Perguntas como “Qual é a regra?”, “Faz mal se masturbar?” e “Tem problema gostar de uma pessoa do mesmo sexo que eu?” são algumas que o site “Chautabu”, do governo da Cidade Buenos Aires, tem feito para levantar discussões e que se tornaram alvo de polêmica na Argentina.

A página, criada para “que os jovens possam ter informações sobre saúde sexual e reprodutiva”, explicou o governo portenho, inclui uma longa lista de respostas a perguntas sobre reprodução, sexo, aids, anticoncepcionais e identidade de gênero.

E contém uma lista com os centros de saúde onde os jovens podem pegar pílulas do dia seguinte, camisinhas e receitas para receber pílulas anticoncepcionais gratuitamente, já que os métodos anticoncepcionais básicos são considerados um direito na Argentina.

A página também oferece testemunhos sobre problemas relacionados à educação sexual, como o de Laura, de 19 anos, que contou que ficou grávida “na primeira vez que tive relações, após namorar quase um ano o preservativo rompeu. Tínhamos 16 anos. Eu não tinha condição de ser mãe”.

Yanina, de 24, fala sobre a violência de gênero que sofreu vários anos de seu então namorado: “É difícil aceitar a diferença entre dizer ‘esse dia estava zangado’, ‘tinha bebido muito’ e “ficou com ciúme”, a dizer ‘meu namorado me batia'”.

A iniciativa do governo portenho, liderado pelo conservador Mauricio Macri, provocou críticas de algumas organizações civis e habitantes que consideram que este tema deveria ser tratado no entorno familiar ou que parte destes problemas se evitam simplesmente com a abstinência sexual.

“O site ‘Chautabu’ incita os adolescentes a fazer sexo oral e anal e diz que a pornografia é normal”, denuncia o Grupo Sólido, uma organização juvenil que se declara a favor da “sexualidade integrada, do casamento e da família”.

Carolina Sánchez, membro da associação, explica que “estamos em um momento no qual há tabus muito mais importantes que o “tabu” da sexualidade: o tabu do amor e o tabu da dor”, porque “cada vez há mais jovens com medo de se comprometer pela dor que isso possa provocar”.

Entre os usuários do Facebook também há muitos, como Mario Wagner, que consideram que “o único método anticoncepcional recomendável é a abstinência e o sexo só dentro do casamento”.

Como resposta, a usuária Mia Wallace argumenta que “o Estado deve responder às necessidades de todos”, o que inclui “os jovens que pedem informação” sobre a sexualidade, e que os que estejam contra essa oferta de informação “não precisam fazer mais do que evitar a página”.

Do partido que governa a cidade de Buenos Aires, Proposta Republicana (PRO), a deputada Laura Alonso defendeu que seu governo tem “obrigações legais para levar adiante este tipo de ações”.

“O cigarro é legal, e eu não fumo, mas estou informada sobre seus efeitos negativos”, deu como exemplo a legisladora, que assume que as relações sexuais entre jovens são um fato, “além do que um pense que está bem ou mal”.

A página “Chautabu” tem o apoio da fundação Hóspede, de luta contra a aids, Fundalam, de lactação e maternidade, e da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais (FALGTB).

Desde sua abertura, o site recebeu mais de 30 mil visitas, e organizou diversas atividades, como ciclos de cinema, sessões de debate e programas de rádio sobre sexualidade e relações seguras.


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Site do governo provoca polêmica sobre sexualidade na Argentina