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Nessa terça (17), se estivesse viva, a maior cantora do Brasil, Elis Regina, estaria completando 70 anos de idade. Mas na verdade, os fãs órfãos da cantora tem um grande motivo para comemorar essa data: está sendo lançado o livro Elis Regina – Nada Será Como Antes, sua biografia autorizada, pela Editora Master Books.

O livro foi escrito pelo jornalista Julio Maria e teve a benção dos filhos de Elis;  João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano e Maria Rita. O trabalho levou quatro anos de intensas pesquisas e conta com cerca de 125 entrevistados, entre eles, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Ronnie Von, Jair Rodrigues, Dona Ercy (mãe de Elis), Toquinho, Rita Lee, Nelson Motta, e muitos outros. Além disso, o autor também teve acesso a documentos restritos, como o inquérito policial da morte da cantora, e conta detalhadamente a cena.

Enfim, é um item muito aguardado por nós, fãs da música brasileira. Para saber mais sobre os detalhes e como rolou todo esse processo, o Virgula Música trocou umas palavrinhas com Julio Maria, que nos contou do peso dessa responsabilidade e até algumas curiosidades sobre a diva da MPB. Confira o nosso bate-papo:

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Virgula Música: Quando a Editora Master Books o convidou para escrever a biografia de Elis Regina, o que lhe veio em mente?

Julio Maria: Em 2010, quando recebi o convite para fazer um livro em homenagem a Elis, que seria um livro luxuoso com pessoas importantes dizendo o quanto ela foi importante para a música brasileira, achei relativamente fácil de fazer, por causa do formato. Quando cheguei na segunda ou terceira entrevista, fiquei intrigado com as histórias que me contavam. Fui atrás do que havia sido escrito sobre Elis e resolvi ir além. Liguei na editora e sugeri que apostássemos na biografia, já que muito da história dela ainda não havia sido contada. Aí sim veio a responsabilidade. A intenção sempre foi retratar ao máximo a realidade vivida por Elis.

Como você escolheu as fontes? E dos entrevistados, qual foi o que mais cooperou com o conteúdo?

O critério para escolher as fontes foram as pessoas próximas à ela. O máximo de pessoas possíveis. Músicos que tocaram com ela – conhecidos e pouco famosos -, amigos próximos, familiares. É difícil dizer qual das entrevistas mais rendeu para o conteúdo pois foram mais de 125 entrevistados contando histórias inéditas, nunca antes contadas. Cada entrevista teve um peso diferente para a construção da obra.

Teve algum fato sobre a Elis que você ficou sabendo após iniciar sua pesquisa?

Sim, e um que me deixou bem surpreendido. Elis era e ainda é uma figura muito forte, mas também tinha suas inseguranças, e com motivo. A gente percebe isso ao ler, no caso de vocês, e no meu caso ao pesquisar sobre quando Elis foi retirada de Porto Alegre com seus 15, 16 anos. Gravou discos ainda em Porto Alegre e, a partir daí, foi jogada em um tanque de tubarões. Ninguém imaginava o quanto ela sofria com a disputa em torno de seu nome e o quanto essa violência seria refletida em sua personalidade. A insegurança de Elis, que por incrível que pareça, existia, tinha suas explicações.

A sua impressão sobre Elis mudou após finalizar o livro? Como era antes e depois do livro?

Sim. Pude ter a certeza de que Elis é a maior cantora do Brasil. Meu olhar era virgem. Eu tenho 42 anos, não vivi a era de Elis, não sou sócio de fã clube e nunca a entrevistei. Quando ela morreu, em 19 de janeiro de 1982, em comemorava 9 anos de idade. Mas acho que, diante desse personagem gigante, fui o que sou há 16 anos no Estadão: um repórter. Me joguei com o respeito que a história merecia mas sem nenhuma tese a defender, como me jogaria por Luiz Gonzaga ou Raul Seixas. Creio que o olhar descontaminado de paixões ou de ódios ajude a traçar um perfil mais humano e menos divino.

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Você teve alguma auto-censura em falar sobre bebidas e drogas no livro? E como foi a sua abordagem sobre esses temas?

Sou um agraciado por ter contado com a ajuda irrestrita dos herdeiros. João, Pedro e Maria Rita me receberam de coração aberto para falar da mãe e nunca, jamais fizeram qualquer exigência ou impuseram qualquer restrição.

Qual Elis os fãs vão mais encontrar na biografia? A cantora, a esposa, ou mãe?

Minha luta foi para traçar o perfil mais próximo possível da realidade vivida por Elis. Ela era de uma verdade absurda, cantava o que vivia, e jamais se encaixaria em uma biografia que separasse sua “vida pessoal” de sua “vida profissional”. Ela ultrapassava esses limites e se entregava com uma interpretação violenta, indo a lugares dos quais não sabia se conseguiria voltar. Fico feliz por ter tido carta branca para retratá-la com liberdade.

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FICHA TÉCNICA:

Título: Elis Regina – Nada Será Como Antes

Autor: Julio Maria

Editora: Master Books

Paginas: 424

Formato: 16 X 23

Gênero: Biografia

Preço: R$ 49,90

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Créditos: Divulgação

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"Elis Regina ultrapassava limites", diz biógrafo. Diva completaria 70 anos nessa terça