O Brasil tem atualmente o menor número de estrangeiros de toda a sua história: cerca de 1 milhão de pessoas, que representam aproximadamente 0,4% da população que mora no país. A explicação, segundo o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, pode estar na mudança do perfil do estrangeiro que vem para o Brasil.


 


“Até metade da década de 90 [do século passado] nós recebíamos imigrantes empreendedores. Eram chineses, coreanos, libaneses, que vinham ao Brasil tentar montar pequenos negócios. [Depois disso, o] cenário se modificou. Vimos o Brasil começar a receber [trabalhadores sazonais], mão de obra qualificada ou especializada, que [chegou ao país por causa do] desenvolvimento da indústria de petróleo, da indústria automobilística, da química pesada e da física também”.


 


Segundo Barreto, esses executivos de multinacionais permanecem no país por no máximo dois anos, sem as famílias, e em seguida vão para outros países, deixando os cargos para brasileiros. Além deles, há os migrantes sulamericanos, que atravessam as fronteiras para vir ao Brasil em busca de emprego e melhores condições de vida.


 


Apesar do grande fluxo dos vizinhos, especialmente os bolivianos, Barreto garante que o trânsito de fronteira tem se mantido estável.


“Esse trânsito está acontecendo na mesma intensidade, não houve nenhum fator que indique que a migração fronteiriça tenha aumentado em termos quantitativos. O que há neste momento é uma redução do fluxo migratório, nós estamos mandando mais brasileiros para fora, ao contrário de antes, quando nos recebíamos mais”.



De fato, a quantidade de brasileiros que moram fora do país, cerca de 3,5 milhões de pessoas, tem sido motivo de maior atenção das autoridades do que o fluxo inverso. Os Estados Unidos são o país com a maior quantidade de brasileiros: 1 milhão de imigrantes. O Paraguai ocupa o segundo lugar, com 400 mil e o Japão, que atualmente tem 270 mil brasileiros – embora antes da crise esse número chegasse a 315 mil.


 


De acordo com o chefe da Subsecretaria-Geral de Comunidades Brasileiras no Exterior, Oto Agripino Maia, o perfil das colônias nesses três lugares é bastante diferente. Os brasileiros que moram nos Estados Unidos e na Europa são, em geral, de baixa qualificação profissional, e trabalham em funções que não são de interesse dos trabalhadores locais.



No Paraguai e na Bolívia vivem produtores rurais, em muitos casos de médio e grande porte, que contribuem para a produção agrária desses países de maneira “substancial”, segundo o embaixador.


No Japão, os imigrantes brasileiro trabalham em fábricas, quase sempre a convite de empreiteiros japoneses e viajaram com tudo organizado, portanto não sofrem muito com problemas de regularização.


 


“Uma característica que eu posso dizer que é comum a toda a comunidade brasileira no exterior é que ela é muito trabalhadora e muito respeitadora das leis. Diferentemente de outras comunidades, inclusive latino-americanas, os brasileiros não se envolvem com atividades criminosas ou com o crime organizado”.


 


Está em curso um programa de anistia de imigrantes irregulares no Brasil. Até o dia 31 deste mês, eles podem procurar qualquer posto da Polícia Federal para dar entrada na sua regularização. Para isso, é necessário apenas não ter antecedentes penais.


 


De acordo com o secretário executivo do Ministério da Justiça, com isso o Brasil espera também poder contar com melhor tratamento para seus imigrantes em outros países. Para ele, é inaceitável que um migrante seja preso por estar sem visto.


 


“Isso não é uma questão penal, não deve ser tratada assim. Essa é uma questão administrativa. E nós estamos querendo mostrar que não vamos entrar nessa onda de tratar imigrante como criminoso”, afirma Barreto. Espera-se que, até a data prevista, 50 mil estrangeiros sejam regularizados no Brasil, ficando livres para utilizar os serviços públicos e trabalhar.
 


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Mudança no perfil de imigrante faz número de estrangeiros no Brasil ser o menor da história