Você costuma ser abordado por policiais sem razão aparente? Temeu pela sua vida se isso já te aconteceu? Ou então tem receio que alguém da sua vizinhança chame as autoridades ao te ver caminhando sozinho pela rua? Bom, se você respondeu “não” para todas essas perguntas, então você tem um privilégio. Um privilégio que Shola Richards e milhares de pessoas tanto nos Estados Unidos, quanto aqui no Brasil, não têm: o de não ser julgado pela cor da pele.

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Richards, morador de Los Angeles, na Califórnia, revelou em seu Facebook que ele só anda pela vizinhança acompanhado de suas filhas e do cachorro da família.

Por que ele faz isso? Pois Richards, um homem negro, de 45 anos e de porte atlético, tem medo de ser confundido com algo que ele não é ao andar sozinho. Na publicação, ele explica como as pessoas o enxergam quando ele está com a família em comparação quando está só.

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“Quando estou andando na rua sozinho, segurando a mão da minha filha e levando meu cão peludo e fofo para passear, eu sou apenas um pai carinhoso e o dono de um animal que está dando um tempo nesta triste crise de educar [as crianças] em casa.

Mas sem eles ao meu lado, quase que instantaneamente eu me transformou em uma ameaça aos olhos de algumas pessoas brancas. Ao invés de ser o pai carinhoso de duas meninas, infelizmente tudo o que alguns enxergam é um homem negro, de 1,88 metros de altura, porte atlético, com uma máscara de tecido que está andando em um local que ele não pertence (mesmo que eu ainda seja o cara que só quer caminhar pela vizinhança). É igualmente exaustivo e deprimente sentir que não posso andar sozinho por medo de virar um alvo”, dividiu Richards, que é escritor e palestrante.

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Ele desabafa que “morre de medo” de andar sem suas filhas e seu cachorro: “na verdade, nos quatro anos que moramos nesta casa, eu nunca caminhei sozinho pela vizinhança (e provavelmente nunca irei)”.

E aos que acham que Richards está apenas se “vitimizando”, ele reforça: “esta é a minha realidade”.

“Se você está surpreso com isso, não fique. Vivemos em um mundo onde uma quantia razoável de pessoas realmente acredita que racismo não existe e que o privilégio branco é uma fantasia criada pelos politicamente corretos. Sim, mesmo diante de [casos como] George Floyd, Christian Cooper, Ahmaud Arbery, e Breonna Taylor [Floyd, Arbery e Taylor foram assassinados por policiais; Cooper foi vítima de racismo no Central Park] (e há inúmeros outros exemplos antes deles, e muitos que ainda surgirão) e algumas pessoas ainda não entendem”, escreveu.

O escritor rebateu algumas concepções, como por exemplo o “privilégio branco”, citado anteriormente em seu texto.

“Ter privilégio branco não significa que sua vida não é difícil. Significa que sua cor de pele não é um dos fatores que contribui para essas dificuldades. Neste caso, se nunca passou pela sua mente que poderiam chamar a polícia (ou pior, que você poderia ser morto) por simplesmente observar pássaros [fazendo alusão ao caso de Christian Cooper], então saiba que é um privilégio que negros (inclusive eu) não usufruem atualmente”, explicou.

Richards ainda reforçou o quão importante é o apoio de pessoas brancas na luta contra o racismo. “Para que o racismo melhore, aliados brancos são absolutamente necessários […] Por favor, continuem usando suas vozes (mesmo que alguns amigos e familiares virem os olhos para você), porque elas importam para pessoas de cor mais do que nunca”.

Ele afirmou que, por enquanto, continuará andando na companhia das filhas e de seu cão, na esperança que o deixem seguro.

Ao programa Today Show, Richards disse que escreveu o longo texto em um estado de “completo desespero” diante de casos como o de George Floyd, homem negro que morreu ao ser detido pela polícia de Minneapolis. Em um vídeo chocante de sua morte, o policial Derek Chauvin aparece com o joelho pressionando o pescoço de Floyd, mesmo ele estando de bruços no chão e já algemado. O homem de 46 anos dizia repetidamente: “não consigo respirar”. Chauvin foi preso e será julgado por homicídio culposo.

“As histórias recentes de Ahmaud Arbery, Breonna Taylor, Christian Cooper e George Floyd me dilaceraram emocionalmente. Como um homem negro, ouvir essas histórias repetidamente é como ‘morrer por milhares de cortes de papel’. Honestamente, destrói a alma. Eu não estava comendo, nem dormindo bem e perdi peso. Muitos dos meus amigos brancos mais próximos não conseguiam entender o tamanho do meu luto, então quis escrever sobre minhas próprias experiências esperando que possam ser úteis para eles”, explicou Richards.

Menino monta barraca de cachorro-quente para ajudar vítimas de furacão

Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian sc10 Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Menino abre mão de viagem à Disney para ajudar vítimas do furacão Dorian Jermaine Bell, da Carolina do Sul, usou suas economias para montar uma barraca de cachorro-quente e alimentar as vítimas do furacão Dorian. Ele distribui lanche, água e salgadinhos gratuitamente para os moradores mais necessitados Créditos: Reprodução/WJBF

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O que levou este homem a não andar sozinho pela vizinhança vai abrir seus olhos