Candidatos à presidência: Eduardo Jorge


Créditos: Reprodução/Twitter

Assim como Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL) e Aécio Neves (PSDB), o candidato Eduardo Jorge (PV) respondeu às perguntas elaboradas pelo portal Virgula, todas focadas no universo do jovem brasileiro. 

 A assessoria do candidato Pastor Everaldo (PSC) não respondeu à solicitação de entrevista, e a assessoria da presidenta Dilma Rousseff (PT) pediu desculpas por não ter conseguido responder a tempo, mas se comprometeu em falar com o Virgula no segundo turno das eleições.

 Leia abaixo as respostas do candidato Eduardo Jorge.

 

Virgula – Como pretende aumentar o número de vagas nas universidades públicas federais durante a sua gestão?

Queremos fortalecer e ampliar a oferta pública de educação superior e suas formas de acesso. Vamos garantir o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação aprovado pelo governo federal em junho de 2014, em especial a meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público. O próprio PNE estabelece estratégias para esta ampliação. Queremos ainda fortalecer as universidades como centros de extensão e pesquisa, além do ensino, orientadas para a produção de conhecimento, com intercâmbio mais amplo de jovens brasileiros (as) em universidades internacionais.

Virgula – O senhor é a favor de cobrar mensalidade de quem pode pagar nas universidades públicas?

Tenho dúvidas sobre isso.

Virgula – O que sugere para melhorar a educação de base no país?

O principal ponto em nosso programa de educação é tornar a profissão atrativa para os professores e lhes dar segurança para serem uma fonte inspiradora de valores para as crianças e jovens. Adequação constante do currículo para responder às necessidades das populações, em diálogo com vários agentes educacionais, incluídas famílias e estudantes. Oferecer condições objetivas no ensino médio para que estudantes encontrem caminho profissional, preparem-se para ensino superior ou formação técnica. Promover carreira nacional de base municipal, mais urgentemente para docentes do ensino fundamental, com salário que garanta vida digna, torne a profissão atrativa e dê estabilidade e segurança para serem fonte inspiradora de valores para crianças e jovens. Promover concursos de acesso nacionais, com seis níveis na carreira.

Virgula – O senhor é a favor das cotas para negros nas universidades?

Sim. Manter a instituição de políticas sociais e de ação afirmativa particularizadas para a população negra. Já na abolição da escravatura, Joaquim Nabuco e o engenheiro André Rebouças propunham que aos libertos fossem garantidas oportunidades de trabalho remunerado e educação, sem os quais os negros apenas trocariam o cativeiro pela miséria. Rebouças propunha ainda que os ex escravos deveriam receber terras para cultivar, de modo a lhes garantir sustento e contribuir para o desenvolvimento do país. Como tais medidas não foram implementadas à época, o Brasil tem o dever de reparar as sequelas da escravidão.

 

Virgula – O que pretende fazer em relação ao projeto de descriminalização da maconha?

Promover a legalização e regulação pelo estado do acesso à maconha, estabelecendo condições de produção, consumo e venda, combatendo a economia do crime e aliviando o sobrecarregado sistema carcerário brasileiro. A política proibicionista impulsionada mundialmente nas últimas décadas tem tido efeito radicalmente contrário aos seus objetivos. O consumo não caiu, e pior, construiu indiretamente uma economia do crime poderosa, violenta, opressiva. O tráfico da maconha é um dos principais pilares desta economia criminosa no Brasil e no mundo.

A proposta do PV em momento algum é estimular o uso de drogas psicoativas, sejam elas legais ou ilegais. O que queremos é quebrar a economia do crime e transferir o investimento feito hoje na repressão policial e manutenção de penitenciarias para as políticas de educação e saúde, que reduzam o dano do uso das drogas causado pelas drogas psicoativas:

1. Orientação sobre possíveis malefícios à saúde para se possível evitar o seu uso;

2. Orientação para o uso mais moderado possível para aqueles que optem por algum motivo por usar algumas destas drogas para evitar prejuízos maiores à sua saúde;

3. Caso haja sinais de dependência pelo uso imoderado, o sistema de saúde quer estar ao alcance da mão das pessoas e das famílias para ajuda-los a superar esta dependência.

Divulgar amplamente à sociedade informações sobre efeitos negativos do uso excessivo de maconha para saúde, tal como já é prática em relação ao álcool e ao tabaco.

Priorizar assistência e educação no lugar de repressão.

Montar estrutura de apoio de saúde para casos graves de dependência (cerca de 10% do universo de consumidores) e para famílias que desejam apoiar os jovens a se livrar da dependência da maconha.

Promover ampla discussão sobre estratégias mais inteligentes e eficazes para reduzir os danos em relação aos demais tipos de drogas psicoativas ilegais.

Mais segurança, menos violência para todos os brasileiros. Libertar a polícia deste jogo de gato e rato com a economia e o exército do tráfico para se concentrar nos outros fatores que são causas da atual epidemia de crimes violentos no Brasil.

Virgula – O que acha da distribuição de kit anti-homofobia nas escolas?

O PV quer promover uma educação inclusiva e com políticas contra o bullying e respeito à diversidade. Promover igualdade de direitos da população LGBT: casamento, adoção, direito à herança e plano de saúde para parceiro. Tornar obrigatória na grade curricular a educação para os direitos humanos como forma de combate a todo tipo de desigualdade, descriminação, violência, abuso etc, bem como a mais efetiva e poderosa ferramenta para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do estabelecimento da paz mundial.

Virgula – O senhor é a favor da criminalização da homofobia?

Sim. Trabalhar para a aprovação e regulamentação da lei de identidade de gênero para travestis e transexuais. Incentivar a aprovação de legislação que criminalize a homo/lesbo/transfobia, equiparando-as aos crimes de racismo.

Virgula – Qual é a sua proposta para capacitação de jovens para o primeiro emprego?  

Adequação constante do currículo para responder às mutantes necessidades das populações, em permanente diálogo entre vários agentes educacionais, incluídas as famílias e estudantes. Oferecer condições objetivas no ensino médio para que alunos e alunas encontrem o seu caminho profissional, preparem-se para fazer o ensino superior ou garantam sua formação técnica. Fortalecer as universidades como centros de extensão e pesquisa, além do ensino, orientadas para a produção de conhecimento, com intercâmbio mais amplo de jovens brasileiros (as) em universidades internacionais.

Virgula – Como é possível incentivar o uso de meios de transporte alternativos, como a bicicleta, nas grandes cidades?

Conceder de fato prioridade, nas políticas públicas relativas à mobilidade urbana, aos modos não-motorizados, ao transporte coletivo e à integração entre eles, desta forma favorecendo a humanização do espaço público e a democratização do acesso à cidade. Reduzir, com metas e ações definidas, o alto número de mortos e feridos no trânsito, dedicando especial atenção aos mais frágeis. Fortalecer a segurança do pedestre e do ciclista e a direção defensiva através de um programa mais forte de prevenção à violência no trânsito. Promover programa de traffic calming, com redução de velocidade e uso de elementos geométricos para redução de risco para pedestres, deficientes e ciclistas. Promover uma política de reorganização do setor de bicicletas, com subsídios e IPI zero. Retomar e fortalecer o programa Bicicleta Brasil. Promover campanhas educativas de respeito no trânsito. Efetivar planejamento de trânsito que leve em conta a existência de pedestres, pessoas com deficiência, ciclistas, skatistas e outras mobilidades não dependentes de motorização.

Virgula – O senhor é a favor da descriminalização do aborto?

Sim. Queremos reduzir ao máximo o número de abortos ampliando a oferta de planejamento familiar e fazendo com que este chegue ao maior número possível de pessoas no país. Enfatizar educação sexual nas escolas, em especial no ensino médio, para uma vida mais feliz e para evitar gravidez precoce. Descriminalizar a interrupção da gravidez, com regras e limites quanto à idade gestacional, para garantir segurança a milhares de mulheres que hoje realizam o procedimento clandestinamente a cada ano e que pela lei atual são consideradas criminosas perante a lei. Neste momento de acolhimento da mulher, orientá-la para o planejamento familiar e assim evitar novos episódios de aborto.

 

 

 

 


int(1)

Entrevista com os candidatos à presidência: Eduardo Jorge