Abronca

Criado para evidenciar talentos da cultura de periferia mundo afora, Britadeira – Sons de Favela é o nome do projeto que toma conta do Sesc Pompeia

No dia 20 de abril, o jovem trio de rap feminino carioca Abronca sobe ao palco para apresentar suas rimas contundentes e beats dançantes. Slick, Jay e Mari são as ex-Pearls Negras, que retornam para relatar trajetórias negras e femininas no cotidiano periférico.

Na sequência, a Wesli Band sobe ao palco. Comandada pelo cantor e multi-instrumentista haitiano Wesli Louissant, a banda de ragga e ska é formada por músicos de diferentes países da América Central (Cuba, República Dominicana).

Já no dia 21 de abril, é o funk carioca quem toma conta do Britadeira, sob o comando de MC Carol. Nascida em Niterói (RJ), a funkeira é presença garantida nos bailes da zona norte do Rio há quase cinco anos. Detentora de inúmeros sucessos, como Minha Vó Tá Maluca, Bateu Uma Onda Forte, Jorginho Me Empresta a Doze, e outros, o público pode esperar uma noite para descer até o chão.

E ousadia não vai faltar: depois de Carol, quem sobe ao palco é Titica, ícone do kuduro angolano. Artista trans e Embaixadora da ONU, a trajetória da cantora é revertida de forma alegre em seu show, que traz o mais repercutido som das ruas de Luanda atualmente.

Leia nossa conversa com Abronca, ícone mundial de estilo, tendo sido destacadas nas publicações mais valorizadas, em que elas falam sobre música, orgulho de sua origem e o papel transformador da arte na sociedade.

Da onde vem a música de vocês?
Abronca – As nossas músicas vem da nossa alma, dos nossos sentimentos e da nossa vivência do dia a dia. Gostamos de falar de amor, de feminismo, do morro aonde vivemos, protestar sobre política e fazer músicas contagiantes sobre festas e bebidas. Falamos sobre todos os gostos e estilos musicais, pra todas as idades. (Jay)

Por que você faz sua música?
Abronca –  Nós não sabíamos que tínhamos esse dom, fomos descobrindo aos poucos isso dentro da gente até que percebemos o quanto amamos escrever música e o quanto queremos viver das nossas letras. Gostamos de passar uma mensagem para as pessoas em cada música que fazemos, e todos os nossos shows tem poesia e bastante protesto. As pessoas saem do nosso show questionando “por quês”. (Jay)

O que está acontecendo de mais novo na música hoje?
Abronca – Acredito que seja a diversidade. Na minha opinião, vejo todos fazendo sua música e usando ela como forma de expressão, de um certo modo. Hoje está muito variado, tem todos os tipos, gostos, estilos e vejo isso de uma forma mais autêntica. Dando mais espaço e oportunidades pro diferencial no meio da música.

Hoje vejo também que é muito movido pelo “hit” ou um “single” e acho que dessa forma os artistas podem arriscar mais e tentar o inédito. (May)

 Muitas vezes modas e estilos criados na favela se tornam icônicos, isso melhora de alguma maneira a vida na favela?
Abronca – Melhora sim! Nos ajuda a tirar a visão que na favela só existir guerra e gente que não presta como muitos acham. Mas mostramos uma outra visão escondida, de amor, cultura e arte que é maior que isso tudo.

Amamos nossa comunidade! E cada vez mais estão saindo talentos para novelas, músicas ou esporte. É lugar de muitos talentos e estamos sempre conquistando nossos espaços graças a Deus. Amém!

Isso deixa a favela cada vez mais lotada de curiosos, pessoas indo atrás de teatros, pessoas fazendo banda etc. Vidigal é arte, é show! Independente de sermos cantoras e atrizes trazemos visibilidade para uma senhora do beco descansando ou uma mulher dentro de casa trabalhando de manicure ou sei lá.. Somos “porta-vozes da favela”. E a levamos para qualquer parte! (Slick)

SERVIÇO

Britadeira – Sons de Favela
Dias 20 e 21 de abril de 2018, sexta e sábado, às 21h30
Comedoria
*A capacidade do espaço é de 800 pessoas. Assentos limitados: 150. A compra do ingresso não garante a reserva de assentos. Abertura da casa com 90 minutos de antecedência ao início do show.
Ingressos: R$12 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$20 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$40 (inteira).
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
Não tem estacionamento. Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/pompeia

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Créditos: Caroline Lima

 


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'Favelas são lugares de talentos', diz Abronca, ex-Pearls Negras