Os últimos filmes de Clint Eastwood retratam seus sentimentos, pensamentos e um pouco de sua vida. Além da Vida é um longa-metragem espírita e mostra que o diretor já aceitou a sua própria morte – quando ela vier – e está preparado para enfrentar o que se encontra do outro lado.

A trama pode ser comparada a de Babel (2006), filme dirigido por Alejandro González Iñárritu. Pessoas com vidas diferentes têm suas trajetórias entrelaçadas na trama. No caso de Além da Vida, são três personagens fascinados pela morte de alguma forma que se encontram no desenrolar da história. Matt Damon é o protagonista, que interpreta George Lonegan, um vidente de primeira linha que conversa com os mortos.

O lado espiritual se escancara quando o irmão de Lonegan o convence a ver o passado de um amigo pessoal, pois o personagem de Damon está há muito tempo sem “conversar com as pessoas do além”. É a partir deste momento que o filme-espírita começa a ganhar força. Neste ponto dá para perceber que é um filme sobre Eastwood.

Tira-se de visão Lonegan e surge a jornalista francesa Maria LeLay (Cécile De France). Ela deixa o quarto de hotel para comprar presentes e, repentinamente, acontece um tsunami – referência ao desastre que aconteceu em 2006 na Indonésia e chocou o mundo. Ela é pega de surpresa. Tenta fugir do afogamento, mas tal situação é inevitável. Algo acontece e “boom”, uma imagem do que seria o plano espiritual surge na tela. Ela é dada como morta, mas dentro de poucos minutos está de volta à vida.

Saem Lonegan e Lelay e entram os gêmeos Marcus (Frankie McLaren) e Jason (George McLaren). Criados por uma mãe alcoólatra e viciada em heroína, eles são bem pacientes com seus problemas. Quando quase perde a guarda para seus filhos para o Conselho Tutelar, ela resolve largar o vício. Jason vai para a farmácia comprar remédios para ela e “boom”, sofre um grave acidente e morre.

A partir destes pontos de partida – cujas histórias contadas aqui não contém nenhum tipo de “spoiler” para que nenhum leitor fique bravo – é que a jornalista, Marcus e Lonegan começam a entrelaçar um encontro. Eles pelo fascínio pela morte. Ele por ser um vidente conceituado que quer se livrar de seu dom que causa muitos problemas – ou seria uma maldição?

Todo o restante de Além da Vida pouco serve para o resultado final. Eastwood se perdeu na direção e no maravilhoso roteiro de Peter Morgan. O filme poderia ter uma hora de duração (ou menos) e a mensagem seria passada da mesma forma e com mais nitidez. Sem enrolações e aborrecimentos.

Uma conclusão para Além da Vida? É como ler um livro inteiro, com capítulos rasgados, que no final das contas não fará sentido nenhum pela falta de argumentos, conteúdo e uma conclusão concisa e plausível.


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Além da Vida: Fascínio pela morte mobiliza Clint Eastwood