A iraquiana Nadia Murad, de 25 anos, foi uma das ganhadoras do prêmio Nobel da Paz, anunciado nesta sexta-feira (5). Nadia foi escrava sexual do Estado Islâmico por três meses em 2014. E, depois disso, se tornou uma ativista pelos direitos humanos e luta em seu país pela proteção das vítimas de abusos sexuais e da minoria étnico-religiosa yazidi, da qual ela faz parte.

“Nadia Murad é uma testemunha que fala contra os abusos sofridos por ela e pelos outros. Ela tem mostrado coragem incomum em recontar seus próprios sofrimentos e falar em defesa das vítimas”, disse o comitê do Nobel da Paz ao anunciar seu nome.

O prêmio, que foi dado a ativistas que lutam contra a violência sexual como arma de guerra, será dividido com o médico ginecologista congolês Denis Mukwege, de 63 anos, por seu trabalho ajudando cerca de 30 mil vítimas de ataques sexuais sofridos durante as guerras na República Democrática do Congo, na África. O médico diz que estupros são usados como “arma de destruição em massa” durante os conflitos.

“O príncipio básico de Denis Mukwege é que ‘justição é da conta de todo mundo’. O vencedor do Nobel da Paz 2018 é o mais importante símbolo, nacional e internacionalmente, de luta para acabar com o fim da violência sexual em guerras e conflitos armados”, afirmou o comitê.

Em 2016, Nadia foi nomeada a primeira embaixadora da Boa Vontade da ONU para a Dignidade de Sobreviventes do Tráfico Humano e, na época, fez um discurso pedindo que os políticos olhassem por pessoas comuns como ela.

“Hoje eu quero transmitir uma mensagem de todas as vítimas e refugiados de todo o mundo porque vocês como líderes mundiais devem saber que tudo que fazem impactam positivamente ou negativamente na vida das pessoas simples como eu. Vocês decidem se haverá guerra ou paz. Vocês decidem dar esperança ou criar sofrimento. São vocês que decidem se outra garota, assim como eu, em outro lugar do mundo, poderá seguir com sua vida normal ou será forçada, como eu fui, a experienciar sofrimento, servidão ou estupro”, disse durante evento da Organização das Nações Unidas.


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Ex-escrava sexual do Estado Islâmico ganha Prêmio Nobel da Paz