Mariana Furquim em foto de Antonio Brasiliano

Pérola escondida da cena subterrânea de São Paulo, Mariana Furquim está lançando seu primeiro disco solo Princesa de Aiocá.

Com 11 faixas produzidas por Dante Ozzetti, o trabalho celebra yemanjá,  orixá africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá “Yèyé omo ejá” (“Mãe cujos filhos são peixes”).

Disponível em todas as plataformas digitais, Princesa de Aiocá foi financiado pelo Catarse, gravado e mixado por Luís Lopes (C4 Studio) e masterizado por Carlos Freitas (Classic Master).

Leia nossa entrevista com a cantora, em que ela fala sobre a nova cena de música brasileira, referências e outros assuntos:

Que sons novos mais legais você acha que tá rolando?
Mariana Furquim –  Gosto muito da Luedji Luna. Acabo de conhecer também o trabalho da Josyara e me encantei. Adoro o trio feminino Bolerinho, formado por Luisa Toller e as irmãs Marina Beraldo Bastos e Maria Beraldo (que lançou recentemente o disco “Cavala” e é muito bom), elas compõem, cantam e tocam vários instrumentos.

Admiro as mulheres superpoderosas ocupando linda e legitimamente os espaços que almejam, espero que aconteça cada vez mais. Também admiro o trabalho da Liniker, da Anelis Assumpção, do Tim Bernardes, do Criolo. Tem muita gente boa produzindo.

O que acha que vai ser tendência na música brasileira em 2019?
Mariana – Difícil afirmar, a música brasileira é tão rica e diversa. Espero que a tendência seja justamente essa diversidade e a ampliação de espaços para sua expressão.

Que característica crê que seja mais marcante da sua geração?
Mariana – A conquista de maior espaço para as mulheres em diferentes áreas de atuação, fruto de muita luta, em especial na música. E não apenas enquanto intérpretes, como de costume, mas também como instrumentistas, arranjadoras e compositoras.

Quais são seus valores essenciais?
Mariana – A autoconsciência, a generosidade e alegria compartilhada.

Quais são suas referências estéticas?
Mariana – A obra de Dorival Caymmi, o livro Mar Morto de Jorge Amado, Clara Nunes, todo o universo praieiro…e claro, o mar que por si só já é de uma grandiosidade estética impressionante.

Como você pessoalmente foi atraída pelo canto de Iemanjá?
Mariana – A figura de Iemanjá sempre me encantou desde criança, mas quando descobri que era filha dela numa leitura de búzios na adolescência, mergulhei de fato neste universo e não parei mais…

Crê que a música possa ser um antídoto contra a intolerância e o racismo?
Mariana – Com toda certeza, é uma linguagem universal que toca as pessoas profundamente, mexe com emoções. Para mim a música tem grande potencial de cura, de energização e de ser mensageira de palavras, lutas e valores humanos fundamentais capazes de nos fazer refletir sobre questões por vezes muito duras de outras formas.

O que acha de artistas se posicionarem ou não politicamente?
Mariana – É uma escolha pessoal. Para mim, avalio ser importante usar minha voz e arte à serviço de causas políticas importantes, cada artista encontra seu modo.

Que ingredientes uma grande música deve ter na sua opinião?
Mariana – Inteireza, essência verdadeira (cada um tem a sua) e consistência.

Se tivesse o poder de trazer artistas que já se foram à vida, com quem gostaria de gravar uma música?
Mariana – Com a Clara Nunes e a Dona Ivone Lara.

Artistas novos que você precisa ouvir agora


Créditos: Caroline Lima

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'Música tem grande potencial de cura', diz Mariana Furquim