Parceira da Fifa na premiação da Bola de Ouro, a revista ‘France Football’ deixou de lado os laços comerciais com a entidade máxima do futebol mundial para acusá-la, nesta terça-feira (29), juntamente com as federações da França e dos Emirados Árabes Unidos, como supostos cúmplices em um esquema de compra de votos do Qatar para sediar a Copa do Mundo de 2022.

Em sua versão on-line, a revista divulgou um dossiê de 20 páginas, intitulado ‘Qatargate’, que traz diversas provas sobre o esquema montado para o país sediar o mundial de seleções.

Entre as informações divulgadas, a ‘France Football’ aponta o francês Michel Platini, presidente da UEFA, como um dos organizadores das negociações a favor do Qatar.

Platini, inclusive, admitiu ter jantado com o então primeiro ministro francês, Nicolas Sarkozy, e também com a autoridade máxima política do Qatar, Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani, onde, segundo a revista aponta, poderia ter ocorrido a compra dos votos.

“Um dia eu fui convidado para um jantar com Sarkozy e com o primeiro-ministro do Qatar. Sarkozy nunca me perguntou durante o jantar sobre voto. Ele me convidou apenas para jantar, mas sabia que eu seria independente e que votaria em quem eu achasse melhor”, justificou Platini.

Escolhido pela Fifa no dia 2 de dezembro de 2010 como país sede da Copa do Mundo de 2022, superando os concorrentes Japão, Coreia do Sul, Austrália e Estados Unidos, o Qatar venceu a briga com facilidade, somando 14 dos 22 votos de membros executivos da Fifa.

Logo após o anúncio, Platini reconheceu que votou no Qatar e deu a seguinte justificativa. “Votei no Qatar, pois era hora do Mundial ir para um país que já tinha se candidatado por cinco vezes”, disse na época.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que surge indício de um possível favorecimento do Qatar. Há alguns meses, o ex-vice-presidente da FIFA, Jack Warner, deixou no ar a possibilidade de quatro membros da comissão terem recebido cerca de US$ 20 milhões em troca dos votos. Seriam eles: o camaronês Issa Hayatou, o paraguaio Nicolas Leoz, o argentino Julio Grondona e o guatemalteco Rafael Salguero.

Além das denuncias envolvendo os dirigentes europeus, o relatório ainda inclui o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que também estaria envolvido no caso de compra de votos. De acordo com a ‘France Football’, o amistoso realizado entre Brasil e Argentina, no final de 2010, seria o pagamento: a CBF recebeu US$ 7 milhões pelo jogo, quando geralmente fatura US$ 1,2 milhão por partida.


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'France Football' denuncia esquema de compra de votos do Qatar para sediar Copa de 2022