Ter esquecimentos e problemas de concentração na gravidez é algo super normal e até chega a virar pauta das rodas de conversas entre grávidas. Quem não era esquecida, começa a se surpreender fazendo listas do que precisa fazer no trabalho, do que precisa comprar e até marcando aniversários.

A Dra. Carolina Rossoni, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, explica que existem pesquisas sobre o ‘baby brain’, termo usado para relacionar a perda de memória com a gestação, e que elas sugerem que as pacientes podem esquecer compromissos e ter maior falta de atenção nesse período. Se quiser saber mais sobre o assunto é só clicar aqui para ler sobre como a gestação altera memória e concentração da mulher.

Para entender melhor com esses esquecimentos acontecem, conversamos com algumas mulheres que já estiveram grávidas ou ainda estão e escutamos histórias que são, no mínimo, engraçadas. Confira algumas delas!

Será que eu lavei?

“Nunca fui uma pessoa esquecida, como sou secretária sempre me lembrei de compromissos, contatos, recados, etc. Tenho várias histórias. Mas o mais comum era eu sair de casa para resolver algo e, no meio do caminho, esquecer o que precisava fazer. Uma vez fui ao supermercado, porque estava com vontade de tomar suco de maçã. Olhei os sucos na prateleira e, por algum motivo, fui pegar outras coisas. Quando cheguei em casa, vi que tinha esquecido o suco. Em uma ocasião, estava no trabalho e percebi que meu cabelo estava estranho, meio oleoso. Fiquei tentando lembrar se eu havia passado shampoo durante o banho e acho que não usei. Nomes de pessoas, troquei várias vezes. Por diversas vezes meu marido me avisava que iria a algum evento ou que tínhamos um compromisso e eu reclamava que ele não havia me avisado.”

Fernanda Maia, 34 anos, secretária. Tem uma filha de sete meses. 

Mas era aniversário dela mesmo?

“Uma clássica! Certa manhã falei pelo telefone com a minha mãe e, na sequência, fui até a casa dela. Cumprimentei, conversamos, nos despedimos, e só depois de algumas horas é que me lembrei que era aniversário dela. Já liguei rindo e pedindo que desculpasse o ‘apagão’ da gestante.”

Sylvia Regina Dias Guimarães, 35 anos, fisioterapeuta. Tem uma filha de um ano.

 Apresentação de última hora no trabalho!

“(Já era) um pouco esquecida, mas nas gestações piorou demais! Na minha segunda gestação, fiquei um período afastada do trabalho, de repouso. Um amigo ficou me cobrindo no trabalho. Quando eu voltei, ele tentava me passar as atividades que estavam pendentes, me explicar o que tinha que ser feito e eu simplesmente não registrava aquilo na cabeça. E o engraçado é que era meu trabalho, né? Coisa que eu já sabia fazer, já estava acostumada, mas meu amigo tinha que falar umas cinco vezes até eu entender o que eu deveria fazer (risos). Teve uma vez que ele olhou pra mim e falou: ‘o que tá acontecendo com você?’. Na primeira gravidez, entrei em uma conferência do meu time por telefone. Estou lá assistindo a apresentação de uma menina que era do time, ela falando uma coisa específica sobre o trabalho dela. Quando acabou, o nosso chefe falou que a próxima a apresentar seria ‘fulana’ e, na sequência, eu! Só que eu tinha esquecido completamente disso. Fiquei apavorada, fui correndo ler o e-mail que ele tinha enviado com as instruções do que deveria ser apresentado, enquanto a menina antes de mim falava, eu montei um power point com alguns slides e enviei para todos. Fiz a apresentação e foi sucesso! (risos) Mas até conseguir terminar me apavorei, foi um sufoco. E passei por vários desse tipo, mandar o mais velho pra escola de uniforme sendo que era dia de festa do pijama e obviamente eu esqueci. Meu marido então, reclamava demais que eu não prestava atenção nele.”

Gabriella Gomes de Souza Peres, 34 anos, analista de negócios. Tem dois filhos, um de 3 anos e um de 3 meses.

 Você tem certeza que não viu esse filme com outra?

“Meu marido estava falando sobre o filme Círculo de Fogo e sobre como nós assistimos a este filme juntos. Pois eu fiquei muito brava, virei o cão, porque eu nunca assisti este filme, muito menos com ele. Ele ficou bem contrariado dizendo que assistimos juntos e me mostrou o trailer, o que me fez ter ainda mais certeza que eu não tinha assistido a porcaria do filme. Coloquei na cabeça que ele estava me confundindo e fiquei irada! Depois de dias, decidi desculpar ele, afinal, é normal confundir eventos do passado com o futuro e isso não significa nada. Ele, muito docemente, se ofereceu para assistir o filme comigo, já que eu nunca tinha visto. Quando ele botou o filme, nos primeiros 15 minutos que desenrolaram: ‘vish, já vi esse filme’. Fiquei quietinha, assisti tudo e nem comentei que eu estava mesmo é doida”

Loraine Gonçalves Siquelli Mozelli, 25 anos, estudante de Direito. Grávida, 32º semana.

 Mas o que é isso aqui mesmo?

“Depois do quarto mês, ficou mais evidente porque eu comecei a esquecer palavras, trocar nomes. Uma vez, troquei barba por franja. Era comum eu demorar para formular frases e pensamentos mais analíticos, vivia perguntando pro marido “o que é mesmo essa coisa aqui?“

Danielle Sanches, 34, jornalista. Mãe de uma menina que nasceu em fevereiro de 2017.

 O que essa chave está fazendo comigo?

“Eu e meu marido fizemos o enxoval do nosso filho nos Estados Unidos. Eu estava de três, quatro meses, na época. A gente alugou um carro em Miami. A princípio foi um carro que eu vi por aqui, um carro que eu achava que ia caber as coisas, por um site aqui no Brasil. Chegando lá, foi outra realidade. Eu quase bati no moço, porque era muito pequeno. A gente ia comprar carrinho, um monte de coisa para a gente trazer. A gente alugou desses carros tipo muito grande! Na volta, a gente foi devolver o carro depois de duas semanas, eles até tinham dado uma chave reserva. E acabei ficando com a chave do carro. Esqueci totalmente de devolver e trouxe para o Brasil! Tenho até hoje aqui, de souvenir! Na época, falaram que eles iam cobrar a gente por isso, mas, no final das contas, nem cobraram nada!”

Cadê o banheiro?

“Eu esquecia de ir ao banheiro e eu tinha sempre vontade de fazer xixi. Na viagem aos Estados Unidos, eu ainda não tinha quase barriga. Se eu contasse quantas vezes eu fiz xixi dentro do carro, situações vexatórias, de estar desesperada e estar em um congestionamento e não ter banheiro, tive que fazer xixi em garrafinha!”

Mas esse macacão não é i-gual-zi-nho ao outro que eu comprei?

“Compramos enxoval e comprei dois macacões exatamente iguais um ao outro. Eu só fui perceber, quando fui mostrar para minha irmã, no Brasil. A sorte é que esses macacões eram de tamanho diferentes. Minha mãe tirou um sarro grande. Eu ainda falei que percebi, disse que queria fazer um montagem. Tinha percebido coisíssima nenhuma. Comprei várias roupas semelhantes, mas essas eram iguaizinhas.”

Carla dos Santos Perez Hunold, 33 anos, dona de casa. Mãe de um pequeno de 1 anos e 4 meses.