No filme Um Método Perigoso, o último do diretor David Cronenberg, o ator americano Viggo Mortensen se transforma no pai da psicanálise, Sigmund Freud, um homem que define como um “bon vivant” e com quem aprendeu a “não levar as coisas tão a sério”.

“Essa ideia eu já tinha, mas acabou se reforçando: não devemos nos levar a sério demais. Apesar de trabalhar seriamente, procurar um bom trabalho e fazer uma preparação exaustiva, não se deve levar nada tão a sério, pois a vida é curta”, disse o ator à Agência Efe.

Lembrado por sua atuação como Aragorn no filme O Senhor dos Anéis, Mortensen está quase irreconhecível como Freud. Esta é a terceira vez que o ator trabalha com Cronenberg, após Marcas de Violência (2005) e Senhores do Crime (2007) – neste último, no papel de Nikolai, recebeu sua única indicação ao Oscar.

“Freud era um homem com grande apetite pela vida, sociável e com grande senso de humor. Era um ‘bon vivant’… Antes de preparar o personagem, pensava que ele era muito sério, reprimido, magro, acadêmico e sem senso do humor. Aprender que ele não era assim foi o mais divertido”, declarou.

Segundo Cronenberg, o senso de humor de Freud é parecido com o de Cronenberg, do tipo que busca assuntos que muitos qualificam de desagradáveis e inquietantes. Ambos prezam o lado estranho do comportamento humano. “Os dois acham graça das coisas que dizemos sem querer; daí essa ironia”, resumiu o ator.

Um Método Perigoso aborda o triângulo intelectual formado por Sigmund Freud, seu discípulo Carl Jung (Michael Fassbender) e a desconhecida Sabina Speilrein (Keira Knightley), uma psiquiatra que foi paciente dos dois.

Inspirada em um livro de John Kerr e com roteiro assinado por Christopher Hampton, a história começa em 1904, justamente quando o jovem Jung, psiquiatra residente em Zurique, se depara com o caso de uma jovem que sofre um incontrolável ataque de histeria.

Essa jovem é Sabina Speilrein, uma judia russa de boa família e muito culta, com quem o médico inicia um novo método: a psicanálise, inventado pelo também judeu Sigmund Freud, que revela uma origem sexual para tal problema.

Por causa deste caso, Jung acabou entrando em contato com Freud, que o acolhe como uma espécie de herdeiro de suas teorias. Posteriormente, essa relação iria se deteriorar porque Jung não acredita que todos os problemas mentais das pessoas possam estar relacionados com uma explicação sexual.

Para Mortensen, a direção de Cronenberg no filme, que foi muito bem aceito no Festival de Veneza, é “justa, equilibrada” e não toma partido por nenhum dos três. O ator reconheceu também que possui uma “boa química” com Cronenberg.

Inesquecível também por seu papel no longa-metragem Alatriste (2006), Mortensen atualmente trabalha na peça Purgatório, em Madri. 


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"Descobrir Freud foi muito divertido", diz Viggo Mortensen