Principais jogadores de seus times e donos de estruturas físicas totalmente distintas, o gordinho Walter, do Goiás, e o esguio Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, mostram atualmente dentro de campo que nem sempre a disparidade no peso interfere no desempenho apresentado com a bola nos pés. Um dos artilheiros do Campeonato Espanhol, com sete gols, o português é famoso pela silhueta corporal em forma. Já o brasileiro, viciado em biscoitos e refrigerante, ganhou notoriedade nacional em 2013 pelo excesso de peso e gols.

Para esclarecer algumas dúvidas a respeito do rendimento de jogadores de futebol, e outros tipos de atletas, com relação ao seu peso, tanto os altamente sarados como os acima do peso, o Virgula Esporte conversou com Douglas Pereira, profissional de Educação Física, que fez algumas revelações.  

“São muito raros os casos onde se concilia 100% do nível técnico e físico. Apenas para atletas diferenciados, tais como Messi, Neymar. Os outros, buscam potencializar a atividade muscular, cientes da própria condição física”, afirmou Douglas.

Um caso que chama atenção no meio do futebol é o atacante Walter. Apesar de ser considerado ‘gordinho’ comparando a estrutura física dos demais jogadores, o camisa 18 do Goiás vem se destacando na campanha da equipe, sendo inclusive um dos artilheiros do Brasileirão, com nove gols. Isso também já aconteceu com Ronaldo, principalmente durante o período que jogou pelo Corinthians. O Fenômeno não repetia a boa forma de antigamente, e mesmo assim, foi muito bem e conquistou títulos com a camisa corintiana.

“São exemplos de atletas que sabem converter sua condição para poder render no momento certo. Lembro daquela arrancada do Ronaldo para cima do zagueiro do São Paulo (Rodrigo, durante a semifinal do Campeonato Paulista de 2009). Ele soube dar o pique no momento certo. Certamente não conseguiria, como não conseguiu, dar outro daquele no mesmo jogo. E da mesma forma acontece com o Walter, que usa sua técnica e faro de gol para compensar as limitações”, explicou o profissional de Educação Física.

Ídolo do próprio Douglas, Arnold Schwarzenegger também foi assunto na semana passada. O ex-governador da Califórnia elogiou a forma física de Cristiano Ronaldo, declarando que o português ‘conseguiu chegar ao mais alto nível do futebol por causa de seu físico’, chegando a ser questionado se o português poderia se aventurar no fisiculturismo, especialidade do ator hollywoodiano.

“Todo mundo que se interessa por educação física tem como inspiração Arnold Schwarzenegger. Ele conhece muito, tem até uma enciclopédia com o seu nome sobre o assunto. Academias e eventos em seu nome nesse ramo. Mas como ele tem uma visão excepcional, deve ter percebido que Cristiano Ronaldo teria potencial para ser um competidor, mas teria que se dedicar e treinar da formar que os competidores treinam. No momento, ainda estaria mais próximo de um fitness.”

 

Ainda sobre o assunto, Douglas explicou a diferença entre profissionais que disputam competições fisiculturistas e fitness, variando conforme o biótipo, o genótipo de cada um.

“Fisiculturista é aquele que realiza sua preparação toda voltada para a magnitude, buscando músculos muito mais avantajados. Esses profissionais chegam a consumir entre três e quatro mil calorias por dia, sendo que uma pessoa normal consome algo em torno de 1200. Já no fitness, os envolvidos são considerados próximos de um corpo mais ‘normal’, com os músculos desenvolvidos, mas de maneira mais moderada”, disse.

Quanto ao treinamento físico para atletas, Douglas enfatiza a potência e a explosão, que acaba por proporcionar um desenvolvimento maior da musculatura, natural e consequentemente. Mas precisa ser moderado.

“Um treinamento muscular excessivo acabaria por prejudicar o desempenho do atleta. Músculo pesa mais que gordura. O profissional acabaria por perder agilidade. Aumentaria a massa, porém se tornaria mais pesado do que se estivesse simplesmente ‘gordo’”, finalizou.


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'Peso não interfere no desempenho', diz educador físico sobre ‘Fenômeno’ Walter