Uma dose oral de antirretrovirais contra o HIV pode reduzir drasticamente o risco de transmissão do vírus da Aids entre casais heterossexuais, segundo dois estudos divulgados na última quarta-feira, 13,  pelos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Os dois estudos, realizados na África, demonstraram a eficácia de um tratamento profilático para evitar a transmissão do HIV entre casais heterossexuais ainda não infectados, e representam um grande avanço no combate à Aids, segundo os pesquisadores.

“São resultados muito emocionantes para a prevenção global do HIV. Agora contamos com resultados de dois estudos que demonstram que o tratamento profilático antes da exposição ao vírus (Prep, na sigla em inglês) pode funcionar para os heterossexuais, a população mais afetada pelo HIV no mundo”, segundo Kevin Fenton, responsável de um programa contra doenças transmissíveis dos CDC.

“Juntos, esses estudos fornecem provas sólidas do poder desta estratégia de prevenção”, destacou em comunicado.

Um dos estudos, denominado “TDF2” e realizado pelos CDC com o Ministério da Saúde da Botsuana, determinou que uma dose oral diária do coquetel “Truvada” – que combina os antirretrovirais emtricitabina e tenofovir – reduziu o risco de transmissão em cerca de 63% entre homens e mulheres não infectados.

Os dois antirretrovirais são inibidores da transcriptase reversa, análogos dos nucleósidos (NRTI, na sigla em inglês). Os NRTI bloqueiam a transcriptase reversa, uma proteína que precisa do HIV para se reproduzir.

No estudo “TDF2” em Botsuana, 601 adultos tomaram “Truvada”, dos quais nove desenvolveram infecções, em comparação com 24 dos 599 que tomaram placebo.
O estudo dos CDC deveria ser publicado na próxima segunda-feira durante uma conferência internacional sobre Aids em Roma, mas as autoridades decidiram fazê-lo nesta quarta-feira após o vazamento não autorizado do estudo.

Em paralelo, os resultados preliminares de um estudo da Universidade de Washington, realizado entre 4.758 casais no Quênia e Uganda, confirmaram que o tratamento profilático reduziu o risco de transmissão em 62% para os casais que receberam apenas tenofovir (“Viread”) e em 73% para as que tomaram “Truvada”.
Os CDC ajudaram a supervisionar dois dos novos lugares onde este estudo foi realizado, do qual participaram tanto portadores de HIV quanto seus parceiros não infectados.

Diante da ausência de uma vacina que proteja a população contra o HIV, os estudos sugerem que este tipo de tratamento profilático pode ser o roteiro para frear o contágio da Aids nos países em vias de desenvolvimento, ou pelo menos diminuir sua proliferação. 


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Dose de medicamento reduz risco de contágio de HIV, diz estudo