Coachella


Créditos: Getty Images

Calorzão de manhã à tarde, friozinho à noite, 140 bandas tocando por três dias e um dos formatos mais inovadores de festivais dos últimos tempos.

O Virgula Festivais está no deserto da Califórnia para conferir “in loco”, a partir desta sexta, o tal “segundo fim de semana” do Coachella 2012, um dos mais importantes eventos de música jovem do planeta. Talvez o principal deste ano, uma vez que o inglês Glastonbury não será realizado agora em 2012 por causa das Olimpíadas de Londres.

E o que faz o Coachella Festival ser assim tão especial? Se prepara para a longa explicação.

1. Por causa das bandas, óbvio. Mas isso todo megafestival tem, você pode imaginar. Mas quase nenhuma no “nível Coachella”, representando os grandes, os médios, os pequenos, a novo rock, a nova eletrônica, o novo rap, a nova soul…

Olha a escalação: o incrível Radiohead, a hoje fundamental banda de blues rock Black Keys, a volta do indie hardcore At the Drive-In, o Noel Gallagher ex-Oasis e melhor que a banda nova do irmão dele, o Arctic Monkeys, a Florence & The Machine. Mais um monte de nomes novíssimos e bons, tipo Real State, Gotye, o rapper-problema A$AP Rocky, o M83, o Weeknd. Mais a velha guarda, representada por Pulp, Hilves, Buzzcocks, o James.

Até gente que já morreu está escalada. No show dos rappers peso pesados Dr. Dre & Snoop Dogg, os caras evocam o Tupac Shakur, que morreu assassinado em 1996. No Coachella, Tupac aparece no palco do festival, graças a uma avançada técnica de holografia. Vestido de índio, dançando com os parceiros no palco, interagindo com a galera. E, do “Além”, ele canta duas músicas. Loucura.

O Coachella é realizado em Indio, cidade californiana a três horas de carro de Los Angeles deserto a dentro, a meia hora de Palm Springs, a grande cidade da região. O festival é montado num imenso campo de pólo, mas diferentemente do que imaginam por ser numa terra árida, ele é todo em cima de grama artificial e cercado de coqueiros, com montanhas de pedras lindas ao fundo. Essa história de frio de dia e calor à noite é bem séria. Para dar uma idéia, do Coachella não é difícil avistar neve que se acumulou no topo das montanhas durante a noite, lá longe.

Diferentemente dos outros anos, o Coachella 2012 não botou nenhum brasileiro para tocar. O festival californiano sempre coloca um ou outro do Brasil. Já tocou lá de Cansei de Ser Sexy a Emicida. De Céu a DJ Marky, mas neste ano a brasileirada, cada vez mais numerosa no festival, estará mesmo na platéia. O que se fala também na organização do Coachella é que a presença brasileira solicitando passes de imprensa é cada ano mais intensa.

O Coachella tem uma edição toda ousada neste ano. Por causa da procura absurda por ingressos nos festivais anteriores, o Coachella armou sua realização em dois finais de semana. Com as 140 atrações se espalhando por sexta, sábado e domingo passados, para voltarem novamente a Indio neste final de semana, a partir de hoje, com a mesma programação, a mesma ordem, no mesmo palco, no mesmo horário.
Não deu muito certo, e 80 mil pessoas esgotaram rápido os ingressos para os dois finais de semana. Mas valeu a intenção, pelo menos.

O Coachella tem visual paradisíaco dentro e fora de suas dependências. O festival conta com dois palcos grandes externos, três tendas para shows menores (entenda “menor” como lugares de capacidades iguais à do Via Funchal e Credicard Hall, em São Paulo) e uma tenda enorme e iluminada para atrações eletrônicas. Mas ele inteiro é um espetáculo visual, com esculturas gigantes espalhadas (algumas jogam água para refrescar a galera) por toda sua área e uma cabana enorme e central toda arborizada e com jatos d’água sendo atirados no público, para servir como um Oásis quando a temperatura no festival chega perto dos 40 graus).

O festival existe desde 1999, mas começou a pegar mesmo em 2002, 2003, quando o “novo rock” de Strokes e White Stripes começou a encher a juventude sonora americana de esperança. Mas o Coachella tem também uma veia bem pop. A cantora Madonna já se apresentou por lá, em 2006, na tenda eletrônica, arrastando uma multidão não necessariamente roqueira ao lugar. Foi o primeiro show de Madonna em um festival de sua carreira.

O Coachella é famoso também por promover voltas de bandas acabadas. Este ano é o grupo texano At the Drive-In, que se reuniu especialmente depois de dez anos separados só para tocar no Coachella. Mas Kraftwerk, Pixies, Jane’s Addiction, Iggy Pop & The Stoogies, Rage Against the Machine e Jesus & Mary Chain foram alguns dos nomes que voltaram a tocar ou totalmente ou muito por causa do Coachella. Todo ano o festival tenta promover a volta dos Smiths, mas Morrissey já chegou a recusar oferta de US$ 5 milhões por um show.

Hoje

A grande atração do festival em seu primeiro dia da segunda semana é o duo americano The Black Keys, de Ohio. A banda algo veterana e independente virou “gigante do rock” de dois anos para cá e tem arrastado multidão a festivais e grandes arenas, dentro e fora dos EUA. O grupo inglês Pulp faz um show sentimental celebrando o britpop dos anos 90 também no palco principal. Arctic Monkeys, Rapture e o grupo sueco Refused, outro grupo que volta em especial para o Coachella, são outras das atrações desta sexta.

Vamos acompanhar tudo de perto, por aqui.


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Com clima desértico, Coachella recomeça nesta sexta-feira