(Foto: divulgação) Shirley Manson

No final dos anos noventa, algumas bandas de rock começaram a flertar com a música eletrônica que estava em voga devido ao sucesso de Chemical Brothers, The Prodigy, Moby e outros grupos do gênero. David Bowie, Smashing Pumpkins, R.E.M., Primal Scream e até o Barão Vermelho foram alguns nomes que implementaram beats e elementos eletrônicos em seus sons, e o Garbage conseguiu realizar essa junção com perfeição.

Com o 2º álbum da carreira, Version 2.0, lançado em 1998, o grupo soube navegar entre o rock, o pop e a eletrônica se estabelecendo entre os grandes da década. Hits guitarreiros e dançantes como Push It, I Think  I’m Paranoid, Special e You Look So Fine foram tocados à exaustão nas rádios rock e MTVs do mundo todo. Um marco para a música alternativa.

Para celebrar os 20 anos do álbum, uma reedição de luxo com disco bônus recheado de lados B acaba de ser lançada. A vocalista e musa Shirley Manson falou com o Virgula por telefone e relembrou a importância do trabalho.

A cantora escocesa também opinou como a sonoridade de Version 2.0 pode ser encarada pelos jovens: “Soa old school para a nova geração, para o novo mundo”, e sobre a conexão que o grupo tem com os novos fãs: “Quando você é jovem, você sofre com depressão pois está procurando o seu lugar dentro da sociedade. E nós falamos sobre isso em nossas músicas. Temas que as pessoas se identificam”. 

Confira o papo abaixo:

(Foto: divulgação) Garbage

Como você se sente ouvindo Version 2.0 hoje? Mudaria algo?

Shirley Manson: Pra mim é uma surpresa ouvir o álbum novamente após 20 anos e perceber que ele continua sendo interessante em termos de composição e gravação. É um trabalho que representa muito para todos nós da banda onde mostra um grupo super entrosado, crescendo e ganhando confiança. Eu não mudaria nada. 

Se Version 2.0 fosse lançado hoje, você acha que ele teria o mesmo impacto que teve nos anos noventa? 

Hoje estamos em mundo completamente diferente. Na época nós tínhamos muitas bandas com guitarras e as pessoas realmente se interessavam pela música alternativa. Haviam as rádios que eram poderosas em todo o mundo e nós tocávamos muito nas emissoras. Os nossos clipes também não paravam de passar na MTV. Pudemos desfrutar muito do sucesso do álbum e me sinto sortuda por ter ajudado a música alternativa a crescer naquele momento. 

Push It, 1º single de Version 2.0

O que um jovem de hoje pode achar ao ouvir Version 2.0 pela 1ª vez? 

Pode soar old school para a nova geração, para o novo mundo, pois quando o álbum foi gravado não tínhamos a tecnologia de agora. Não tínhamos celulares e nem computadores avançados. A sonoridade é totalmente diferente da que os jovens estão acostumados hoje.

Mas você vê jovens indo aos shows da banda? 

Sim. Sempre! Acho que há uma conexão entre nós e os jovens, embora o nosso público seja de idade variada. Temos fãs das antigas e fãs novos. 

Que tipo de conexão é essa?

Quando você é jovem, você sofre com depressão pois está procurando o seu lugar dentro da sociedade. Você se sente perdido no mundo e não sabe a quem procurar ajuda. E nós sempre falamos sobre isso em nossas músicas. São temas que as pessoas se identificam e hoje está crescendo de forma assustadora. Vejo notícias de adolescentes cometendo suicídio de uma forma como nunca vi antes. 

Vocês pensam em trazer a turnê comemorativa de Version 2.0 ao Brasil? 

Falamos bastante sobre isso, em levar os shows para a América do Sul. Tivemos momentos tão incríveis em nossa última passagem pelo Brasil que seria frustrante para nós não podermos levar essa tour ao país. Realmente espero que aconteça.


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Shirley Manson, do Garbage, sobre 20 anos de 'Version 2.0': 'Old school para a nova geração'