Estreia nesta sexta-feira (6) a aguardada segunda temporada de Orange is The New Black, série original do Netflix. A atração, baseada em uma história real, acompanha a jornada de Piper Chapman (Taylor Schilling), uma novaiorquina de classe média alta que é condenada a 15 meses de prisão por ter carregado uma mala de dinheiro que pertencia à traficante Alex Vause (Laura Prepon), sua namorada de dez anos atrás.

A primeira temporada rapidamente ganhou fãs e, por meio do boca-a-boca, virou hit internacional. Criada por Jenji Kohan (Weeds), a série acertou em cheio ao examinar não somente as experiências das duas protagonistas, que se reencontram na prisão, mas também do seu grande elenco de personagens coadjuvantes.

Uma dos mais marcantes é Big Boo, vivida por Lea Delaria, uma detenta de temperamento forte que criada especialmente para a atriz pelos produtores do programa. Veterana, Lea já havia aparecido em programas como Will & Grace, Californication, Friends e Law & Order, além de atuar em espetáculos da Broadway, ser uma respeitada comediante de stand-up e cantar com sua banda de jazz.

Em passagem pelo Brasil para participar da 18ª Parada do Orgulho Gay, que aconteceu em São Paulo no dia 4 de maio, Lea conversou com Virgula Diversão sobre a série, a carreira e a indústria do entretenimento. Confira:

Virgula Diversão: O que essa temporada traz de especial – o que podemos esperar?

Lea Delaria: Não quero contar muito sobre a trama, mas posso dizer que você vai conhecer o passado e muito do lado negro da minha personage, a Big Boo. Na primeira temporada, ela passou por um término complicado e sabemos que ela tem um temperamento forte. Agora, vamos ver isso de forma mais explosiva.

Você foi a primeira comediante assumidamente gay a aparecer no horário-nobre da TV americana, em um stand-up no Arsenio Hall Show. Qual é a importância desse momento na sua carreira e nas lutas pelos direitos LGBT?

Na verdade, as pessoas falavam e ainda falam que fui a primeira no horário nobre, mas na verdade fui a primeira comediante gay a aparecer na TV – ponto. Foi importante para mim, claro, e para a visibilidade da comunidade.

Orange Is The New Black é centrado na história de Piper Chapman, mas o público se apaixonou por todo os personagens coadjuvantes. Por que você acha que isso aconteceu?

Realmente, e é um mérito do roteiro. Os roteiristas são brilhantes na maneira como exploram cada um dos personagens, que são cheios de nuances. Além disso, há personagens que nem sempre você vê na TV – latinas, negras, gays, imigrantes, todas em uma situação muito peculiar. O crédito vai todo para os roteiristas.

Quanto tempo levou para você perceber que o programa era um sucesso absoluto?

Foi muito rápido e de uma hora para outra. De repente, você começa a ser reconhecida na rua. É maluco. Tudo mudou agora. Antes, você gravava uma temporada e rezava para que o programa fosse renovado – na maioria das vezes, não era. Hoje, a temporada estreia de uma vez no Netflix. A relação das pessoas com a TV mudou com isso.

E você acha que isso é bom?

Definitivamente, é muito bom, a melhor que aconteceu na TV em muito tempo. Para começar, como você produz a temporada inteira de uma vez, os roteiristas tem liberdade criativa para pensar no produto como um todo, em vez de pensar na audiência a medida que vão gravando.

Como você disse, Orange is The New Black tem em seu elenco uma diversidade étnica muito grande. Você é uma atriz com mais de 20 anos de carreira, mas parece nunca ter se comprometido com os padrões de beleza de hollywood. Como enxerga essa pressão da indústria?

É curioso, porque a maioria das atrizes desaparece em um dado momento. Elas tem carreiras aos 20, 30 e 40 anos. Depois, somem e você não as vê na TV ou cinema, muito menos nas revistas. Essa indústria é muito cruel. Depois, elas reaparecem aos 60, como atrizes veteranas em papéis de mães e avós. De um lado, parte da mídia insiste que elas sejam jovens, e de outro, que envelheçam “com dignidade”. Não é à toa que tantas fazem plásticas.

Assista ao trailer da segunda temporada de Orange Is The New Black


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Lea Delaria, de Orange Is The New Black, diz que público verá lado sombrio de Big Boo