A filosofia da Escola de Princesas, serviço mineiro que ganhará filial em São Paulo ainda neste mês, é clara: devemos resgatar os valores éticos e morais que se perderam nesta sociedade extremamente libertina e degradante que corrompe nossas crianças. Crianças, não – meninas, na verdade. Na escolinha cor-de-rosa, as pequenas aprendem, desde os 4 anos de idade, que alguns papéis são de total responsabilidade das mulheres, a serem executados sempre com muita delicadeza, feminilidade e modos, é claro.

Sim, deixem os “príncipes” fora disso. Não estamos falando de aulas sobre independência, autonomia, liberdade e amor próprio. Os deveres, que são transmitidos em um total de 12 módulos, ensinam às garotas se portar como uma dama à mesa, princípios morais do matrimônio, prendas de princesa (corte e costura, culinária e outras atividades muito femininas) e conceitos de estética.

De acordo com a mãe de uma das alunas, as meninas que participam deste curso aprendem, ainda na infância, a “liderar” a organização de casa. Elas podem até chefiar a ajudante ou diarista, dá para acreditar? Além da retomada de valores, estamos retomando a mentalidade de algumas décadas – quiçá séculos – anteriores. A entrevista sobre a Escola de Princesas, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, viralizou nas redes sociais nessa quarta e é prova disso. Afinal, a Escola tem muitos entusiastas, para o nosso horror.

Você pode assistir aqui, ó.

Enquanto alguns comentários criticavam a iniciativa, outros defendiam a filosofia machista por trás do empreendimento das princesas, como se as meninas realmente precisassem de aulas para arrumar a cama e o guarda-roupa de casa, além de idealizar um casamento com divisão de tarefas – as domésticas para elas, é claro. Nós não sabemos nem o que dizer, apenas sentir, como diria Roberta Miranda.

Veja comentários que provam que estamos a um passo de voltar para anos tristes como os de 1964:


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Esses comentários sobre a Escola de Princesas provam que estamos no século errado