Dos dois belos gols contra a Alemanha ao chute na cabeça de Scott Parker, ouvindo seu iPod no banco de reservas ou surpreendendo por seu bom futebol: esse é Mario Balotelli, um craque que chama atenção, seja pelo talento, seja por suas excentricidades.

Balotelli teve uma infância complicada. Nascido em Palermo e filho de ganeses, Mario Barwuah tinha dois anos quando sua família deixou o pequeno apartamento em que 20 pessoas viviam amontoadas, na Sicília, para tentar melhorar de vida no norte da Itália.

Lá, se instalaram em Brescia, onde viveu durante 15 anos. Sua família não podia mantê-lo e o entregou em custódia aos Balotelli, onde ganhou mais três irmãos, dois deles adotivos.

Em um bairro formado majoritariamente por brancos, Mario tinha uma evidente problema de identidade, pois também era obrigado a visitar com frequência sua família biológica.

‘Super Mario’, como é conhecido na Itália, estreou como profissional aos 15 anos. Jogou na série C1 pelo Lumezzane, sendo escalado pelo técnico Walter Salvioni. Desde o início mostrou esse lado peculiar que sempre cercou sua vida pessoal e profissional, e anunciou que “seria o primeiro negro a jogar na ‘Azzurra'”, apesar de Fabio Liverani, também negro, ter atuado em 2001 contra a África do Sul.

Antes de chegar à Inter de Milão, Balotelli esteve próximo de atuar pelo Barcelona. Em 2006, ‘Super Mario’ jogou três partidas de um torneio com a equipe B do conjunto azul e grená.

Na Espanha, dividiu vestiário com Thiago Alcântara, Martín Montoya, Oriol Romeu, Isaac Cuenca e Cristian Tello, entre outros. Marcou oito gols em três jogos, e convenceu o técnico Fran Sánchez de que devia permanecer na equipe catalã. Seu representante, no entanto, pediu “uma barbaridade” para que o jovem Mario ficasse em Barcelona, o que fez com que o atacante fosse para a Internazionale.

De Milão, foi vendido ao Manchester City pela quantia de 28 milhões de euros. Em Manchester, um programa matinal de rádio conta as histórias de Balotelli pela cidade.

Alguns episódios podem ser folclóricos, como uma festa em que esteve a ponto de queimar sua casa ao brincar com fogos de artifício.

Outros contam que o jogador convidou todos os motoristas que reabasteciam em um posto de gasolina a encherem seus tanques de graça. Há ainda as histórias de que ‘Super Mario’ deu 1 mil libras a um morador de rua e que invadiu a biblioteca de uma universidade e pagou as multas de todos os estudantes que não haviam devolvido os livros na data correta.

O atacante chamou a atenção também ao chutar a cabeça do defensor Scott Parker, do Tottenham, e foi punido pela Federação Inglesa por conta disso.

Balotelli, que quando marcou um gol em Old Trafford mostrou uma camiseta com os dizeres “Why Always me?” (“Por que sempre eu?”), demonstra claramente que vive no limite, e seu treinador no City, Roberto Mancini, já deu sinais de insatisfação com o comportamento do atleta.

O técnico da Itália, Cesare Prandelli, colocou em dúvida sua convocação para a Eurocopa, tudo por conta de muitas turbulências e muita instabilidade emocional. Balotelli é um atacante que vive entre o “o céu e o inferno”, mas quando está no “céu”, como agora, mostra que dificilmente alguém pode pará-lo.


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Os dois lados da moeda para Mario Balotelli

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