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Britto Jr.

Britto Jr tem muita clareza de seu lugar na telinha, ele é – e se considera – um profissional da televisão. Ao completar 50 anos, nesta segunda-feira (06), e com 34 anos de carreira, o jornalista é um exemplo da simbiose que acontece hoje na TV brasileira entre jornalismo e entretenimento.

De origem simples do interior do Rio Grande do Sul, da cidade de Caxias do Sul, hoje ele é um dos grandes nomes da TV Record. Comanda a revista eletrônica vespertina da emissora, o Programa da Tarde,  junto com Ticiane Pinheiro e Ana Hickmann, e está escalado para a sexta edição do reality A Fazenda.

O apresentador conversou com Virgula Famosos e contou sobre o começo da carreira, a passagem de jornalista para comunicador, pagar mico na TV, boatos sobre o fim do Programa da Tarde entre outros assuntos

Confira a entrevista abaixo:

Virgula Famosos – O que nos seus anos de formação, desde o tempo de rádio, você ainda traz contigo?

Britto Jr. – O fato de ter começado pelo rádio foi importante porque tive que trabalhar o poder da improvisação, você tem que desenvolver esta qualidade e na época, ali pelos anos 80, quem trabalhava em televisão era muito mecânico, era muito engessadinho. E eu já trazia esta habilidade do rádio e que ajudou muito no meu jeito de trabalhar. A outra coisa que considero fundamental na minha carreira foi ter passado pela melhor equipe de jornalismo da história da televisão brasileira que foi a equipe de jornalismo da TV Globo de São Paulo, na década de 80 e 90. Foi uma escola espetacular. Trabalhei com grandes jornalistas e isto foi decisivo para o meu padrão de qualidade, para o que eu acho importante pra mim. E tive sempre coragem para fazer coisas novas, aceitar desafios, quando alguém estava torcendo nariz para alguma coisa, eu já estava ali topando fazer. Este é o tripé que eu trago comigo até hoje.

Quem foram seus mestres na TV?

Tenho muitos. Fui chefiado por Armando Nogueira durante tantos anos na Globo, com ele sendo o diretor da central de jornalismo, e tive como colegas, por exemplo, Carlos Nascimento, Carlos Dornelles, Caco Barcellos, Isabela Assunção, Neide Duarte, Pedro Bial, William Bonner, Paulo Henrique Amorim. Se você pegar a relação de jornalistas da TV Globo da década de 80, 90, você vai ver… Só tenho que me orgulhar de ter aprendido a trabalhar com uma turma destas.

Depois de duas décadas na TV Globo, você mudou para a Record, como foi esta passagem?

Foi uma passagem que eu buscava porque quando comecei lá atrás, em 1979,  em rádio, o que eu queria era ser um comunicador, o que eu desejava aos 16 anos era ser um apresentador de um programa de televisão. Eu entrei pela porta que abriram pra mim que foi o de reportagem esportiva. Quando tive a chance de fazer na Record o Hoje em Dia, era exatamente o que eu buscava desde o começo. Aí, o que é que eu trouxe comigo que é uma marca que eu tenho e é uma vantagem que eu tenho em relação aos outros apresentadores é exatamente a verve jornalística. Eu vim pra Record aos 42 anos para um programa que misturava entretenimento com jornalismo. Acho que você trabalhar no jornalismo e ir pro entretenimento é melhor do que o contrário.

Qual a diferença, para você, do Hoje em Dia de sua época e o Programa da Tarde?

O Hoje em Dia na minha época tinha a marca do jornalismo, a gente tinha uma hora e meia de notícias. O Programa da Tarde que a gente faz hoje é um programa muito mais de entretenimento mas que quando existe um factual, abre-se o espaço para a notícia, se tiver porte. Já fizemos um Programa da Tarde só com notícia, um julgamento, um acidente. Mas tem mais música, brincadeira com a plateia. São programas diferentes embora os dois sejam revistas eletrônicas.

No Programa da Tarde você não se importa em pagar mico?

Não existe mico na televisão. A televisão é um veículo popular, feito para as pessoas simples, que se tivessem condições de estudar fora talvez não estivessem vendo televisão. Nosso país é um país que tem um perfil de pessoas simples, modestas, a televisão é o principal companheiro, o grande amigo de todos os brasileiros. Todo mundo tem televisão. Então não existe mico, existe você ser popular, ser participativo, estar ao lado do telespectador. Você não pode ter preconceito, não pode escolher o que você vai fazer, agora, cada um tem o seu limite.  Nestes dias, por exemplo, a Ticiane Pinheiro dançou o quadradinho de oito aqui. A Ticiane Pinheiro, é bom que se diga, pode fazer isto, mas eu achei que não devia,  eu disse, meu limite é até aqui.  Se eu sou um cara que tenho pouco cabelo – eu não acho (risos) -, porque eu não posso fazer uma coisa de aplique, peruca, por que não? Então não é um mico, estou representando uma fatia de brasileiros que são os homens desprovidos de telhado (risos). O telespectador é simples , mas inteligente, ele sabe diferenciar quando estou brincando e quando estou falando sério.

Você se incomoda com os boatos sobre o fim do Programa da Tarde?

Isto é um dos exemplos de irresponsabilidade que existe no mercado jornalístico. A própria emissora, no dia seguinte, desmentiu esta informação que foi dada pela Folha de São Paulo. Nós temos acompanhamento com a direção da emissora, e a gente sabe que este programa está garantido. É um programa que a emissora faz questão de mostrar que está na grade, que quer algo que dê prestígio no horário da tarde. O Legendários muitos diziam que ia acabar e depois de um ano decolou, tem que ter paciência. Ficam fazendo a indústria do boato, o nosso jornalismo está cada vez mais amador, ninguém checa se a informação é verdadeira, ninguém ligou pra mim pra ver se a informação era verdadeira.

Você está escalado para apresentar A Fazenda 6?

Sou eu que estou escalado para apresentar A Fazenda 6. Foi combinado assim desde o final da Fazenda 5. Mas eu não sou o diretor artístico da emissora, eu não sou o dono da emissora, e como as coisas mudam muito rápido e os critérios de escalação dependem de critério subjetivos, eu diria que pode ser todo mundo. Afinal de conta, não são poucos os que gostariam de estar no meu lugar apresentando A Fazenda. A maioria dos apresentadores adoraria estar no meu lugar pela alta qualidade do programa e o reality é o máximo de profissionalismo. Mas, completando meu raciocínio, eu sou como o patinho feito, quando todo mundo se dá conta que os bonitões, os sarados não são suficientes, chamam o patinho feio pra resolver. Eu quero apresentar A Fazenda pela obsessão que eu tenho de dar conta do recado de novo.

Ainda existe rivalidade entre BBB e A Fazenda?

Não existe rivalidade entre A Fazenda e o BBB, existe a semelhança de formato.  Mas eu entendo as críticas de Boninho (diretor do BBB) fez no primeiro A Fazenda, porque quando a gente sente medo, a gente tenta desqualificar o adversário, o concorrente, tenta diminuir aquilo que está nos provocando aquela sensação de medo. Mas eu nunca tive nenhum problema com ele, muito pelo contrário, acho ele um grande diretor. Eu disse na época e reitero hoje, cada um tem que se preocupar 100% com seu programa. Eu não assisto Big Brother, não tenho o menor interesse, as poucas vezes que tentei assistir Big Brother, eu não consegui chegar até o fim, aquilo não me interessa. Eu quero ver o lado B dos artistas, como eles são, como acontece na Fazenda.

O que te incomoda hoje na TV?

Um exemplo que nem é da minha área. Sou contra colocar só ex-jogador pode comentar jogos na TV. Por quê? Tem que colocar quem entende do assunto, não quem tem mais fama no assunto. Eu não sou contra jogadores de futebol comentarem jogo, mas não pode ser só isto. A TV é um lugar dos profissionais da TV.

Recentemente você entrou em uma polêmica ao escrever em seu Twitter: “Chorão, Chávez… quem tem nome que começa com Ch tem que se cuidar hoje”. Você acha que a reação contra este tuíte foi exagerado?

Fui mal interpretado. Liguei a TV de manhã e estava acontecendo a notícia (da morte) do Chorão (vocalista do Charlie Brown Jr.) e no dia anterior era do (Hugo) Chávez (ex-presidente da Venezuela), escrevi no impulso. Não foi uma brincadeira, foi uma ironia que é um traço também do meu trabalho. Não foi para ofender, nem pra ser maledicente.

Qual o conselho que você dá ao jovem jornalista ou àquele que quer trabalhar na TV?

Os jovens têm que ler mais, ler mais jornal, se informar melhor.

Veja mais imagens de Britto Jr na galeria acima.


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'Não assisto BBB, as poucas vezes que tentei, não consegui chegar até o fim', diz o apresentador da Fazenda Britto Jr.