Apesar da acirrada disputa prevista para a manhã de domingo, Brasil e Alemanha são parceiros quase inseparáveis na música, principalmente nos cenários punk/hardcore, eletrônico e heavy metal.

Esse intercâmbio trouxe ao país pela segunda vez o DJ Chris Liebing, que participará de uma rave urbana em São Paulo e no Rio de Janeiro entre sexta-feira e domingo, enquanto brasileiros e alemães esperam ansiosos pela histórica partida da Copa.

Ainda na onda da música eletrônica, o Kraftwerk é outro nome cultuado por aqui. O grupo formado em 1970 por Ralf Hutter e Florian Schneider reuniu cerca de duas mil pessoas no Free Jazz Festival apenas em São Paulo, em 1998, e conta com praticamente toda a sua discografia lançada no Brasil.

Enquanto os brasileiros estão cada vez mais adeptos das raves (o último Skol Beats teve público de aproximadamente 40 mil pessoas), o heavy metal segue firme e forte desde que o Rock in Rio I abriu as portas para os metaleiros internacionais.

Uma dos primeiros a pisar em solo brasileiro foi o Scorpions, em 1985. E se o veterano grupo já não desfruta mais de tanta popularidade, bandas como Ramstein e Halloween têm o respeito dos mais convictos cabeludos — em 2001, o Halloween fez com que sete mil pessoas se espremessem no Via Funchal, em São Paulo, para uma apresentação.

Ainda lembrando o Rock in Rio, Nina Hagen esteve no festival ao lado do roqueiro Supla, despertando a atenção dos brasileiros para o underground alemão.

Mas a principal interação Brasil e Alemanha acontece mesmo na cena punk/hardcore.

Desde que bandas como Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco começaram a excursionar pela Europa, a troca de experiências não pára de crescer, abrindo espaço até mesmo para bandas novas terem chance de conquistar espaço no exterior.

Aqui, splits (discos compartilhados por duas bandas) e turnês são frequentes. No começo deste mês, o brasileiro Agrotóxico excursionou por cerca de nove cidades alemãs, onde tocou com grupos como Scattergun, Rasta Knast e Leistungsgruppe Maulich.

Pouco antes disso a banda alemã Gee Strings se apresentou por várias cidades brasileiras. “É muito bom que o Brasil tenha esse costume de trazer bandas de fora, principalmente as alemãs, mesmo que esses grupos sejam pequenos”, disse a vocalista Bernadette após a apresentação no Hangar 110, na capital paulista.

O jovem grupo paulistano Flicts atraiu a atenção do Rasta Knast ao incluir no seu disco o hino da torcida do time de futebol St Pauli, de Hamburgo, formada por punks e anarquistas.

Em uma de suas vindas ao país, o Rasta conheceu e gostou do trabalho do Flicts e gravou, em alemão, um cover de “Em Nosso Coração”, uma das faixas da banda brasileira.

“Ficamos felizes para caramba. Depois de um tempo abrimos para eles (numa outra turnê) e quando tocamos ‘Em Nosso Coração’, eles tocaram com a gente”, contou Arthur Covre, guitarrista e vocalista do Flicts.

O Die Toten Hose, que esteve no Brasil em 1991, é um dos maiores grupos punks da Alemanha e no ano passado virou co-patrocinador do time Fortuna, de Dusseldorf, que havia caído para a quarta divisão por problemas financeiros.

A paixão pelo futebol fará com que os integrantes do grupo fiquem grudados em frente à TV torcendo por seu país…E o nervosismo será grande, já que eles reconhecem que o Brasil é um adversário perigoso.

“Vai ser duro, mas não podemos torcer contra a Alemanha, apesar de acharmos o futebol brasileiro muito bom”, disse o vocalista Campino.

Tomara que a torcida deles não vingue no domingo.


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Adversários em campo, Brasil e Alemanha são parceiros na música