O erotismo é o protagonista da conferência internacional de histórias em quadrinhos Rio Comicon, que começou nesta terça-feira (09) no Rio de Janeiro, com uma homenagem especial ao ícone dos desenhos eróticos, o italiano Milo Manara. Com a assinatura de Manara, o cartaz de apresentação do evento mostra uma mulher morena, vestindo uma roupa curta nas cores da bandeira brasileira, com a paisagem do Rio como fundo.

Após quase 20 anos sem organizar eventos deste estilo, o Rio Comicon chega como uma versão própria da onda de mais de 40 edições de conferências internacionais dedicadas aos romances gráficos desde os anos 70, como o Comics (de Londres), o Napoli Comicon e o mundialmente conhecido Comic-Com (San Diego, EUA). Para aumentar o erotismo, o site do evento exibe um desenho no qual o italiano retrata uma jovem freira se masturbando, imagem representativa da arte de Manara.

O artista, de 60 anos e grande homenageado do festival, conta com uma exposição própria na qual teve a colaboração do cineasta Federico Fellini, a história em quadrinhos Viagem à Tulum, baseado em um relato original do diretor italiano, inspirado em uma viagem a essa região mexicana.

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Funcionando na antiga estação de trens da Leopoldina, construída em 1926, o festival contará com a presença da igualmente polêmica desenhista americana Melinda Gebbie. A artista é conhecida no mundo do desenho por Lost Girls, série escrita por seu marido, Alan Moore, que reúne as protagonistas de contos como Wendy, de Peter Pan, Dorothy, do Mágico de Oz, e a heroína de Alice no País das Maravillas, onde contam suas experiências sexuais.

Nos anos 80, Melinda sofreu um processo do Governo britânico, que proibiu a importação do álbum de história em quadrinhos erótico Fresca Zizis, e que terminou com o confisco e a destruição de todos os exemplares.

Outro nome importante do Rio Comicon é o britânico Kevin O’Neill, autor de A Liga Extraordinária, série gráfica que junta personagens fantásticos da literatura vitoriana, transformada em longa-metragem em 2003.

Desta terça-feira até o dia 14 de novembro, Manara, Melinda, O’Neill e outros 20 artistas brasileiros e internacionais se reunirão para realizar seminários, debates, e assinar autógrafos, enquanto os fãs poderão participar de oficinas especializadas sobre assuntos que vão desde a criação de personagens até a elaboração de histórias em quadrinhos para a web.

“Este evento é promissor. Normalmente os festivais de histórias em quadrinhos no Brasil são muito menores, porque aqui não há um grande público para estas coisas”, disse à Agência Efe o estudante de Arte Gráfica Conrado Capuci, que foi à estação para a abertura do evento.

Com o objetivo de promover a arte gráfica nacional, os organizadores incluíram 12 artistas brasileiros em sua mostra principal, para “destacar autores e produções nacionais, e abrir espaço para a cultura pop”, explicaram em seu comunicado.

Entre os brasileiros convidados estão os ilustradores Angeli e Laerte Coutinho, que publicam no jornal Folha de São Paulo.


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Rio Comicon, festival de quadrinhos, começa nesta terça no RJ