O pão de queijo já deixou de ser o único produto mineiro a ganhar espaço em outras partes do país: pelo menos quando o assunto é rock nacional, o Estado ganha o crédito de berço de grandes nomes como Skank e Pato Fu.

A última novidade da safra nascida nas colinas de Minas Gerais — ou melhor, nos bares da capital Belo Horizonte — é o Squadra, cujo CD homônimo acaba de ser lançado pela gravadora Sony Music.

A banda, liderada pela cantora e ex-arquiteta Carolina Lima, ataca com um rock pop melódico, às vezes simples (com guitarra, baixo e bateria), outras vezes mais sofisticado (com banjo, violinos e violoncelo), mas sempre permeado por refrões fáceis de lembrar.

O Squadra nasceu no final da década de 1990, com o baixista Alexandre Mourão, o guitarrista Daniel Magnani e o baterista Daniel Mello. A demo veio em 2000, e eles começaram a enviar o trabalho a músicos e gravadoras, enquanto se apresentavam no circuito noturno da capital mineira.

“Existe uma quantidade imensa de bares em BH, e boa parte deles tem espaço para música ao vivo. É uma coisa cultural”, explica Carolina. “É natural que as bandas se proliferem nessas condições”.

O contrato com a Sony Music aconteceu após um ano de negociações e, em 2002, os músicos entraram no estúdio para gravar seu debut.

“Foi um tempo longo entre a assinatura do contrato e o lançamento, mas, no final, valeu a pena”, conta a cantora.

“Tivemos tempo de sobra para saber como queríamos o disco, e ele saiu exatamente como o planejado”.

Ao Squadra não faltam apoio e munição para trilhar o mesmo caminho que levou os conterrâneos ao estrelato. Seu empresário, Fernando Furtado, é o mesmo da trupe de Samuel Rosa. O álbum de estréia é co-produzido pelo músico Nando Reis, e Henrique Portugal, tecladista do Skank, participa de duas faixas.

CARA DE SUCESSO

O power pop de “Na Medida”, que abre CD e já está sendo executado nas rádios do país, dá uma pista do tipo de som do Squadra, muito influenciado por outras bandas lideradas por garotas, como Pretenders e Blondie, e pela roqueira-mor do Brasil, Rita Lee.

O destaque do trabalho fica por conta de uma faixa um pouco mais acústica, “A Jóia Rara”, que ganhou arranjos caprichados de cordas. A composição foi feita em parceria com Nando Reis e, como outras músicas do ex-Titã cantadas por Cássia Eller e Marisa Monte, tem cara de sucesso.

“Conheci o Nando em um show e, na cara-de-pau, mostrei a vontade de compor com ele, o que aconteceu quando o Liminha (vice-presidente artístico da Sony e também produtor do disco) o sugeriu para a produção”, conta Carolina. “Durante as gravações disse que não havia desistido da idéia, e assim surgiu ‘A Jóia Rara”‘.

Há ainda uma cover para a música “Amor”, lançada no primeiro álbum do Secos & Molhados, e uma versão de “Another Lonely Day”, do norte-americano Ben Harper, que ganhou o título “Dias Longos” e acordes típicos de uma balada folk.

“O disco é resultado de tudo aquilo que gostamos e filtramos”, resume a vocalista. Mas Carolina adverte que as faixas ganham uma roupagem mais crua nos shows do Squadra.

“Usamos somente os nossos próprios instrumentos e isso é uma opção. Não queremos soar ao vivo exatamente como no disco, seria muito chato”.


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Squadra chega de BH com a bênção de padrinhos como Nando Reis