O fato de grandes eventos esportivos, como a Copa das
Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, terem sede no Brasil é um dos gatilhos
para os protestos populares nas principais capitais do país – iniciado por
conta das manifestações pela revogação do aumento do valor da tarifa do
transporte público -, e também tema de muitos gritos de guerra durante as
marchas, como “Brasil, vamos acordar. Professor vale mais do que o Neymar”.

O motivo de estarem “contra” são os altos valores destinados
às obras de estádios, enquanto que a população pede melhor infraestrutura,
principalmente para a saúde e para a educação.

Mesmo com o país recebendo atualmente a Copa das Confederações
– um grande evento futebolístico, algo que não acontece há 13 anos, desde a
realização do Mundial de Clubes da Fifa no Rio de Janeiro -, pessoas estão
deixando o futebol em outro plano e colocando suas reivindicações de liberdade
como foco principal, fazendo questão de lembrar que a luta é muito maior do que
o torneio entre seleções que, neste mês, acontece em seis capitais nacionais
(Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Recife).

Mas esse desprendimento do esporte mais popular do
brasileiro com a política é coisa recente. O ex-jogador Sócrates, líder da
“Democracia corintiana”, utilizava muito bem sua fama de estrela do futebol
para atrair ainda mais a atenção dos apaixonados pelo esporte rumo às manifestações
políticas. Foi nome importante na popularização das “Diretas Já”, que pedia
eleições diretas para Presidente, e teve o apoio de outros colegas de time,
como Wladimir, Juninho e Casagrande.

Prova da relação forte entre Sócrates e a política e seus
movimentos populares foi a homenagem que a conta oficial do Corinthians no
Facebook prestou nessa terça-feira (18) com uma foto na qual o “Doutor”
aparece com sua característica comemoração, o braço levantado e o punho
cerrado. Na foto, há as palavras “Bom dia, República”, fazendo alusão à
democracia e ao direito de se expressar.

Isso porque a noite dessa segunda-feira (17) reuniu em São
Paulo dezenas de milhares de pessoas comuns, mas especiais individualmente pelo
exemplo que dão aos seus iguais e, principalmente à próxima geração. Segundo
dados do instituto Datafolha, 65 mil se manifestaram em caminhada pacífica, mas
todos que estiveram nas ruas guardam a certeza que havia muito, mas muito mais.

O protesto que teve início na última semana por causa do
aumento da tarifa dos transportes públicos – de R$ 3,00 para R$ 3,20 – tomou proporções
maiores quando na quinta-feira (13) a polícia respondeu com truculência, ferindo
diversos dos manifestantes, inclusive jornalistas que foram para cobrir o ato.
Então, a luta que se viu foi pela liberdade de se protestar, resumindo.

No próprio dia que antecedeu ao chamado “Quinto ato contra o
aumento das tarifas”, e também no dia de hoje, atletas de diversas modalidades decidiram
apoiar o movimento e por meio das redes sociais (onde a iniciativa de ir para
as ruas se fortaleceu na última semana), demonstraram estar do lado de quem
saiu de casa para externar sua insatisfação.

Paulo André (zagueiro do Corinthians), Felipe Massa (piloto
da Ferrari), Robinho (atacante do Milan), Felipe Mello (meia do Galatasaray), Bruno
Soares
(tenista), Giba e Bruninho (do vôlei), Gustavo Kuerten (ex-tenista),
João Derly (ex-judoca) e muitos outros usaram as redes sociais como meio de
apoiar os manifestantes que agiram de forma pacífica nos protestos.

Foi no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, que o movimento
“Diretas Já” reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas. E, nesta quarta-feira (18),
próximo de lá, na Praça da Sé, ocorrerá o “Sexto grande ato contra o aumento da
passagem”, marcado para as 17h.


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Hoje ‘alvo’, futebol já foi importante em luta pró-liberdade e direito de se manifestar