RoboCop, dirigido por José Padilha


Créditos: Reprodução/ Coming Soon

O brasileiro José Padilha apresentou nesta sexta-feira na feira Comic-Con a nova versão do clássico da ficção científica Robocop, um filme que chegará às salas de cinema em fevereiro do próximo ano com um tom político muito definido e com elementos filosóficos que, segundo explicou, trarão um debate para o espectador.


“O filme original tinha um tom muito irônico e violento, com uma carga muito forte contra o fascismo e a sociedade”, afirmou o cineasta no hotel Hilton Bayfront, a poucos metros do Centro de Convenções de San Diego (EUA), onde acontece a feira.

“A relação entre o fascismo e a robótica vai estar muito presente. Lembre-se como a Guerra do Vietnã acabou quando começou a haver mortos americanos. A ideia é que dispor de robôs autônomos faz com que o Governo não sinta essa pressão em casa. De certa maneira, acontece o mesmo com o uso dos drones”, disse o diretor de 45 anos.

O cineasta quis dar um exemplo para modelar algumas das ideias que se desenvolvem no filme.

“Se você imagina uma sequência por trás da bomba de Hiroshima chega-se à imagem do presidente Harry Truman tomando essa decisão. Falamos de um humano. Alguém livre. Pode acertar ou se equivocar. Pode ser correto ou não. Mas, e se um robô assassinasse uma criança? De quem é a culpa? Propomos esse debate, porque os robôs evoluem e no futuro podemos nos dirigir a isso”, explicou.

Padilha disse que a sátira reinante através da publicidade no filme original de Paul Verhoeven, que estreou em 1987, se manterá nesta atualização, embora centrada na figura dos meios de comunicação.

O diretor de Tropa de Elite (2007) e sua sequência estreia desta maneira em Hollywood em grande estilo, mas apesar das expectativas e o grande orçamento – cerca de US$ 100 milhões – comentou que para ele foi uma filmagem a mais, sem maior pressão que em algumas ocasiões anteriores.

“Filmei da mesma forma que no Brasil. Não sei fazê-lo de outra forma”, afirmou Padilha.

Na apresentação do filme também estiveram Joel Kinnaman (o novo Alex Murphy/Robocop), Samuel L. Jackson, Michael Keaton e Abbie Cornish.

Kinnaman, conhecido por seu trabalho na série The Killing, retoma o papel de agente da lei convertido em máquina de matar popularizada por Peter Weller no filme original, algo para o qual disse estar mais do que preparado.

“Em minha vida terei visto Robocop entre 25 e 30 vezes. Ensaiava sua voz e seus movimentos inclusive antes de saber que queria ser ator. Pode-se dizer que conhecia esse mundo. Embora não estivesse preparado para usar essa armadura”, afirmou o ator, um comentário que obteve rápida resposta por parte de Keaton.

“Pare de choramingar, eu fui o pioneiro deste tipo de filmes”, disse entre risos em referência a seu papel de Batman nos filmes dirigidos por Tim Burton.

Kinnaman comentou que os espectadores poderão conhecer realmente Alex Murphy, o policial ferido mortalmente cujo corpo é usado por uma poderosa corporação, a OmniCorp, para testar um protótipo robótico que poderia se transformar em uma eficaz arma de destruição.

Ao contrário do que ocorre na obra de Verhoeven, seu personagem, um homem casado e com filhos, voltará a seu núcleo familiar após sofrer uma tragédia e, já convertido em homem máquina, tentará entrar em contato com seus entes queridos.

“Não é fácil aceitar um corpo robótico em sua casa, incapaz de ter sentimentos por eles”, sustentou.

Além disso revelou que nesta versão vão aparecer um par de linhas de diálogo icônicas provenientes da trama original. “São um pequeno exemplo, mas não queríamos trazer tudo aquilo de volta. Não queríamos ser desrespeitosos”, declarou.

Já Jackson admitiu que lhe atraiu a ideia de participar do projeto porque guarda uma lembrança muito especial de quando viu o filme original pela primeira vez e porque lhe entusiasmou “a ideia de um Robocop moderno, com a tecnologia atual”.

Keaton disse que aceitou participar no filme por causa de seu “roteiro inteligente” e prometeu um produto “extremamente entretido e relevante, com dilemas morais”, enquanto Cornish reconheceu que a filmagem foi “a mais simples” de sua vida.

“José é um diretor incrível e talentoso. Robocop teve uma grande importância em minha infância, portanto fazer parte disto foi um sonho”, finalizou Cornish.


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José Padilha promete um Robocop político e com elementos filosóficos