Nesta quarta (29), Barack Obama completa seu centésimo dia à frente da presidência dos Estados Unidos. Segundo pesquisa publicada na terça (28), pelo jornal The New York Times, ele tem 68% de aprovação da população, o maior índice dos últimos 20 anos. Claro que o fato desse período ter sido ocupado, em sua maioria, pelos dois Bush (pai e filho) ajuda. Mas, sem dúvida, várias promessas já cumpridas por Obama justificam tamanho otimismo. Grande parte delas, aliás, visando justamente consertar estragos causados por seu antecessor, George W. Bush.

POLÍTICA INTERNACIONAL

As relações internacionais tem sido o principal destaque da gestão Obama. Totalmente diferente de Bush, ele tem deixado a arrogância de lado, como demonstrou, por exemplo, ao lançar a candidatura dos Estados Unidos para voltar a ser integrante do Conselho de Segurança da ONU. Além disso, ensaia uma aproximação cada vez maior com Cuba e demonstra disposição em estabelecer diálogo com o Irã. Obama definiu ainda uma data para a retirada total do Iraque, em 2011, e anunciou o envio de mais soldados ao Afeganistão, para combater possíveis focos de refúgio da Al Qaeda. O presidente americano também vem mudando o relacionamento com seus colegas de continente, a quem encara cada vez mais como parceiros comerciais (e o Brasil é um bom exemplo disso).

MEIO AMBIENTE

Mais uma vez buscando desfazer erros de Bush, Obama já adotou medidas que visam fazer com que seu país deixe de responder por mais de 20% das emissões de poluentes no mundo. Os carros fabricados já em 2011 deverão seguir regras de controle mais rígidas, e a adoção de combustíveis menos poluentes também vem sendo incentivada – o que pode, inclusive, favorecer o etanol brasileiro. Já foram anunciados também investimentos em uma “economia energética”, como, por exemplo, o uso de áreas de litoral para gerar eletricidade a partir do vento, de ondas e de correntes oceânicas. Isso ajudaria a reduzir as emissões de carbono e combater o aquecimento global, além de criar empregos.

POLÊMICAS

Sem sucumbir à pressão de segmentos mais conservadores da sociedade, Barack Obama não só aprovou como incentiva as pesquisas com células-tronco e derrubou o veto de seu antecessor à concessão de verbas para grupos de planejamento familiar que apoiam o aborto. Outro veto de Bush revertido por ele foi o da Lei Lilly Ledbetter, a primeira que assinou em seu mandato, e que facilita processos judiciais em casos de casos de discriminação sobre salários relacionados à idade, sexo, raça, religião ou país de origem.

TRANSPARÊNCIA

Promessa de campanha, a ordem para o fechamento de Guantánamo foi uma das primeiras providências de Obama, em um decreto assinado três dias após sua posse. Na mesma data ele proibiu qualquer tipo de tortura, inclusive nos interrogatórios de supostos terroristas. Durante a gestão Bush, técnicas como a simulação de afogamento eram permitidas na base naval localizada em Cuba, onde também eram comuns as detenções de suspeitos sem acusações formais. Nos últimos dias, o presidente liberou a divulgação de memorandos que autorizavam as torturas, assinados por autoridades da equipe de Bush, além de fotos dessas práticas. Atualmente, os Estados Unidos negociam com outros países o destino de presos considerados perigosos ou dos que poderiam ser soltos, mas correm riscos caso regressem aos seus países de origem.

ECONOMIA

Sem dúvida a maior bomba herdada por Obama foi a economia, em meio a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. E é também nesse setor que ele encontra até hoje as maiores dificuldades, como um desemprego em seu maior índice nos últimos 25 anos. O presidente até conseguiu um voto de confiança do Congresso, que aprovou seu pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões, em fevereiro. No entanto, as injeções bilionárias de capital em instituições financeiras e a interferência em empresas privadas não foram tão comemoradas assim (até porque companhias como a GM e a Chrysler continuam à beira da concordata). E o PIB também não vai nada bem: esta semana foi anunciado que ele sofreu queda acima do previsto pelo terceiro trimestre consecutivo, o pior quadro desde 1975. Economistas avaliam que as ações de Obama no setor ainda são tímidas e que o presidente deveria adotar uma postura mais agressiva.

PROMESSAS

A quantidade de promessas de campanha cumpridas por Obama vem sendo acompanhada atentamente por um site de vigilância política, o Politifact. Por enquanto, de 514 listadas, ele já cumpriu 27, está comprometido com sete, quebrou seis, deixou três na geladeira , tem 63 em andamento e ainda não se manifestou quanto a 408. Para checar detalhadamente a quantas anda cada uma das promessas, clique aqui

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