Veja fotos do UFC Rio que teve vitórias de Anderson Silva, Shogun e Minotauro


Créditos: Divulgação/UFC

No dia 14 de janeiro de 2012, Rousimar Palhares, o Toquinho, será um dos brasileiros que subirá ao octógono para lutar no UFC 142, no Rio de Janeiro. Não será a primeira vez que o mineiro fará uma exibição no Brasil. O lutador também esteve no UFC Rio, em agosto deste ano, quando venceu Dan Miller por decisão unânime dos juízes.

De infância pobre, nascido em Dores de Indaiá, em Minas Gerais, Toquinho busca vencer mais um combate visando ficar cada vez mais próximo de uma possível luta pelo cinturão dos pesos médios do UFC. Em entrevista ao Virgula Esporte, o lutador falou um pouco sobre suas experiências de vida, perspectivas dentro do Ultimate e a polêmico combate com Miller, quando ele chegou a parar de lutar achando que já havia vencido.

“Eu nunca acho que ganhei nada. Enquanto o cara não pede pra parar eu não paro. Ele que pediu para parar. Ele estava gritando “stop, stop, stop”, ai quando ele esticou o braço, colocou a mão no meu rosto e continuou “stop, stop, stop”. Foi aí que eu parei”, justifica Toquinho.

Lutando em uma categoria absolutamente dominada pelo também brasileiro e estrela do UFC Anderson Silva, Rousimar Palhares não tem obsessão por enfrentar o Aranha, mas jura que quer o cinturão da categoria com quem quer que ele esteja.

“Eu não sonho em lutar com ninguém, mas eu quero ser campeão. Quem estiver com o cinturão e eu tiver que lutar, será o maior prazer pra mim”.

Veja a entrevista de Toquinho para o Virgula Esporte na íntegra.

Virgula Esporte: Você começou a lutar MMA aos 21 anos. Como você chegou até a categoria? 
Rousimar Palhares: Sempre gostei de lutas. Desde criança treinei capoeira, depois fiz caratê, mas depois que eu conheci o jiu jitsu que eu comeceu a focar mais para vale-tudo, mma.

VE: Como foi a sua infância?
RP: Já passei por muita coisa. Muitas dificuldades. Minha vida inteira eu fui criado em serviços rurais. E depois que minha mãe separou-se do meu pai, a gente se mudou para uma cidade vizinha e eu comecei a focar um pouco mais na luta. Sempre que eu chegava em casa depois do serviço, eu ia fazer algum tipo de luta. Capoeira, caratê. Depois que eu conheci o jiu-jitsu ainda passei um bom tempo trabalhando como chapeiro, carregando caminhão, essas coisas. Depois de uns 6, 7 anos que eu fui viver só para luta, já com uns 21 anos.

VE: Quais os serviços que você já trabalhou?
RP: Bem novo eu trabalhava em plantação. Depois trabalhei em roça: tirava leite, fazia cerca, tratava de gado… serviços rurais. Também trabalhei com carga e descarga de caminhão.

VE: E de que forma você acha que isso pode te ajudar no MMA?
RP: Tudo na vida é um aprendizado. Tudo, no final, vem a somar de alguma maneira. Acho que foi de grande ajuda e é ainda, por conta da dificuldade de vida que eu passei.

VE: Vai lutar no UFC Rio de novo. Qual foi a sensação daquele momento em agosto? Daquela luta?
RP: Fiquei um pouco chateado com o meu adversário, mas depois entendi tudo e deixei pra lá. [Toquinho venceu Dan Miller por decisão dos juízes depois de parar de lutar achando que tivesse vencido].

VE: Por que você ficou chateado com ele?
RP: Porque ele voltou para a luta depois de ter pedido para parar. Ele viu que se forçasse um pouco o juiz permitiria e ele fez aquilo.

VE: O que deu a impressão quando vimos a luta é de que você parou de lutar sem o juiz dizer nada, pensando que já tivesse vencido…
RP: Eu nunca acho que ganhei nada. Enquanto o cara não pede pra parar, eu não paro. Ele que pediu pra parar. Ele estava gritando “stop, stop, stop”; Quando ele esticou o braço, colocou a mão no meu rosto e continou “stop, stop, stop” foi que eu parei. Depois pega o vídeo da luta e pega esse momento para você ver. Ele estava se protegendo, depois ele coloca o braço para trás e pede pra parar. Aí que eu parei, entendeu??? Às vezes as pessoas pensam: “ele parou porque pensou que tinha acabado..”. Não achei que tivesse acabado, eu parei porque ele pediu pra parar.

VE: É, não pareceu ali…
É, mas eu não ia parar a luta do jeito que estava pra mim de jeito nenhum.

VE: Já tinha acontecido uma vez, né? Contra o Nate Marquardt, onde você também deu uma parada e acabou perdendo a luta.
RP: É, mas ai não aconteceu nada disso. Eu fui falar com o juiz. Fui dizer para o juiz passar uma toalha na perna dele [Toquinho alega que o rival tinha colocado vaselina nas pernas para dificultar a pegada do brasileiro] e ele se aproveitou daquela situação.

VE: Essa luta contra o Nate, inclusive, foi a única que você perdeu nos últimos cinco combates. Você acha que se tivesse conseguido vencer, estaria numa situação melhor no UFC?
RP: Cara, não sei. Não posso te falar isso, porque é muito difícil a gente saber isso. Eles [dirigentes do UFC] que marcam com quem que você vai lutar. Eles que fazem o marketing e depende de onde você está no ranking, se está mais próximo dos cinturão ou não… A gente não tem noção do que está passando pela cabeça deles.

VE: Ainda no UFC Rio que você participou, tirando esse fator da luta em si, o que você achou de lutar em casa? O que achou da torcida brasileiro?
RP: Muito bom. Muito bacana. Todo mundo torcendo pra gente.

VE: É diferente dos outros países?
RP: É. Com certeza. Lutando em casa você luta diferente, né?

VE: E sobre o seu adversário nesse novo evento, o Mike Massenzio, já estudou o adversário?
RP: O negocio dele é mais wrestling. Ele bota pra baixo e usa boxe.

VE: A sua categoria é dominada pelo Anderson Silva. Você sonha em enfrenta-lo? Você acha que tem condições de batê-lo?
RP: Eu não sonho em lutar com ninguém, mas eu quero ser campeão. Quem estiver com o cinturão e eu tiver que lutar, será o maior prazer pra mim.

VE: E atualmente você acha que tem condições de ganhar dele?
RP: Todo mundo acha que pode fazer uma grande luta. Eu também. Eu acho que faria uma grande luta. Depende de como você vai estar no dia. Eu não vou entrar para uma luta achando que vou perder. Seria impossível. Eu sempre acho que vou ganhar. Se acontecer o contrário, paciência. Fazer o que?

VE: Depois dessa luta você acha que ficará mais próximo do cinturão?
RP:
 Não sei. Quem sabe? Vamos ver o que o chefe vai achar. Tudo depende do Dana [White, presidente do UFC].

VE: Você tem algum herói no esporte? Alguém que você se espelha?
RP: Meu herói é Deus. Mas tem dois caras que eu admiro muito que são: Minotauro e Wanderlei Silva.

VE: Já chegou a treinar com eles?
RP: Só não treinei com o Wanderlei, mas com o Minotauro a gente treinou junto um tempão.

VE: O que o esporte te deu na vida?
RP: Mudou minha vida e da minha família toda. Hoje eu consigo viver bem. Consegui ajudar a minha família. Eu não tenho mais que trabalhar. O meu trabalho é só a luta mesmo.

VE: Conselho pra quem quer entrar no mundo da luta?
RP: Primeira coisa é ter fé em deus e trabalhar bastante. Com Deus já é difícil, sem Deus você não consegue nada. É um caminho muito árduo. Você tem que levantar cedo para começar a trabalhar cedo porque senão você vai nadar, nadar e morrer na praia. Você tem que trabalhar e se esforçar muito. Dar tudo de si para se dar bem no mundo da luta.


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