Puerto Madero, o bairro mais moderno e elitista de Buenos Aires e onde no sábado (7) será anunciada a sede dos Jogos Olímpicos de 2020, vai vendo acender pouco a pouco o calor da chama olímpica, em meio a um impressionante trabalho de segurança.

Os acessos ao hotel Hilton, um dos mais luxuosos da capital argentina e onde são realizadas as atividades do Comitê Olímpico Internacional (COI) e de representantes das cidades concorrentes – Madri, Tóquio e Istambul -, estão cercados pelas forças de segurança. Apenas integrantes das delegações, devidamente credenciados, podem entrar no local ou em seu edifício anexo, utilizado como sala de ensaio para as apresentações das candidaturas.

Os cerca de 2 mil jornalistas credenciados, boa parte deles japoneses, têm que se contentar em andar pelos arredores ou se proteger do frio em uma enorme tenda erguida para a imprensa a 100 metros do hotel.

“Este é um evento muito importante para nós”, diz á Agência Efe um enviado da televisão japonesa para acompanhar em Buenos Aires a sorte de Tóquio.

Fora do círculo do Hilton, a imprensa desistiu de encontrar na cidade rastros da reunião do COI ou das campanhas das três candidatas.

Algum espanhol desavisado pode ter se entusiasmado com um cartaz publicitário colocado na esquina do edifício corporativo da companhia petrolífera YPF, com um slogan em árabe e a legenda em inglês “I need Spain” e interpretado como uma mensagem subliminar “pró Madri”, mas se desanimou ao se aproximar do anúncio e ver que a imagem de fundo é de Barcelona.

Alheios à presença do COI e das delegações, os moradores de Puerto Madero mantêm sua rotina, alterada apenas pela presença da Polícia.

“A verdade é que não me importo em nada. Entendo o tema da segurança, evito alguns locais próximos e pronto”, disse à Efe Juliana, uma moradora do bairro que todos os dias sai de casa para correr.

Os trabalhadores da região são os mais afetados por terem dificuldades para encontrar estacionamento. Por outro lado, os donos de lanchonetes e restaurantes na vizinha Costanera Sur, a duas quadras do hotel e junto à reserva ecológica da cidade, estão faturando alto.

“Nos últimos dias, o movimento aumentou. Sei que é por causa dos Jogos porque vejo-os com credenciais penduradas”, afirmou Pedro, dono de uma das lanchonetes, que garantiu que os estrangeiros “morrem pelos sanduíches de chouriço ou bondiola (tipo de embutido) argentinos”.

A ausência de carros circulando torna a região, que normalmente já é tranquila, ainda mais aprazível. Em frente a construções antigas, últimas recordações do bairro que outrora foi uma instalação portuária, um moderno caminhão do Ministério de Segurança da Argentina vistoria cada veículo que é autorizado a entrar no perímetro cercado.

Alguns integrantes da força de segurança criada para vigiar a costa do país e responsável por Puerto Madero, patrulham a área, quase sozinho.

“Acha que vai ficar por aqui até quando?”. “Estou desde a manhã e há pouco pude ir ao banheiro”, dialogavam dois membros da guarda-costeira, encostados em uma cerca de proteção.


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Sem empolgação da população, Buenos Aires prepara anúncio da sede olímpica