A obesidade é uma realidade no Brasil. De acordo com o IBGE, atualmente 38 milhões de adultos com mais de 20 anos no país estão acima do peso. Deste total, 10 milhões estão em um nível considerado preocupante pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O problema é que muitos desses gordinhos tentam emagrecer de uma maneira não muito saudável. Um relatório anual publicado em março de 2008 pela Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes), órgão pertencente a ONU, mostrou que o Brasil é o maior consumidor de remédios para emagrecimento do mundo. Esse é o terceiro ano consecutivo que o país lidera o ranking.

Afinal, o uso dos chamados anorexígenos (substâncias como fentermina, fenproporex, anfepramona e fendimetrazina) vem crescendo no Brasil há pelo menos três anos. De acordo com o relatório da ONU, apesar dos sérios efeitos colaterais que podem ser causados (como insônia, irritabilidade, alteração da freqüência cardíaca e até dependência).

Segundo o presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), Marcos Mancini, o abuso das anfetaminas está ligado sobretudo a questões estéticas. “Existem pessoas que não têm obesidade, têm problema estético; pessoas que têm 55 kg e tomam [anorexígenos] para perder dois quilos”, disse Mancini. Para o médico, quem usa o remédio sem necessidade está mais sujeito aos efeitos colaterais.

Para o chefe do departamento de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal Paulista), Antonio Chacra, muitos de seus colegas receitam os anorexígenos apenas pela demanda do paciente. “Há muito abuso. O médico acaba prescrevendo o que o paciente quer. Se ele [paciente] não quisesse, não haveria prescrição”, afirmou o endocrinologista.

Mas apesar desse cenário adverso existem pessoas que decretaram a independência dos remédios para emagrecer e entram em forma sem eles, ou melhor, conseguem ficar esbeltas sem as drogas. A arquiteta Larissa Jorge, 32 anos, perdeu cerca de 19 kg, em menos de dois anos.

“Sempre fui gordinha, desde a infância, com isso sofri muito preconceito. Freqüentava spas, fiz várias dietas da proteína, da sopa, da lua. Mas quando conseguia algum resultado, ele era superficial. Pois logo voltava a engordar”, revelou.

Desiludida com os tratamentos alimentares, a arquiteta caiu no papo do seu médico. Que lhe receitou “um remedinho mágico”. “Ele me prescreveu uma medicação que misturava fenproporex com outras anfetaminas. Rapidamente emagreci. O problema é que com isso acabei desenvolvendo transtornos psicológicos”, contou.

“O dinheiro que gastava com médicos para emagrecer, tive que passar a gastar com psicólogos, para curar, a síndrome do pânico que criei com o uso da medicação”, salientou.
Hoje, magra e seguindo rigorosamente uma dieta elaborada por nutricionista, Larissa tira uma lição sobre o assunto.

“Não adianta entrar nessa febre por um corpo perfeito. Não tem fórmula mágica. O segredo é se reeducar alimentarmente como fiz (passando a comer 6 vezes ao dia). E praticar exercícios físicos, ao menos, três vezes por semana”, encerrou.


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Jovens emagrecem sem depender de remédios