A camisa usada por Pelé na final da copa do Mundo de 1970, uma bola feita de papel e linha e chuteiras que parecem mais sapatos do que os modelos utilizados hoje por Messi e Neymar são algumas das curiosidades que o Museu do Futebol de São Paulo oferece ao amante do esporte bretão.

Localizado no Estádio do Pacaembu, com 6,9 mil metros quadrados, o museu recebe o visitante que, ao entrar, sente-se como um jogador diante de um estádio lotado antes da disputa de um clássico.

O museu dedica vários espaços às torcidas de futebol profissional e amador, duas modalidades de igual importância e complementares para o museu e seus visitantes, que esperam ansiosos pelo pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014.

“O futebol amador é imprescindível neste museu, é de lá que surgem as estrelas do futuro. Neymar saiu de um campo de terra onde jogava com as crianças do bairro”, contou à Agência Efe Ricardo Silva, visitante do Museu, “e olha agora onde ele está, é a estrela do momento”, acrescentou.

Para Ricardo, é um “orgulho” que os times de “pelada” estejam na base de dados virtual inaugurada na semana passada pelo Museu, “porque o futebol é para o Brasil a oportunidade de ser alguém na vida, todos os grandes jogadores brasileiros começaram de baixo”.

A primeira parte do segundo andar do museu corresponde aos pequeninos do futebol, as crianças, que utilizam a criatividade para criar bolas de papel e de meia, também expostas no museu, para poder praticar o esporte mais popular do país.

Depois, dezenas de telas de televisão organizadas em torres mostram cada ano das Copas do Mundo em seu contexto social, cultural e político do momento, e introduzem o visitante nos momentos mais épicos do esporte: os gols de Maradona, as assistências de Zidane, as defesas de Oliver Kahn.

E, após o corredor que separa a sala audiovisual da zona de jogos onde o pebolim, ou totó, estão à disposição de adultos e crianças, os versos do poeta Carlos Drummond de Andrade acrescentam ainda mais literatura ao lugar: “Futebol se joga no estádio? Futebol se joga na praia, futebol se joga na rua, futebol se joga na alma”.

Com o presente poético de Drummond, o visitante segue caminhando entre as lendas do esporte mais popular do país.

“O futebol encantou os brasileiros quando os ingleses o introduziram no início do século XX”, explicou à Efe Antonio Domingos, um colecionador de livros de futebol que ajudou a aumentar o acervo bibliotecário do museu.

Para Domingos, a razão fundamental da “paixão” pelo futebol é que “com qualquer coisa se pode fazer uma bola, é um esporte fácil, apaixonante”.

“Os ingleses trouxeram o futebol e o povo gostou”, garantiu.

Apesar de tudo, não há só paixão no museu do futebol, que já recebeu mais de 1,7 milhões de visitas em seus cinco anos de vida, uma média de mil a 1,5 mil pessoas por dia. Também existem aqueles que vêm aprender neste templo, assistindo as jogadas técnicas e treinadas dos profissionais.

Com esse propósito, redes em forma de bola acolhem os que quiserem ver na tela os movimentos de goleiros, laterais, zagueiros, meias, líberos e atacantes, assim como os gols históricos que estão na memória dos torcedores.

O som também está presente no museu, nas narrações do rádio que lembram os mundiais das últimas décadas, as jogadas que rompem o silêncio através das vozes de Ary Barroso, Antonio Cordeiro e Armando Pamplona.

Além disso, na sala da “exaltação”, o visitante pode conhecer os hinos dos clubes, os gritos e cantos das torcidas que, reproduzidas em diferentes pontos do espaço, acompanham às bandeiras, luzes, cores e textos que decoram as paredes para transmitir a emoção sentida pelos próprios jogadores dentro do campo.

Sons e imagens, gols e torcidas, jogadores e glória: no Museu do Futebol de São Paulo se empenham em fazer do esporte uma religião internacional, que reúne a todos, que os incentiva a cantar nos estádios para sentir a paixão dos brasileiros pela bola.


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Museu do Futebol de São Paulo se prepara para Copa do Mundo