, são eles que têm surpresas preparadas para mim! (risos). Os fãs são sempre maravilhosos em todos os lugares do mundo, mas parece que os fãs brasileiros têm um algo a mais, são muito carinhosos, divertidos e inesperados. Nunca se sabe o que eles podem aprontar para te surpreender! Mal posso esperar.

Virgula: Falando em fãs brasileiros, você soube que cerca de setenta fãs estão acampados na frente da Chácara do Jockey, há três semanas, para conseguirem ficar na grade no show do Evanescence?

Amy Lee: Nossa, você disse três semanas? Uaaaaau! Eu fiquei sabendo disso sim, mas não fazia idéia de que eles estavam por lá há tanto tempo! É disso que eu estava falando, é um carinho incrível, os fãs brasileiros são indescritíveis. Fico extremamente feliz de poder contar com eles em nossos shows, e agradeço de coração pelo esforço dessas pessoas. Não sei se conseguiria ficar tanto tempo acampada para ver alguma banda que eu ame.

Virgula: Vocês vão tocar no mesmo festival que o Faith No More e o Jane’s Addiction. Pretendem assistir aos shows?

Amy Lee: Você esqueceu do Deftones! Claro, estamos muito animados para assistir aos shows dessas três bandas, especialmente do Deftones. Mas estaremos lá atrás, escondidinhos (risos).

Virgula: Você já está preparando o novo álbum da banda, e afirmou em uma entrevista recente que esse novo trabalho tem muitas influências de bandas como Massive Attack e Portishead. Como assim?

Amy Lee: Na verdade, eu sinto que sempre fomos influenciados por essas bandas, só que agora essa influência está aparecendo nas músicas de maneira mais definida. O som das novas faixas está um pouco mais eletrônico, com várias batidas e programação e menos guitarras. Estou apaixonada pelo resultado. Mas o álbum ainda não está pronto – na verdade, já compus todas as músicas, mas só tenho as demos que gravei em casa, ainda não entramos em estúdio.

Virgula: The Open Door, de 2006, trazia algumas influências da música clássica, como na faixa Lacrymosa. É uma tendência que continua nesse novo álbum?

Amy Lee: Não, ainda não surgiu nenhum elemento clássico nas novas músicas. Mesmo porque eu sinto que a influência da música erudita ocupa um lugar diferente na minha vida – é algo que faz parte da minha formação, é a maneira pela qual eu comecei a me apaixonar por música, mas não é um tipo de som que aparece de maneira pontual em minhas composições.

Virgula: Quais bandas você mais ouve hoje em dia?

Amy Lee: Estou apaixonada pelo CSS (Cansei de Ser Sexy), sempre adorei as batidas e os elementos eletrônicos das faixas. Quero muito agitar uma festa junto com eles! Outra banda que adoro é o MGMT. Amo o álbum mais recente do Depeche Mode, Sounds Of The Universe. Ah, e também tenho paixão pelo Kraftwerk. É um amor meio nerd, aliás (risos).

Virgula: Logo após o lançamento de The Open Door, você terminou a turnê com o Evanescence e se casou. Já se vão dois anos desde que a banda entrou em turnê pela última vez. Por que essa pausa prolongada?

Amy Lee: Fizemos uma pausa por uma questão bem simples: a gente fica em turnê por um ano e meio sem parear, muito tempo na estrada, longe das pessoas, é bastante cansativo. Então eu segui o meu coração, e percebi que era hora de dar uma pausa para que nós pudéssemos parar para pensar um pouco sobre tudo. Senti também que era a hora de eu
redescobrir quem eu era, de entender um pouco a mim mesma e curtir o meu casamento. Também queria rediscutir a persona em que a fama havia me transformado, entender meu papel nisso tudo. Era importante para mim viver sozinha por um tempo, longe daquela correria e daquele monte de gente que tem na estrada durante a turnê.  E a gente sabia que, não importa quanto tempo demorássemos pra voltar, nosso fãs estariam lá. Mas escrevi o tempo todo, continuei compondo, continuei minha vida.

Virgula: Agora que o Evanescence está de volta à estrada e aos estúdios, com uma nova formação, você sente que está tudo no lugar certo, finalmente? O que mudou?

Amy Lee: Nossa… é muito difícil para mim tentar descrever com precisão o que mudou, porque foi todo um processo longo de auto conhecimento. Mas existe algo que conseguimos atingir, com certeza: maturidade. Sinto que hoje o Evanescence não é só um grupo de pessoas, e sim uma entidade a parte, que praticamente já caminha sozinha. A mudança maior foi na nossa mentalidade. Continuo gostando das músicas antigas, mas amo mesmo quando fazemos material novo, quando sentimos que a inspiração é uma coisa presente, e que perpassa cada uma de nossas composições.

Evanescence no Brasil

Quando: 8/11, às 21h30 (horário aproximado)
Onde: Maquinaria Festival – Chácara do Jockey – Av. Pirajuçara, s/nº (altura do 5.100 da av. Francisco Morato)
Quanto: Pista: R$ 200 (R$ 100, meia-entrada); Área Vip: R$ 450 (R$ 225, meia-entrada)
Classificação: Maiores de 14 anos

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Exclusivo: Amy Lee, vocalista do Evanescence, fala sobre shows no Brasil e adianta detalhes do próximo álbum do grupo