Thiago Silva, Alex, Maxwell e Lucas, do Paris Saint-Germain, não são os únicos brasileiros que querem bater o poderoso Barcelona em um torneio europeu, afinal, o Kairat, do Cazaquistão, com nove jogadores nascidos no país, vai enfrentar o time catalão nas semifinais da Copa da Uefa de futsal.

A competição é a principal do continente na modalidade e terá suas duas fases decisivas disputadas entre os dias 26 e 28 de abril na cidade de Tbilisi, na Geórgia. Além das duas equipes, Iberia Star, do país sede, e Dínamo de Moscou, da Rússia, lutarão pelo título.

Entre os brasileiros do Kairat, o grande destaque é Léo Santana, artilheiro da equipe com seis gols. O ala de 25 anos e nascido em Juiz de Fora (MG) não esconde a ansiedade pelo duelo do fim deste mês.

“A expectativa é grande. É o sonho de todos jogarem contra uma tão forte equipe. E o Barcelona, pelos títulos, hoje é o melhor time de futsal do mundo”, disse o atleta, em entrevista por e-mail à Agência Efe.

Léo Santana, no entanto, garante que a empolgação não atrapalhará, e que ele e o restante do elenco estão preparados para o jogão contra o atual campeão da Europa. E para isso, mostra conhecimento sobre o rival.

“O Barcelona tem um conjunto muito forte, sem duvidas é a maior virtude deles, mas é um time muito ofensivo que arrisca sempre, podemos superá-los aí”, disse o brasileiro, garantindo que o Kairat tentará ser forte na defesa, para conseguir surpreender os ‘azulgrenás’ nos contra-golpes.

Campeão nacional em 10 oportunidades – inclusive na recém-encerrada temporada -, o Kairat nunca conquistou a Copa da Uefa de futsal, que é equivalente à Liga dos Campeões no futebol. O melhor desempenho da equipe foi o terceiro lugar, nas temporadas 2005/2006, 2008/2009 e 2010/2011.

Além de lutar para escrever o nome de sua equipe na história da modalidade, Léo admite que vencer o Barcelona vale muito por outros motivos. “Vai colocar o clube de vez no cenário mundial. E é importante não só para o clube, mas para mim também, afinal, todos os clubes do mundo vão querer saber quem ganhou do Barcelona e quais são seus jogadores. Vai abrir portas”, comentou.

Atleta versátil, que atua nas duas alas e tem faro de gol apurado, Léo Santana começou a carreira em clubes de Juiz de Fora, onde vestiu as camisas de Sport, São Bernardo e AABB, por onde jogou pela primeira vez o Campeonato Mineiro. Sua grande chance aconteceu em 2010, quando defendeu o Praia Clube, de Uberlândia, clube pelo qual disputou a Liga Futsal, o campeonato brasileiro da modalidade.

“Fui para o Cazaquistão em agosto de 2010, quando estava jogando pelo Praia. Fomos jogar em Joinville contra o time da Krona e o treinador do Kairat (na época, o brasileiro João Carlos Barbosa) estava de férias analisando alguns jogadores. Ele me viu jogar nesse dia e fez o convite. Aceitei a proposta e fui para o Cazaquistão”, relata o mineiro.

Léo Santana admite que a vida no Cazaquistão não é das mais fáceis, por isso sempre usa a mesma estratégia nas viagens de volta ao país. “A maior dificuldade é a alimentação, mas no começo da temporada sempre trago uma mala de coisas do Brasil que não têm aqui. Não falta o nosso feijão”, garantiu.

O brasileiro admitiu que o fato de ter mais oito compatriotas no elenco e toda a comissão técnica ter a mesma origem é um dos segredos do sucesso do Kairat. “Brinco com meus amigos, parece que jogo em um time do Brasil. Somos muito próximos. Isso ainda ajuda a amenizar a saudade do Brasil”, afirmou Léo.

Outra dificuldade que o ala admitiu ter encontrado foi na adaptação ao futsal cazaque, que difere muito do brasileiro, mais veloz e técnico. “Aqui é mais cadenciado, com mais força. Acho que melhorei isso, mudei em usar um pouco mais de força no meu estilo de jogo”.

Sobre a carreira, Léo Santana revelou sonhar em vestir a camisa da seleção brasileira em breve, assim como disputar uma Copa do Mundo de futsal. Também disse ter recebido dois convites para se naturalizar e defender a seleção do Cazaquistão, que nas Eliminatórias europeias para o Mundial de 2012 não venceu um jogo sequer.

“Seleção brasileira é complicado, pois como todos sabemos, a cada dia aparece um ótimo jogador no mercado disputando o mesmo lugar. Mas tenho o sonho de defender as cores do meu país. Ainda não é o momento de virar um cidadão cazaque”, concluiu.


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Em clube do Cazaquistão, jogador mineiro sonha vencer Barcelona no futsal