“Ô garota, acabei de ver seu twitt aqui na minha timeline! Que coincidência incrível!”, riu a baiana Karina Buhr, que enquanto falava com a reportagem do Virgula aproveitava para dar uma espiada em seu Twitter.

Karina Buhr teve uma trajetória atípica – e começou sua carreira musical cercada pelas melhores influências possíveis. Com algumas amigas de Recife, criou o Comadre Fulozinha, única banda feminina do movimento manguebeat.

Imersa na ferveção de Recife e cheia de histórias para contar, era de se esperar que a cantora e percussionista fosse ficar por ali, criando rapidamente uma carreira como compositora e intérprete. Mas não foi o que aconteceu – em 1999, o ator e diretor teatral Zé Celso Martinez levou a loucura de seu Teatro Oficina para Recife. E foi como atriz da companhia que Karina chegou em São Paulo.

Karina se fixou em São Paulo de vez em 2004. Seis anos depois, lança seu primeiro álbum solo, Eu Menti Pra Você, em um show especial na choperia do Sesc Pompéia. Com a presença de nomes como Fernando Catatau, Edgard Scandurra e Marcelo Jeneci, Karina aposta em um caldeirão de sons e influências, que misturam letras irônicas com harmonias e melodias malemolentes.

No show do Sesc, a cantora estará acompanhada por Bruno Buarque (bateria e MPC), Mau (baixo), Guizado (trompete), Dustan Gallas (teclados e piano), Otávio Ortega (teclados e bases eletrônicas), Marcelo Jeneci (acordeon e piano) e Edgard Scandurra e Fernando Catatau (guitarras).

Em entrevista, a cantora falou um pouco sobre o processo de composição de seu primeiro álbum solo e sobre o show especial que chega hoje a São Paulo. Confira abaixo!

Me conte um pouco sobre o processo de composição de Eu Menti Pra Você. Como você decidiu que iria trazer um pouco menos de percussão e apostar mais nas guitarras, que vêm com força com a presença de Fernando Catatau e Edgard Scandurra?

O álbum traz composições que eu fiz entre 2007 e 2007, coisas antigas, mais da época do Oficina. Eu fiz mais ou menos um ano e pouquinho de shows, daí comecei a trabalhar mesmo no álbum. Mas menina, você acredita que a minha intenção era nem usar guitarra? Eu achava massa ter só baixo, trompete e teclados, mas acabei adorando colocar guitarras em estúdio.

E você acha que isso transformou toda a cara do álbum?

Eu acho que o resultado final é bem o que eu queria mesmo, uma coisa mais suja, com aquela cara de apresentação ao vivo, embora seja um álbum de estúdio. Essa “sujeira”, essa coisa mais livre, com mais energia, é um rock’n roll delicioso – e a junção que rolou em estúdio de baixo e guitarra juntos foi ótima. Essa é a cara que eu queria para o meu álbum.

E de onde veio esse nome, Eu Menti Pra Você?

Olha, acho que é toda uma coisa de deixar em aberto. Esse título fala de meias verdades mesmo, de você poder olhar para as letras do álbum e tirar as conclusões que quiser. É um trabalho livre, sem a intenção de ser algo totalmente fechado. Meu caminho é a intuição. É aquela coisa: primeiro eu coloco lá uma música mega romântica, daí depois vem uma composição chamada Plástico Bolha. Faz sentido?

Eu Menti Pra Você é o primeiro trabalho em que você não investe no seu lado percussionista. Por que a decisão de ficar só no microfone?

Eu quis colocar mesmo a cara a tapa, ver como é cantar sem instrumento. Assinar um trabalho é sempre complicado, porque você se expõe muito mais. E eu queria essa experiência. Mas meu álbum sempre vai ser aquela coisa Carnaval de Recife – tudo junto ao mesmo tempo, sem tempo pra parar pra pensar muito no que vai dar.

Seu trabalho está sendo definido como parte de uma nova cena alternativa que, aos poucos, está chegando ao mainstream – gente como Tiago Pethit e Tulipa Ruiz, por exemplo. Você acha que existe mais espaço mesmo para grupos alternativos ou vocês são apenas exceções?

Com certeza existe mais espaço. Existe uma cena enorme no país todo, embora o que mais tenha espaço seja mesmo o eixo Rio/SP. É muito louca e muito massa essa coisa de poder quebrar barreiras, porque com a web ninguém mais está restrito a nada. O seu show pode ser uma coisa significativa seja ele para 30 ou para cinco mil pessoas. Cada um tem o controle do que quer para si próprio.

E a divulgação do seu álbum pela web, como foi? Você se importa que muita gente tenha conhecido o seu som baixando o álbum de graça?

Olha, eu adoro que as pessoas ouçam, pode baixar mesmo, na boa. Nosso produtor mesmo colocou o disco na web depois. Eu sempre acho legal, como pessoa que consome, ter o CD, a capinha… mas, meu, tem que baixar mesmo, tem que ouvir. Esse é o importante.

E no show de hoje, o que o público de São Paulo pode esperar?

Primeiro, a minha banda, que tá sempre craque – ainda mais com a presença toda especial das guitarras do Catatau e do Scandurra. E vai ser aquela coisa gostosa de palco, de não seguir roteiro pré-definido e de deixar a emoção rolar. Vou dar o meu grito de GRRRR e colocarmeu trabalho ali, pra todo mundo.


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Em show especial, Karina Buhr lança seu primeiro álbum solo, Eu Menti Pra Você. Leia entrevista com a cantora!