Ana Paula Xongani é casada, mãe de uma menina de dois anos e estilista de moda afro. Além disso, ainda arranja tempo para ser youtuber. A “tripla jornada” é comum entre vlogueiras negras que atuam na plataforma de vídeos, algo que Ana confessa fazer por paixão.
Crítica do sistema que massacra a chance de divulgação maior das personalidades negras, Xongani integra uma resistência que vem ganhando cada vez mais espaço no Youtube. “Todo mundo começou do mesmo ponto de partida, sem estrutura, sem câmera e tudo mais. Mas o mercado abraçou essas mulheres não negras e não abraça as negras. O racismo que a gente vive fora do Youtube, vive no Youtube também. Mesmo assim, de alguma forma, a gente vem resistindo. Com dois empregos, enfim, cada um tem uma forma de fazer outro trabalho pra se sustentar. Hoje, a gente faz Youtube por real paixão, resistência e busca por representatividade”, diz ela, que conta abaixo sua história e seus objetivos com o canal.
O começo
Meu processo começa com a Xongani, que minha marca de moda, moda afro. E a gente começou a produzir a partir de observar essa necessidade de ter produtos para o nosso corpo. Foi nesse primeiro momento que a gente abriu um canal no Youtube, mas até aí era apenas um depósito de vídeos. Vendo a nossa falta de representatividade, comecei a pensar ‘poxa, mais um lugar onde nós não estamos’. Não estamos na revista, não estamos no jornal, e o Youtube é uma plataforma livre onde podemos sair desse lugar de objeto e produzir nossas histórias. E eu acho que tenho algo a contar, tanto nas minhas criações, quanto na minha história. E aí comecei a perceber que as poucas mulheres negras que estavam no Youtube falavam a mesma coisa. Inclusive do que eu de vez em quando falo, que é sobre beleza, porque foi a forma que a gente encontrou de falar da gente, mas fiquei me questionando se só falar de moda era suficiente nessa plataforma. Sendo eu uma mulher negra, não fazia sentido falar de maquiagem sem questionar o mercado, não fazia sentido falar de batom vermelho sem falar do racismo que essa batom carregava, não fazia sentido falar de moda sem falar de representatividade.
Dificuldades da presença de negros na internet
Uma série de fatores fazem com que os negros não estejam nessa plataforma. A gente não consegue representatividade pela mesma lógica racista do mercado e da comunicação de modo geral, porque infelizmente ela tem os seus donos. Eu entendo o Youtube como um lugar de paixão, mas que só funciona para essas pessoas não negras porque existem uma lógica de mercado que sustenta elas a falarem do que elas querem falar. Ou seja, elas começam a falar por paixão, por amor, mas depois o mercado abraça essa ideia e elas começam a viver daquilo. Hoje elas vivem falando delas, mas ganham bem pra isso. E essa lógica não funciona com negras, e é um problema muito complexo, que é o problema do racismo na comunicação, na economia, o tal racismo institucional. O mercado não nos vê nem como consumidor, nem como objeto de comunicação. Então hoje as youtubers não crescem por uma lógica. Todo mundo começou do mesmo ponto de partida, sem estrutura, sem câmera e tudo mais. Mas o mercado abraçou essas mulheres não negras e não abraça as negras. O racismo que a gente vive fora do Youtube, vive no Youtube também. Mesmo assim, de alguma forma, a gente vem resistindo. Com dois empregos, enfim, cada um tem uma forma de fazer outro trabalho pra se sustentar. Hoje, a gente faz Youtube por real paixão, resistência e busca por representatividade.
Racismo
Quando eu comecei, não pensei nisso. Mas no primeiro vídeo a gente já começa a sofrer ataques racistas. Hoje eu falo que o racista também evoluiu, ele não vai entrar lá e falar “macaca”. Ele vai te desqualificar de alguma forma. ‘Ah, você é horrível, muito feia’. E isso é constante. Geralmente são homens e homens brancos. São ataques constantes e maltrata mais quando ataca uma seguidora minha. Isso me mata! Porque eu coloquei a cara ali pra bater, porque eu estou ali pra viabilizar o racismo que sofro todos os dias de forma velada, porque a internet é a terra dos corajosos, né? Mas a gente abre um canal de comunicação, aos poucos podemos trazer essas pessoas para o Youtube e, quando elas estão dispostas, vem alguém e interrompe isso aí? Mas é constante, não tem um único vídeo nesses 10 meses que não tenha um ataque, e isso já me impediu de, por exemplo, colocar minha filha. Eu fiz um vídeo de dia das mães e cheguei a gravar com ela falando ‘feliz dia das mães para todas as mães’. Eu fiz o vídeo, ela estava sozinha na imagem e eu não postei, porque não ia aguentar atacarem elas. Tenho vídeos com ela, mas ela sozinha eu não aguentei.
Responsabilidade do Youtube
Não seja que seja culpa do Youtube. Ele tá vendo número e os nossos são mais baixos, logo nós aparecemos menos, e logo isso vira uma bola de neve. É a estrutura que acaba nos esmagando. Não acredito em um processo de racismo na plataforma, mas acho que ela podia ter uma atuação mais forte pra evitar esse racismo que é tão sistemático. De alguma forma, ela poderia ver quais são os assuntos dessa população e otimizar, e não utilizar como métrica principal os números. Porque se não vira um ciclo que nunca conseguiremos entrar.


























































Stevie Wonder
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Mano Brown
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Buddy Guy e sua guitarra cheia de personalidade
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Milton Nascimento não é mineiro. Nasceu no Rio mas foi em BH que sua carreira musical teve início, primeiro com o Clube da Esquina (forma...

Nina Simone
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O álbum <i>Ascenseur pour l'échafaud</i>, um dos mais cultuados LPs do trompetista <b>Miles Davis</b> também completa 50 anos em 2008

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Marca de refrigerante vai "ressuscitar" Michael Jackson em nova campanha publicitária
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