Na escola, conhecemos um Tiradentes heróico, de cabelos longos e barba, corajoso, nobre, que lutou em nome da liberdade, se entregou pelo bem da causa e teve as mãos e pés beijados pelo carrasco antes de sua execução. Mas, até que ponto esta versão perfeita do herói da Inconfidência está próxima da realidade?
Alguns historiadores contestam várias passagens do mito de Tiradentes. Selecionamos algumas especulações que aproximam muito mais o herói de um Joaquim José da Silva Xavier humano – com defeitos, escorregões e até um romance turbulento. Será que, no fim das contas, o único personagem histórico que teve a data de sua morte transformada em feriado nacional era apenas um cara normal?

– Dizem que Tiradentes era dentista, mas há quem diga que não foi um dos melhores, com técnicas duvidosas de arrancar dentes estragados e fabricar coroas artificiais de marfim e osso de boi. Outra fonte já afirma que nosso patrono cívico tinha esse apelido, mas não arrancava dentes, preferia tratá-los como se faz hoje.

– A elite mineira organizava uma revolução, a chamada Inconfidência Mineira, não em nome da liberdade, mas sim em revolta às taxas tributárias abusivas praticadas na época. A razão por Tiradentes ter sido executado, enquanto todos os outros conspiradores saíram ilesos, foi menos nobre do que diz a história – ele não era rico e bem relacionado como os outros, que se safaram com costas quentes. Tiradentes foi um bode expiatório de uma revolução que estava preocupada era com o quinto do ouro das Minas Gerais que era enviado a Portugal.

– Há quem afirme que Tiradentes não levou tão na boa a idéia de ser enforcado. Ele estava mesmo era apavorado. Em 21 de abril de 1792, após subir os 21 degraus da forca, pediu ao carrasco que fosse rápido e terminasse logo com aquilo.

– Somente em 1890, muito após a morte de Tiradentes, Décio Villares pintou uma imagem de Tiradentes semelhante a Jesus Cristo, com barba, cabelos longos e a corda no pescoço. Relatos da época, porém, dão conta de que o homem era alto, magro e muito feio. E mais: como passou três anos preso antes da execução, foi enforcado de cabeça raspada e barba feita, como todo detento que se preze.

– Aos 40 anos, Tiradentes “perdeu a cabeça” por uma menina de 15 anos chamada Ana, filha de um sargento – mas o romance entre os dois não vingou, pois a garota estava prometida a outro homem. Tiradentes nunca se casou, mas teve seus romances e chegou a ter filhos com duas mulheres.


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No fundo, Tiradentes era um cara bem normal: idealista, ingênuo e mulherengo