Sven Väth


Créditos: Divulgação

Se tem um DJ na face da terra que se diverte mais que seu público, este cara é o alemão Sven Väth. Com quase meio século de vida, sendo mais de dois terços da estrada dedicados à discotecagem, Väth impressiona pela empolgação, toda vez que assume o controle dos toca-discos.

Nascido em Frankfurt em 1964, seis anos do surgimento, também na Alemanha, do Kraftwerk, Väth começou a tocar no pub inglês dos pais – ideia, aliás, dada pela própria mãe do então teenager Sven Väth. Certamente o sangue festeiro corre nas veias da família. De lá pra cá, ele escreveu seu nome no alto panteão da música eletrônica mundial, como um dos melhores e mais apaixonados DJs de techno da história.

O mais legal é perceber o quanto há de paixão pelo ofício. Habitué das cabines de som no Brasil há cerca de uma década, Väth demonstra sua empolgação até mesmo quando responde uma entrevista por email, como é caso desta que você lerá a seguir. “Acho que é porque vou direto na fonte daquilo que me faz ser DJ, que é o coração”, diz. Ounn. Depois dessa, resta ler a saborosa entrevista que ele deu com exclusividade ao Virgula Música.

Ah, sim, Sven Väth é atração deste sábado na edição da festa Circuito que acontece no Clash Club, em São Paulo, a partir das 23h.

Virgula Música – O que te anima a sair de casa para tocar depois de mais de 30 anos de carreira como DJ?

Sven Vath – Acho que é porque vou direto na fonte daquilo que me faz ser DJ, que é o coração. É de lá que tiro a energia de fazer o que eu realmente amo, viver minha paixão pela música. Eu nunca perdi o interesse. Acho que posso dizer que sou um pioneiro da música eletrônica e meus pais me “produziram”muito bem, com uma resistência enorme e energia de sobra. Eu acho que encontrei a coisa certa pra fazer na hora certa e sempre quero me reinventar, porque ficou entediado muito facilmente. Então estou em mudança constante. Outra coisa muito importante é o fator viagens. Você se inspira pela experiência das viagens, estar em diferentes culturas, a natureza, arte, tecnologia de ponta e por aí vai. Também é muito importante a maneira como você estrutura a sua vida e tempo para si. É preciso ter uma vida consciente e saudável. Loucuras à parte, é super importante comer bem. Tudo isso te completa. Acho que se eu fizesse a mesma coisa o ano todo ficaria certamente de saco cheio.

Virgula Música – Como você acha que a tecnologia afetou a discotecagem? Positivamente?

Sven Vath – A música eletrônica é pura tecnologia, é sobre a exploração de novas possibilidades discotecando. Isso deveria ser positivo, mas essa tendência está me entristecendo um pouco. Na verdade, todo o mundo está cada vez mais voltado para a velocidade e a digitalização, que cada vez mais abre caminhos dentro dos clubes e, portanto, em todo o ofício de DJ.

Quando comecei, eu tocava em toca-discos que não tinham controle de pitch. Mais tarde vieram as pick-ups ‘Thorens’, com correia de transmissão, que costumavam ser o ‘Rolls Royce’ entre os dispositivos da época. E depois foi a vez das ‘Technics 1210’ – que até hoje é um instrumento de trabalho para mim, já que esta plataforma não é feita apenas para tocar músicas, mas para uma verdadeira performance.

Eu sempre considerei uma faixa como uma ferramenta para o meu trabalho. Isto despertou naturalmente a minha paixão desde o começo da minha carreira como DJ. Eu mal posso imaginar apenas apertar um botão para que a música comece a tocar, enquanto eu estou usando um fone e olhando para um display frio. 

Eu gostaria de tocar com um disco em minhas mãos o maior tempo possível. Sou produtor e gerente do meu próprio selo. Farei de tudo para permanecer o mesmo no futuro. Mas como eu já disse, as pessoas hoje em dia querem consumir e baixar suas músicas rapidamente. O ambiente social de entrar em uma loja de discos, comprar um disco e falar sobre isso com as pessoas não existe mais faz tempo.

Isso é realmente uma grande pena. O vinil é uma parte do meu desempenho. A maneira como eu o toco, a maneira como o coloco nas carrapetas. É algo diferente de apenas apertar botões. E os jovens percebem isso quando veem você tocando com vinil. Estar lá olhando para um laptop tem uma sensação diferente. O vinil tem muito mais alma e sensualidade.

Virgula Música – Como é uma discotecagem perfeita para você? 

Sven Vath – Uma boa aparelhagem, uma boa estrutura, pessoas interessadas em explorar novas músicas, paixão e liberdade. 

Virgula Música – Como você vê o Brasil na cena da música eletrônica mundial? 

Sven Vath – Tenho vindo ao Brasil pelo menos uma vez por ano nos últimos dez anos e eu só vejo a cena crescer, sempre de forma muito positiva. Com novos eventos, novos clubes e especialmente novos fãs de música eletrônica, ano após ano. É definitivamente um lugar especial, que está seguindo as tendências mundiais, através dessa misturada multidão com um toque único. Eu acho que por isso é o que o Brasil é famoso, certo?

Virgula Música – Qual é a sua lembrança mais antiga de ver um DJ? Quem foi?

Sven Vath – Minha memória mais remota e inspiradora é a Ibiza de 1980, com o DJ Alfredo tocando uma mistura incrível de música percussiva africana, misturada com disco italiana e Imagine, do John Lennon. Estávamos literalmente chorando na pista de dança, às 5 da manhã! Foi quando eu disse a mim mesmo: “Sim, eu quero fazer isso. Aqui é onde eu pertenço!”.

Curiosamente, foi idéia da minha mãe que eu tocasse no pub dos meus pais. Ele tinha uma pequena pista de dança e assim, em 1980, eu me tornei o DJ, ou seria melhor dizer “Disc Jockey”, como era o nome na época. Eu tinha 16 anos e, um ano mais tarde, já estava frequentando vários clubes da cidade. Depois de melhorar minhas habilidades técnicas, fui para o clube Dorian Gray, em Frankfurt, para espionar DJs como Michael Münzing e Luca Anzillotti. E este lendário clube se tornou minha segunda casa.

Virgula Música – Quem são os seu grandes ídolos (não apenas na música)?

Sven Vath – Sem dúvida alguma: meus pais!

SERVIÇO: 

Festa: Circuito apresenta Sven Väth – All Night Long
DJs: Sven Väth e Eli Iwasa
Local: Clash Club – Rua Barra Funda, 969 – Barra Funda – São Paulo/SP
Data: 29 de março (sábado)
Horário: 23h
Preço:
– PISTA
Primeiro Lote:
Mulheres • R$ 40,00 (entrada)
Homens • R$ 80,00 (entrada)
Segundo Lote:
Mulheres • R$ 50,00 (entrada)
Homens • R$ 100,00 (entrada)
– CAMAROTES
(valores 100% consumíveis):
Mesa Palco (1 e 2) para 10 pessoas: R$ 5.000,00
Mesa Palco/Lateral para 10 pessoas: R$ 4.000,00
Mesa Lateral (1 a 3) para 10 pessoas: R$ 3.500,00
Bistro Lateral (1 a 7) para 4 pessoas: R$ 1.500,00
Mesa Mezanino (1 e 2) para 10 pessoas: R$ 2.500,00
Bistro Mezanino (1 a 12) para 4 pessoas: R$ 1.200,00
Pulseira avulsa Lateral Masculina R$ 350,00
Pulseira avulsa Lateral Feminina R$ 120,00
Pulseira avulsa Mezanino Masculina R$ 250,00
Pulseira avulsa Mezanino Feminina R$ 100,00
Capacidade: 500 pessoas
Censura: 18 anos
Informações: http://www.clashclub.com.br/
Tel: (11) 3661-1500
Estacionamento: R$20


int(1)

DJ Sven Väth defende o vinil e afirma que a cena da música eletrônica no Brasil cresce de forma significativa