Desempenhar um bom papel e sentir-se satisfeito por dar prazer a um parceiro são pressões que todos os jovens sentem na famosa “hora H”.

Nada pode dar errado, pois além de poder sair com o filme queimado da transa, as lembranças de uma possível broxada, por exemplo, serão permanentes. Diante desse cenário, vale a pena atuar na relação sexual, fazer da cama um verdadeiro palco e fantasiar as sensações do momento?

Vale ressaltar que o fingimento, ou melhor, a atuação na cama, tem por trás vários objetivos possíveis. Simular um orgasmo, a mais conhecida das táticas, é apenas um deles.

“Já aconteceu comigo e acho que com todo mundo acontece uma vez. Não é fingir por fingir, é apenas uma questão de não estar sentindo prazer e arranjar um meio de terminar logo com a pressão”, declara o estudante de administração e estagiário de uma empresa do ramo de telecomunicações, Maurice Augustius, que conta um pouco mais de como fez para se livrar da incômoda situação.

“Ah, fingi que gozei mesmo, como se tivesse feito um coito interrompido, e fui para o banheiro”, revela.

Ao contrário de Maurice, a estudante de publicidade, Roberta Ricca, de 20 anos, nunca fingiu um orgasmo. Entretanto, Roberta não veria problemas em atuar em uma transa.

“Existem outros meios de fingir, ali, na hora H. Mesmo que seu parceiro não esteja fazendo tudo certinho, é melhor não parar tudo e quebrar o clima. Essa já é uma maneira de atuar”, afirma, explicando o seu modo de alcançar o prazer nessas ocasiões. “Sem falar nada e estragar o momento, tento arrumar as coisas como posso (risos)”, comenta.

Nesse ponto, Maurice e Roberta concordam. “Já fingi também que estava gostando. Entrei no clima do meu próprio fingimento para, além de dar prazer, conseguir chegar onde estava querendo e não conseguia por estar desestimulado”, diz o estudante de administração.

Deu certo, Maurice? “Ô se deu, valeu até pensar em outra pessoa. Se não der certo, é legal que a pessoa seja sincera e diga se está doendo, o que fazer para ela se sentir melhor…”, diverte-se.

E você, Roberta, já apelou para a visualização de uma terceira pessoa em pensamento? “Não, não. Dependendo do relacionamento, acho que com uma boa conversa as coisas vão se encaixando”, analisa.

Uma dúvida ainda continua no ar: nenhum parceiro percebe o fingimento do outro? “Se a garota fingir, dá pra perceber sim. Muda tudo. As caras, os sons e a intensidade ficam diferentes”, conta Maurice, que jura de pés juntos nunca ter percebido uma inversão de papéis, no caso, uma atuação de uma parceira. “É que não dá para perceber, só se for algo realmente muito falso”, completa Roberta.

Para a psicóloga Thais Arruda, de 25 anos, um dos fatores que leva alguém a atuar na cama é a auto-afirmação. “Os jovens têm necessidade de se afirmar dentro de um grupo. Aquilo que foi estabelecido como padrão de uma boa relação sexual acaba se tornando o objetivo, em vez da relação em si. Dessa forma, eles acabam atuando para se sentirem realmente bons ou para provarem isso ao parceiro”, explica.

E completa: “Muitas vezes um bom diálogo resolve essa questão, fazendo com que o momento seja realmente aproveitado e o medo de uma possível rejeição deixado de lado”, finaliza.


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