Rua 25 de março se prepara para a Copa


Créditos: Gabriel Quintão

Fundada em 1865, a Rua 25 de Março completou nessa terça-feira (25) 149 anos. Principal centro de comércio da cidade e considerado o maior de toda a América Latina, a rua, porém, ainda não aderiu totalmente ao espírito da Copa do Mundo, cujo pontapé inicial será dado daqui a menos de 80 dias, ou 78 para ser mais preciso.

Como de costume a cada quatro anos e por causa do torneio mais aguardado por muitos brasileiros, o comércio, seja popular ou não, é tomado por produtos verdes e amarelos. Em contrapartida, o que se vê no mais famoso espaço para se encontrar “tudo quanto é coisa” é um início ainda tímido de itens com as cores do Brasil.

Vários comerciantes – ambulantes ou não – já apostam e colocaram centenas de artigos em alusão ao torneio de futebol. As vendas ainda não estão quentes, mas na visita do Virgula Esporte ao local, o pensamento é um só: faltam poucos dias para melhorar.

Partindo para a sua quarta Copa, Josileide Oliveira, 36 anos, é vendedora, majoritariamente, de panos de prato, e seu camelô está prestes a completar 13 anos de rua. Só que, com a experiência adquirida, sabe o que tem que fazer para garantir um lucro maior. Ainda mais porque começou ganhando e dando sorte em 2002 (Brasil foi campeão), chegando com tudo também em 2006 e em 2010.

“Tem que pular para todo lado. Se atualizar (sic)”, disse ela, que lembrou que desde a Copa das Confederações, em 2013, já teve aumento nas vendas de produtos da Seleção Brasileira, mas nada que superasse o Mundial da África do Sul, “por enquanto”.

“Em 2010 foi muito bom, mas espero vender o dobro do que naquele ano”, revela, também pelo olhar.

 

Ajudante de Josileide no camelô, Maria Antunes, 44, crê que ali, naquele carrinho, “o que colocar, Deus abençoa”. E ajuda a vender.

Ele deve ser mesmo brasileiro.

Michele Rodrigues, 38, chegou jovem na última Copa e, com “apenas” seis anos de 25 de março, sabe o que é preciso fazer em época de Copa para não ter o mesmo desfecho que a seleção de Dunga, que caiu nas quartas de final em 2010. “É se atualizando” que se chega lá, segundo a própria, parafraseando a primeira entrevistada.

“Fico na dúvida se é no Dia das Mães, das Crianças ou no Natal, mas espero vender bastante agora”, perguntou-se sobre a melhor data de todas para fazer caixa. “(As vendas) ainda não estão muito boas, mas com certeza vai melhorar”.

Michele também é dos poucos vendedores que vendem camisas da seleção “meio a meio”. Do lado direito, amarela e escudo do Brasil. No esquerdo, um leque para escolher: Portugal, Itália, Inglaterra, Espanha e até da não classificada Bolívia, devido à forte presença na região de torcedores nascidos no nosso vizinho.

 

Mascote da Copa 2014, o tatu Fuleco é presença garantida em várias lojas e comércios ambulantes da 25. Se a palavra “fulecar” existe e é pouco difundida, além de seu significado ser igualmente pouco compartilhado (‘perder todo o dinheiro que se leva, ao jogo’, de acordo com o Aulete), a experientíssima e veterana de cinco Copas, Clara Silva, não quer perder grana e, está lá para vender “tudo quando é coisa verde e amarela” em época de Copa.

“Sempre vendo as pelúcias”, disse a senhora enquanto segurava uma porquinha Peppa e explicando que bonequinhos daquele desenho são os que mais vendem hoje em dia. Sem esquecer de mencionar os Minions (da animação Meu Malvado Favorito), Clara avisou que tinha três tamanhos de Fuleco.

“O grande é R$ 25, o pequeno, R$ 20, e o de plástico é R$ 15”, apontou entre vários outros bichinhos como Backyardigans, Galinhas Pintadinhas Angry Birds.

 

“Vende uns 100 por dia”, revelou, mas somente sobre o mascote que em seu nome, segundo a Fifa, faz menção a “futebol e ecologia”.

Bem em frente ao negócio de Clara, uma grande rede de loja de departamentos vendia o Fuleco oficial, de 30 cm, a R$ 53,90. O pequeno, de 22 cm, saía por R$ 39,50.

Outro produto oficial, mas que não “pegou”, é a caxirola. A reportagem só achou à venda em um local entre a Rua Carlos de Sousa Nazaré e a Ladeira porto Geral. E foi em outra grande loja de departamentos.

Se o objeto criado pelo músico Carlinhos Brown foi mal visto pela torcida pelo fato de, além de já existir (o original chama caxixi), foi criada para ser a “nossa vuvuzela”, instrumento que, se era tradicional na África do Sul, mais atrapalhava do que ajudava no último Mundial, ensurdecendo os desavisados.

Talvez o preço inchado – R$ 29,90 – de um produto que originalmente custa R$ 10,00 (o tradicional feito de material orgânico), tenha atrapalhado. Na realidade, e já que não se via caxirola na Rua 25 de Março, o pequeno instrumento é um equívoco do início ao fim (da Copa, e olhe lá).

Dona de tantas histórias e sobrevivente dos outros 19 Mundiais, a Rua 25 de Março aniversariou com certo embaraço e, se é das ruas mais brasileiras, ainda não está “pronta” para a Copa do Mundo.

Veja mais fotos na galeria acima.


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A menos de 80 dias da Copa, Rua 25 de Março se abastece de produtos genéricos e torce por 'febre'

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