Papo franco com João Kleber


Créditos: Divulgação/Record

Tem um ditado popular que diz que “quem foi pra Portugal perdeu o lugar”. Em um primeiro momento podemos pensar que isso aconteceu ao João Kleber ao ir embora do Brasil. Sucesso absoluto, no começo dos 2000, com o quadro Teste de Fidelidade na Rede TV!, ele deixou o país para morar na terra de Camões, depois que a emissora foi obrigada a ficar fora do ar por um dia em São Paulo por conta de pegadinhas politicamente incorretas de seu programa. O apresentador faz questão de dizer que não é responsável pelos fatos e que seu nome “nem consta no processo judicial”.

Mas, assim como Portugal ao entrar para a União Europeia deixou seu ranço de um lugar parado no tempo e hoje dita comportamento aos europeus como, por exemplo, a aprovação do casamento gay ou a liberação de todas as drogas, João Kléber também mudou sua imagem para o telespectador brasileiro durante A Fazenda 4. Ele mostrou um lado mais intelectual e emocional de sua persona, muito distante das baixarias que o Te Vi na TV transmitia.  “Nós humoristas, às vezes, somos infelizes em algumas piadas”, disse o comediante ao Virgula Famosos em entrevista exclusiva em um restaurante de um amigo português — é claro — de João, na região dos Jardins, em São Paulo.

Distante do Brasil há seis anos, sua volta aconteceu exclusivamente para participar do reality show da Record. Se, em sua época, suas pegadinhas eram adoradas e também criticadas por passarem, para alguns, do limite do que é um bom humor e do que é preconceito, João Kleber pós Portugal também mudou (ou agora deixou mais explícita) sua opinião sobre as fronteiras de uma boa piada. Ao ser informado pela reportagem que o humorista Rafinha Bastos estava respondendo ao Ministério Público por declaração favorável ao estupro com a seguinte piada em seu show de stand up comedy: “Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia… Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus.”, ele não saiu em defesa do colega, apesar de afirmar que Rafinha é muito talentoso. “Eu não sabia que o Rafinha tinha montado uma empresa de humor ao lado do Paulo Maluf. Por que não foi o Paulo Maluf que disse: ‘Estupra, mas não mata’?”, respondeu com uma fina ironia.

Seu retorno (temporário?) também traz críticas ao país. “Está menos seguro aqui. Sinto uma certa insegurança nas pessoas, todos com medo da violência. E também o país está muito atrasado em relação à ecologia. Você anda pelas ruas e tem poucas lixeiras, e quase nenhuma de lixo reciclável”.

Já sobre A Fazenda, ele aponta que os grandes vilões dessa edição são Gui Pádua e Anna Markum e que esta última foi uma grande decepção intelectual para ele. “Eu perguntei: ‘Anna, você leu Lusíadas [clássico de Luís de Camões]?’ E ela respondeu: ‘não sei se na faculdade eu li esse autor’”.

Já sua torcida vai para o ex-jogador Dinei e sua grande paixão: Joana Machado. “Ela é uma pessoa com um ‘sex appeal’, é redundância falar isso, é chover no molhado e eu, lógico, comecei a me atrair”, derreteu-se. Mas, como bom galã português que não quer ser o personagem que conquista uma mulher casada como no romance Primo Basílio de Eça de Queiroz, ele diz: “Ela é uma mulher compromissada, eu tenho respeito pelo namorado dela, mas adoraria tomar um vinho com ela”. E olha que isso não é piada de português.

Veja no vídeo abaixo mais opiniões de João Kleber sobre A Fazenda e se ele pensa em voltar ao Brasil:

Entrevista com João Kleber


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Depois de "A Fazenda", João Kleber deixa ranço de humor tosco para trás