A noite de Natal chegou e a família inteira está reunida em volta da mesa. Todos comendo, bebendo e dando risada. Aquele tio que não te vê desde o ano passado já lança, logo de cara, o comentário original: “nossa, como você cresceu!”. Seus priminhos pequenos se divertem com os presentes que acabaram de ganhar, enquanto sua mãe corre atrás dos últimos ajustes para a ceia…

Vendo todo esse clima de união e felicidade no ar, não há como ficar triste, não é mesmo? Que nada! Enquanto todos estão se divertindo, você começa a se sentir estranho, pensativo demais e talvez até melancólico. O tempo vai passando e você continua angustiado, com o pensamento longe, remoendo coisas que não deram certo ao longo do ano.

Estranho? Pode ser. Mas, calma: mesmo se você estiver se enxergando nessa situação ou então costuma passar por isso com freqüência, não se desespere! Isso que você está sentindo é bem mais comum do que você imagina e tem até nome: depressão natalina. Isso mesmo!

Para entendermos um pouco mais sobre este assunto, conversamos com a Dra. Mariângela Savóia, que é membro do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

A doutora nos contou que este problema tem atingido muitas pessoas e que ele age de acordo com o modo como encaramos as situações. “A depressão é uma doença que faz com que mudemos a forma como enxergamos a vida e as dificuldades dela. Um dos sintomas mais típicos da doença é acreditar que nada vai mudar e não ter perspectivas de mudança no futuro, no mundo e em si mesmo. No caso da depressão natalina, tudo depende do modo como vivenciamos a data: se virmos o Natal como uma confraternização, época de alegria e comemoração, não haverá problema. Agora, se a pessoa encara essa época com muita nostalgia e entende que o Natal é apenas uma festa consumista e sem sentido, as chances de ela entrar em depressão se tornam bem maiores”, afirma.

Ela também disse que, apesar do nome, esse tipo de depressão não ocorre apenas no Natal. “É muito comum perceber esse mesmo comportamento em outras festas comemorativas, como aniversários e ano-novo, quando as pessoas celebram o recomeço de uma fase. Isso mostra que a pessoa que sofre nessas épocas tem dificuldade para lidar com mudanças”, avaliou.

Apesar de ser uma crise que dura um tempo determinado, a doutora alertou que é preciso ter cuidado com a doença. “A depressão natalina, apesar de ser mais pontual, possui os mesmos sintomas do que outras depressões. O Natal, no caso, é só uma data que pode estar desencadeando uma crise”.

Outra questão importante levantada na nossa conversa foi quanto ao tratamento. Para a Dra. Mariângela, a psicoterapia ajuda bastante na recuperação do paciente e os medicamentos contra depressão, nesses casos, não são totalmente recomendados, já que a crise pode ser menos duradoura.

Vale lembrar que os principais sintomas de uma pessoa em depressão são o desânimo, o isolamento, a perda de vontade de se cuidar e se valorizar, além da falta de prazer em viver, o que interfere na comunicação, na alimentação e até no sono da pessoa.

Por tudo isso, procure ajuda: já na hora de levantar a cabeça e aprender a valorizar os momentos felizes. Afinal de contas, ninguém vai querer te ver chorando enquanto você come o peru de Natal, não é verdade?


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Descubra se você sofre de “depressão natalina”